O rei, de 74 anos, e a rainha, de 75, chegaram à Abadia de Westminster após uma breve procissão de carruagem a partir do Palácio de Buckingham. E, apesar da chuva persistente, milhares de pessoas aglomeraram-se ao longo do percurso para saudar o casal real.

Embora o rei desejasse uma cerimónia mais moderna e simples que a da mãe, nomeadamente num momento de agravamento do custo de vida, a coroação seguiu um ritual que praticamente não muda há mil anos, único entre as monarquias europeias, e  Carlos III e Camilla entraram na abadia de forma solene, vestidos com as capas cerimoniais.

Serão utilizadas três coroas cravejadas de diamantes e pedras preciosas, diversas vestimentas antigas bordadas com ouro que o rei usará nas diferentes fases da cerimónia, três ceptros e um par de esporas de ouro.

Numa espécie de aceno às preocupações modernas, o óleo da unção será vegano (não tem origem animal e com jasmim, mirra e canela), embora consagrado como a tradição exige na Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, onde os cristãos acreditam que Jesus foi enterrado.

Coroação de Carlos III
Britain's King Charles III kisses the Holy Bible during his coronation at Westminster Abbey, in central London on May 6, 2023. - The set-piece coronation is the first in Britain in 70 years, and only the second in history to be televised. Charles will be the 40th reigning monarch to be crowned at the central London church since King William I in 1066. Outside the UK, he is also king of 14 other Commonwealth countries, including Australia, Canada and New Zealand. Camilla, his second wife, will be crowned queen alongside him and be known as Queen Camilla after the ceremony. (Photo by Richard POHLE / POOL / AFP)

Na parte considerada a mais sagrada da cerimônia, o arcebispo de Canterbury, líder espiritual da Igreja da Inglaterra, da qual o rei é o líder máximo, ungirá as mãos, o peito e a cabeça de Carlos III e Camilla, escondidos da visão de todos por uma tela.

Antes, o monarca será apresentado aos convidados, que o reconhecerão com saudações. E com a mão na Bíblia, prestará juramento.

A parte central da cerimónia acontecerá quando o arcebispo Justin Welby colocar sobre a cabeça de Carlos III a coroa de Santo Eduardo, que só é utilizada no momento da coroação.

Em substituição à tradicional homenagem dos aristocratas, o arcebispo convidará todas as pessoas, de onde estiverem a assistir ou a escutar a cerimónia, a jurar lealdade ao novo rei, uma novidade histórica que busca a democratização da cerimónia, mas que provocou fortes críticas.

Acompanhados por milhares de militares e membros da realeza, os monarcas retornarão depois a uma nova procissão até ao Palácio de Buckingham, onde, ao lado da família, irão à varanda acenar à multidão. Harry não deverá aparecer à varanda, a não ser que a família decida um gesto de reconciliação com o príncipe, que fez duras críticas à monarquia, em particular contra a rainha Camilla e o irmão William, o herdeiro do trono.

Quase 2.300 convidados compareceram à Abadia de Westminster, incluindo a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, os reis Felipe VI e Letizia da Espanha, além de centenas de representantes da sociedade civil britânica. Harry, 38 anos, filho mais novo de Carlos e em divergências com a família real, compareceu também à coroação sem a mulher, a americana Meghan Markle, que ficou na Califórnia com os dois filhos.