Na sexta-feira, o ex-primeiro-ministro José Sócrates foi despronunciado dos três crimes de corrupção passiva de que estava acusado, mas ficou indiciado por branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Na tarde que marcou mais um passo na Operação Marquês, o juiz Ivo Rosa fez a leitura da decisão instrutória e o país ficou a saber que apenas 17 dos 189 crimes do processo vão a julgamento.
A decisão originou diferentes formas de protesto ao longo do fim de semana. No sábado, surgiu na internet uma petição que pede o "afastamento do juiz Ivo Rosa de toda a magistratura face à sua parcialidade e consecutivos erros judiciais lesivos ao Estado e à Nação Portuguesa". À hora a que este texto é publicado, a petição conta já com mais de 153 mil assinaturas.
Hoje, a questão da justiça e da corrupção correu as ruas de Viseu e Lisboa, através de um "buzinão de revolta". No norte, um desfile em marcha lenta, com mais de 100 automóveis, serviu como manifestação "contra a podridão social e corrupção". Na capital, a PSP confirmou o mesmo episódio, marcado pelas redes sociais a partir das 15:00 e que se fez sentir uma hora depois.
A ideia foi começando a ser partilhada na internet e, "de repente, engrossou". As cidades do Porto e Aveiro também estavam convocadas, mas as autoridades não registaram qualquer movimentação.
"É altura de o Governo dar atenção ao combate à corrupção, ao crime do colarinho branco e à criminalidade económica e financeira, porque é isto que tem empenhado ano após ano o nosso futuro e que não nos deixa sair desta podridão em que nos encontramos", defendeu um dos organizadores do evento.
Entre os manifestantes circulou um manifesto que citava o julgamento de José Sócrates, cujo "resultado se lamenta para a justiça e para todos os portugueses", e, por isso, o texto refere que "urge torná-la mais rápida, eficiente e eficaz em todas as suas fases, pois pior que a corrupção económico-financeira, só mesmo a corrupção moral".
"Urge também acabar com a promiscuidade entre o poder executivo e o poder judicial, entre o governo e os tribunais, entre os políticos e os juízes", lê-se no documento que defende que "todas estas polémicas com a justiça, com estes processos mediáticos seguem o mesmo padrão: arquivamento, prescrições, inquéritos prolongados e julgamentos exageradamente lentos".
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