O sismo de magnitude 6.9 na escala de Richter que foi registado, esta sexta-feira à noite, em Marrocos. O balanço provisório  subiu para 1.305 mortos e 1.832 feridos, dos quais 1.220 em estado grave, anunciou hoje o Ministério do Interior marroquino.

Dos 300 portugueses que se sabe que estão em Marrocos, nenhum português se encontra entre os falecidos, mas o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Joao Gomes Cravinho, revelou hoje que há dois feridos portugueses, um pai e uma criança, na sequência do sismo registado sexta-feira em Marrocos. Um avião da Força Aérea Portuguesa partirá ainda esta tarde para o país para repatriar 75 cidadãos portugueses.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos da América, que regista a atividade sísmica em todo o mundo, o abalo ocorreu às 23:11 de sexta-feira. O epicentro foi na localidade de Ighil, situada 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe. O terramoto ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilómetros, de acordo com a mesma fonte.
O sismo foi sentido em várias regiões de Portugal, confirmou hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Em comunicado, o IPMA disse que o sismo foi sentido com intensidade máxima III/IV, na escala de Mercalli modificada, nos concelhos de Castro Marim, Faro, Loulé, Portimão, Vila Real de Santo António (Faro), Cascais, Lisboa, Torres Vedras, Vila Franca de Xira (Lisboa), Almada, Setúbal e Sines (Setúbal).

O sismo marroquino deu aso à discussão da preparação de Portugal para uma situação semelhante. O SAPO24 recuperou uma conversa com vários peritos por altura do sismo da Túrquia, quando uma das questões mais discutidas foi precisamente a de a maioria dos edifícios em Portugal ter sido construída antes da atual lei de proteção contra sismos. Embora tenha saído em 1983, há um tempo entre uma lei sair e aparecerem novos edifícios, pelo que se considera a data de 1990, como explicou na altura Carlos Sousa Oliveira, professor do Instituto Superior Técnico (IST), na área da Mecânica Estrutural e Engenharia Sísmica, ao Público.

Se se olhar para os dados dos Censos 2021 percebe-se que, na Área Metropolitana de Lisboa, aproximadamente 68% dos edifícios foram construídos antes de 1990. No Algarve, cerca de 60% dos edifícios foram construídos nesse mesmo período. E, se se analisarem os dados do país inteiro, percebe-se que aproximadamente 67% dos edifícios em Portugal foram construídos antes de 1990.

Portanto, sim, a maioria dos edifícios em Portugal foi construída antes da lei de proteção sísmica. Isto faz com que o país esteja sujeito a vulnerabilidades estruturais, como foi revelado pelo LNEC. Mas já foram estabelecidas algumas regras para avaliar a vulnerabilidade sísmica de alguns edifícios.

*Com Lusa