PSD “solidário” com discurso de Marcelo e diz que está “a criar alternativa forte”

O PSD manifestou-se hoje “solidário” com as preocupações sociais do discurso de tomada de posse do Presidente da República, e assegurou que está “a criar uma alternativa forte”, como tem pedido o chefe de Estado.

No final da tomada de posse para o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, foi o líder parlamentar do PSD, Adão Silva, e não o presidente do partido, Rui Rio, que comentou o discurso do chefe de Estado, na Assembleia da República.

“Queremos apresentar as nossas felicitações ao professor Marcelo Rebelo de Sousa, esperando que seja um mandato frutuoso para ele e para todos os portugueses”, afirmou, salientando que o PSD, partido que o atual Presidente da República liderou, está “particularmente feliz” com esta reeleição.

Sobre o discurso, Adão Silva quis acentuar a “dimensão social” da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.

“Ele falou de pandemias e não apenas da pandemia sanitária”, sublinhou, alertando para a “quebra brutal da atividade económica” e para o aumento do desemprego causados por esta pandemia.

Questionado se o PSD está disponível para protagonizar a alternativa forte que o chefe de Estado tem defendido, o líder parlamentar social-democrata salientou que tal já está a ser feito.

“O PSD está a criar essa alternativa forte, e de uma forma singular: quando o país precisou e se acentuou a pandemia, o PSD teve uma atitude de cooperação com o país”, disse.

Entretanto, acrescentou, “o PSD tem estado a criar esta alternativa, afirmando-se no processo das escolhas autárquicas e no processo que levará a eleições legislativas”.

“O PSD é um partido que tem a responsabilidade de ser um partido de Governo e, com a liderança de Rui Rio, está fortemente empenhado em criar a tal alternativa saudável, desejável para uma democracia adulta e decente como é a democracia portuguesa”, assegurou.

PS considera que Marcelo foi “muito claro” sobre cooperação institucional

O PS considerou hoje que o Presidente da República foi "muito claro" sobre cooperação institucional entre os diferentes poderes e na necessidade de o país estar focado no objetivo de vencer as crises sanitárias, económica e social.

Esta posição foi transmitida por Ana Catarina Mendes após o discurso de posse de Marcelo Rebelo de Sousa. "Julgo que o senhor Presidente da República foi muito claro sobre o que deve ser a cooperação institucional entre os vários poderes e foi muito claro sobre a necessidade de estarmos todos focados na necessidade de vencer as crises sanitária, social e económica dentro da diversidade dos programas políticos", sustentou a líder parlamentar do PS.

Confrontada com a defesa que o Presidente da República fez em relação à necessidade de que exista uma alternativa política forte em Portugal, Ana Catarina Mendes interpretou essa passagem do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa como uma referência ao ciclo de eleições que abrangerá o seu segundo mandato presidencial de cinco anos.

"O Presidente da República, como democrata que é, pôs em cima da mesa que será chefe de Estado nos próximos cinco anos, depois de eleições autárquicas, parlamentares e europeias. Ora, isso é cumprir a Constituição, garantindo sempre que a voz dos portugueses quando vota escolhe. Escolhe a composição da Assembleia da República, escolhe os seus autarcas e os seus representantes no Parlamento Europeu", salientou.

Ou seja, para a líder do Grupo Parlamentar do PS, neste ponto, "não houve um recado" qualquer recado do chefe de Estado.

"Tratou-se de cumprir a Constituição e de ser estruturalmente democracia, dizendo que em quaisquer circunstâncias respeitará a voz dos portugueses", sustentou.

Do discurso do Presidente da República, a líder parlamentar socialista destacou três pontos, começando por salientar que "a pandemia de covid-19 e o estado de emergência não podem suspender a democracia".

"Por isso, o apelo a que se aprofunde e democracia, a que se combatam os extremismos e as respostas fáceis populistas", referiu.

Como segundo ponto da intervenção do chefe de Estado, Ana Catarina Mendes apontou "a importância de se vencer a crise sanitária em que o país está mergulhado há um ano, conseguindo que o Serviço Nacional de Saúde continue a responder".

"E que as respostas da vacinação sejam positivas no sentido de que todos os portugueses possam descansar, vencendo-se a crise sanitária. O terceiro ponto - e não o menos importante - é mesmo a necessidade de se continuar após esta pandemia a perceber as desigualdades que se adensaram neste ano, colocando-se a tónica no reforço da coesão social e territorial", acrescentou a presidente do Grupo Parlamentar do PS.

CDS-PP elogia discurso “positivo, lúcido e oportuno” de Marcelo

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, classificou hoje o discurso de Marcelo como “positivo, lúcido e oportuno”, esperando que o Presidente da República seja “um ator central” nos próximos anos.

Em declarações aos jornalistas no parlamento no final da tomada de posse para o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente democrata-cristão começou por destacar o apelo à “solidariedade intergeracional” e ao “sentido patriótico”.

“É crucial, numa altura tão difícil, que Portugal saiba amar-se a si próprio e olhar para o futuro confiadamente”, disse.

Rodrigues dos Santos manifestou-se ainda satisfeito com “o papel central” que considera que o chefe de Estado terá nos próximos tempos “para desenvencilhar as dificuldades” que o país atravessa, bem como a tónica que colocou nas questões económicas e sociais.

“Por outro lado, evocou e bem a necessidade de os fundos europeus serem usados com eficiência e transparência, temos de afastar suspeitas de promiscuidade”, defendeu.

O líder do CDS-PP saudou ainda as referências ao combate à corrupção, à necessidade de “não deixar ninguém para trás”, incluindo os doentes não covid, e uma atenção especial aos mais vulneráveis e às novas gerações.

“Foi um excelente discurso do Presidente da República e espero que, no futuro, seja um ator central que ajude Portugal e os portugueses a ultrapassar a crise pandémica e a apadrinhar o regresso à normalidade”, desejou.

PCP respeita, mas aponta “omissões” a discurso

Já o PCP apontou hoje omissões no discurso de posse de Marcelo Rebelo de Sousa por não valorizar os trabalhadores, mas disse respeitar as suas posições.

Num comentário, no parlamento, ao discurso de Marcelo, o secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, afirmou que a “parte mais importante” da cerimónia de hoje foi “o juramento solene feito perante os portugueses” de “cumprir, defender e fazer respeitar a Constituição”.

Porque, justificou, um dos problemas do país é o não cumprimento da Constituição, e pode ser na lei fundamental que se podem encontrar respostas para a "situação económica e social" de Portugal, a braços com a crise causada pela pandemia de covid-19, desde há um ano.

"O grande desafio é encontrar na Lei Fundamental uma linha de rumo para ajudar o nosso pais a sair da situação em que se encontra neste momento", disse.

Jerónimo de Sousa apontou "omissões" no discurso de Marcelo, por ter falado de "descentralização" e não da regionalização", por ter falado das consequências sociais da crise, mas "não falou da valorização do trabalho e dos trabalhadores, particularmente dos seus salários".

Jerónimo secundarizou a questão da estabilidade política, levantada por Marcelo no seu discurso, e sublinhou que tão importante é a “estabilidade económica, social e na vida dos portugueses que precisam dessa estabilidade encontrar respostas aos problemas das suas vidas”.

Para o líder dos comunistas, a prioridade deve ser também o combate aos efeitos da pandemia.

“As sequelas deste surto epidémico são profundas e precisam de respostas tão prontas e tão urgente como algumas da que foram encontradas para a resposta à epidemia”, disse.

E desdramatizou o facto de a bancada do PCP ter-se levantado, mas não aplaudido, o discurso de Marcelo com “uma apreciação crítica” a algumas das suas posições, quer “na visão para o país” quer na política externa.

“Temos uma posição de respeito, mas não abdicamos do sentido sobre as palavras produzidas pelo senhor Presidente”, disse.

Bloco de Esquerda elogia discurso "interessante" de Marcelo

O Bloco de Esquerda (BE) fez hoje um elogio, apesar das diferenças ideológicas com Marcelo Rebelo de Sousa, ao discurso de posse para o segundo mandato como Presidente, na defesa de uma democracia que vive bem com a diversidade.

Minutos depois do discurso e da posse, na Assembleia da República, a coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou que foi um discurso “importante, bem pensado para este dia”, e “interessante”, apesar das “diferenças de opinião que são conhecidas” entre Marcelo e os bloquistas.

Sem nunca criticar diretamente o chefe do Estado, que hoje inicia um segundo mandato de cinco anos, a líder bloquista disse que acompanha o discurso do Presidente em “três pontos fundamentais”.

Em primeiro lugar, “a necessidade de Portugal ser uma democracia que vive bem e respeita a diversidade” da sua população.

Em segundo lugar, que são precisos “investimentos estruturais” porque eles são o que “podem reforçar o país” e, em terceiro lugar, que é necessária uma “absoluta responsabilidade política na resposta às maiores vítimas da crise, aqueles que mais sofrem com a pandemia sanitária e social”.

E por fim, afirmou, Marcelo “fez bem ao colocar as condições da democracia na estabilidade” do país.

PAN critica ausência de preocupação significativa com combate à corrupção

O PAN criticou hoje o Presidente da República por não ter apresentado "preocupação significativa" contra a corrupção no seu discurso de posse e disse esperar que o segundo mandato seja marcado por uma maior preocupação ambiental.

Esta análise ao discurso de posse do chefe de Estado foi feita pelo porta-voz do PAN, André Silva, em declarações aos jornalistas, depois de salientar "o número muito significativo" de portugueses que reelegeram Marcelo Rebelo de Sousa nas eleições presidenciais de janeiro.

"Neste discurso não constou uma preocupação significativa com as medidas necessárias de combate à corrupção e de promoção da transparência na aplicação de dinheiros europeus, nomeadamente os da chamada bazuca. Essa é uma prioridade fundamental para o PAN e para o país", referiu André Silva.

O porta-voz do PAN disse depois rever-se na preocupação do Presidente da República em relação aos jovens, mas neste ponto apontou que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou no seu primeiro mandato, em 2019, "a extensão do período experimental dos contratos de trabalho de 90 para 180 dias - uma medida do PS e PSD".

"Esperamos que o segundo mandato do Presidente da República seja marcado por uma preocupação ambiental e climática, áreas que estiveram praticamente ausentes no seu primeiro mandato", acrescentou André Silva.

PEV espera mandato marcado por “reforço substancial” do papel social do Estado

O deputado do PEV José Luís Ferreira espera que o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa seja marcado “por um reforço substancial nas funções sociais do Estado”, apontando que “isso também é” defender a Constituição.

“Os Verdes esperam que este mandato que agora se inicia seja marcado por um reforço substancial nas funções sociais do Estado, que esta crise pandémica veio comprovar ser absolutamente decisiva para o futuro que aí vem”, considerou José Luís Ferreira, deputado do PEV, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, onde hoje Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse para o seu segundo mandato.

Para José Luís Ferreira, “isso também é respeitar, defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, que é de facto a tarefa ou a responsabilidade mais nobre da presidência da República”.

O partido espera também “uma intervenção mais ativa” do chefe de estado “ao nível da denúncia dos problemas sociais, dos problemas que subsistem e que se agravaram face aquilo que estamos a viver, mas também aos novos problemas criados com esta crise pandémica que estamos a atravessar”.

“O que nós esperamos é um olhar mais atento sobre questões como a pobreza, como as desigualdades sociais entre os cidadãos, como as disparidades salariais que continuam a verificar-se entre homens e mulheres”, adiantou o deputado.

O líder parlamentar do PEV alertou igualmente para a importância dos “nossos valores ambientais, sobre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e encarar as alterações climáticas, de facto, como um combate sério e determinado”.

IL considera que há "distância" entre o que é dito e feito por Marcelo

O presidente da Iniciativa Liberal (IL) considerou hoje que há "uma distância" entre o que é dito e feito pelo Presidente da República e salientou que sempre teve "orgulho em Portugal", numa crítica ao presidente da Assembleia da República.

Em declarações aos jornalistas, no parlamento, no final da tomada de posse para o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, João Cotrim Figueiredo classificou o discurso do Presidente da República como "ecuménico, teve um pouco de tudo para todos", e defendeu que "poucos portugueses poderão discordar" das "cinco missões que elenca".

Ainda assim, o liberal defendeu que "como já várias vezes aconteceu com o senhor Presidente da República no primeiro mandato, parece continuar a haver uma distância entre aquilo que é dito e depois aquilo que é feito".

"O que nos preocupa é, tentado ouvir como eu tentei este discurso na posição de um português comum, o que é que poderá levar um português comum a confiar que o segundo mandato será mais exigente e poderá produzir resultados melhores para os portugueses comuns do que produziu o primeiro mandato", questionou o deputado.

"Gostávamos que muito mais do que um discurso que se reconhece que é ecuménico, que é abrangente, que é correto do ponto de vista dos princípios, defendendo por exemplo a necessidade de haver alternativas democráticas ao poder que está neste momento em funções, para além disso que tenha uma prática política que consiga fazer com que isso de facto se verifique", apelou João Cotrim Figueiredo, referindo não ter ficado "com essa certeza".

O liberal desejou também "todas as felicidades no segundo mandato" ao chefe de Estado, "porque as felicidades deles serão as felicidades dos portugueses".

Já no que toca à intervenção do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, João Cotrim Figueiredo apontou que "foi dito que o início do primeiro mandato deste Presidente da República coincidia com o retomar do orgulho dos portugueses por Portugal" e salientou que isso o "revoltou".

"Em nome e da IL, nós nunca deixámos de ter orgulho em Portugal, não foi com o primeiro mandato do senhor Presidente da República, nem foi com o início de funções do Governo de António Costa na altura que retomámos o orgulho de ser portugueses", destacou.

Na ótica do deputado, "essa forma de fazer política, de fazer atribuir valores de patriotismo e orgulho nacional ao exercício de poder por um partido", é "exatamente aquilo que o senhor Presidente da República neste segundo mandato tem que se opor".

O presidente da Assembleia da República considerou hoje que os cinco anos do primeiro mandato presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa foram "repletos de momentos marcantes", com os cidadãos a recuperarem o orgulho numa democracia "sem mordaças".

Chega lamenta palavras de Ferro e diz que Marcelo continuará a ser aliado de Costa

O Chega considerou hoje que o discurso do Presidente da República antevê que continuará provavelmente a ser “o principal aliado” do primeiro-ministro, lamentando a intervenção do Presidente da Assembleia da República por “atacar” o seu partido.

Na reação, nos passos perdidos do parlamento, ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, o deputado único e presidente do Chega, André Ventura, começou por saudar o Presidente da República pela sua eleição e pelo facto de “pretender ser um garante de estabilidade e uma referência para as lutas” que Portugal terá de travar.

“No entanto, notamos e esperamos que o Presidente da República tenha um mandato sensivelmente diferente daquele que foi o último mandato e não conseguimos perceber isso da dialética do discurso que nos trouxe hoje”, lamentou.

Para André Ventura, “nada do que Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje” vai no sentido vai no sentido de ser o protagonista que os portugueses esperam em termos orientação, sobretudo quando Portugal tem “um Governo completamente desorientado”.

“Vai no sentido de continuar a fazer uma afirmação de valores mais ou menos vazia, no sentido de continuar a defender um referencial de estabilidade que não sabemos o que é, e que, portanto, até pelo entusiasmo gerado na bancada socialista, se percebeu que Marcelo Rebelo de Sousa vai provavelmente continuar a ser o principal aliado de António Costa”, antecipou.

As palavras mais duras do deputado único do Chega foram, no entanto, para o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que no discurso da cerimónia defendeu que a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa como chefe de Estado foi a "demonstração do repúdio do extremismo".

“Eu queria lamentar o discurso de Ferro Rodrigues mais uma vez hoje nesta Assembleia da República, ao deixar uma série de insinuações, mais ou menos veladas, às novas forças políticas e em particular ao Chega”, criticou.

Para André Ventura, “não é o presidente da Assembleia da República que certamente derrotará qualquer movimento político seja ele novo ou velho”, mas sim os portugueses.

“A tentativa de decapitar, de silenciar e de afastar protagonistas políticos porque não gosta deles é uma tentativa que é contrária aos próprios valores do discurso que teve. queria lamentar muito que tenha aproveitado mais uma vez para atacar o Chega, o André Ventura e os novos protagonistas políticos”, condenou.