Jornalistas da AFP ouviram pelo menos 11 explosões em Kiev no início da tarde, enquanto a cidade se preparava para celebrar o Ano Novo. Já são mais de 10 meses de combates nas linhas de frente desde que a Rússia invadiu o país, a 24 de fevereiro.

Segundo o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, pelo menos uma pessoa morreu e 22 ficaram feridas nos bombardeamentos. A fachada do hotel Alfavito, no centro da cidade, foi destruída, deixando escombros espalhados na rua.

As calçadas próximas estavam cobertas de vidro de janelas partidas, incluindo as do Palácio Nacional das Artes.

O cineasta Yaroslav Mutenko, de 23 anos, morador do bairro, disse que estava a tomar banho para ir a uma festa de Ano Novo quando ouviu a explosão. O último bombardeamento russo não lhe tirou a vontade de ir.

"Nossos inimigos, os russos, podem destruir a nossa calma, mas não podem destruir o nosso espírito. Este ano é importante ter gente por perto", afirmou.

Após os bombardeamentos deste sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a "Ucrânia não vai perdoar" a Rússia e afirmou que "aqueles que ordenaram estes ataques, aqueles que os executaram, não serão indultados".

As autoridades ucranianas também relataram destruição e incêndios em Mykolaiv, no sul, onde pelo menos seis pessoas ficaram feridas. Em Khmelnitsky, no oeste, houve quatro feridos.

Segundo o chefe do Estado-maior ucraniano, Valerii Zaluzhnyi, as forças russas dispararam 20 mísseis cruzeiro, incluindo de bombardeiros no Mar Cáspio — 12 deles foram abatidos pelas defesas antiaéreas.

Após sofrer vários reveses militares no terreno, a Rússia optou, desde outubro, por bombardear as infraestruturas ucranianas, deixando milhões de pessoas sem luz em pleno inverno.

Ainda neste sábado, na sua mensagem de Ano Novo transmitida pela televisão, Vladimir Putin garantiu que a "justiça moral e histórica" estava "do lado" do seu país.

"Hoje lutamos por isso, protegendo o nosso povo nos nossos próprios territórios históricos, nas novas entidades constituintes da Federação Russa", acrescentou.

A Rússia assegurou em setembro ter anexado quatro territórios ucranianos que hoje controla pelo menos parcialmente, seguindo o padrão de anexação da península da Crimeia, em março de 2014.

O presidente russo também criticou a "verdadeira guerra de sanções que foi declarada" pelos ocidentais. "Aqueles que a lançaram esperavam a destruição total da nossa indústria, das nossas finanças e nosso do transporte. Isso não aconteceu", afirmou.

Putin acusou os Estados Unidos e a Europa de "usarem cinicamente a Ucrânia e o seu povo para enfraquecer e dividir a Rússia".

"O Ocidente mentia sobre a paz e preparava-se para a agressão. E hoje não se envergonha de admitir isso, em plena luz do dia", declarou o chefe de Estado russo.

Putin condecorou o comandante das forças russas na Ucrânia, Sergei Surovikin, e brindou com champanhe com soldados fardados, segundo imagens exibidas pela televisão pública.

Pouco antes do discurso de Putin, o seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, prometeu a seus soldados uma vitória "inevitável" na Ucrânia.

O seu Ministério anunciou no sábado a tomada do pequeno vilarejo de Dorojnianka, na região de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, uma das poucas conquistas reivindicadas, pois há poucas mudanças nas posições por causa do inverno.

Relatou também uma nova troca de prisioneiros com a Ucrânia, que envolveu a devolução de 82 militares russos.