“As parcerias da UE com países terceiros para aquisição coletiva de gás e hidrogénio podem melhorar a resiliência e fazer baixar os preços. A Comissão está pronta para criar uma ‘task force’ [grupo de trabalho] sobre compras comuns de gás a nível da UE”, anuncia o executivo comunitário em informação à imprensa europeia.
No dia em que divulga um pacote de medidas sobre o setor energético, numa altura em que os preços da luz e do gás batem máximos também impulsionados pelas tensões da guerra da Ucrânia devido à invasão russa, Bruxelas explica que o objetivo deste grupo de trabalho seria “reunir a procura” e, assim, “facilitar e reforçar o alcance internacional da UE junto dos fornecedores para ajudar a garantir importações a bom preço antes do próximo inverno”.
“A ‘task force’ seria apoiada por representantes dos Estados-membros num comité diretivo, [sendo que] uma equipa de negociação conjunta liderada pela Comissão realizaria conversações com os fornecedores de gás e prepararia também o terreno para futuras parcerias energéticas com fornecedores chave, olhando para além do GNL [gás natural liquefeito] e do gás”, explica a instituição.
Tal iniciativa, já solicitada por alguns Estados-membros dada a atual crise energética, seria “inspirada pela experiência da pandemia de covid-19, quando a ação ao nível da UE foi crucial para garantir um fornecimento suficiente de vacinas para todos”, destaca.
Vincando estar a “tomar medidas desde o verão passado para mitigar o impacto dos elevados preços da energia”, a Comissão Europeia adianta que “não existe uma resposta única e fácil”, nomeadamente relativamente à eletricidade, pelo que avaliará em maio como otimizar a conceção do mercado elétrico.
“É importante atacar as causas profundas dos atuais preços elevados da eletricidade, com uma ação coletiva europeia no mercado do gás”, conclui Bruxelas.
A proposta surge numa altura de aceso confronto armado na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a afetar o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.
Há duas semanas, a Comissão Europeia propôs a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, com aposta no GNL e nas energias renováveis, estimando reduzir, até final do ano, dois terços de importações de gás russo.
Na altura, a Comissão Europeia avançou também com orientações aos Estados-membros para responder à escalada dos preços energéticos.
Na reunião informal dos líderes europeus em Versalhes, também há duas semanas, os chefes de Governo e de Estado da UE mandaram a Comissão de apresentar, até final de março, propostas para “garantir segurança do abastecimento e preços energéticos acessíveis no próximo inverno”.
Hoje, Bruxelas propôs a obrigação mínima de 80% de armazenamento de gás na UE para o próximo inverno, até início de novembro, para garantir fornecimento energético, percentagem que deverá chegar aos 90% nos anos seguintes.
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