A apresentação formal dos resultados está prevista para domingo, no 32º Simpósio EORTC-NCI-AACR sobre terapêutica do cancro, a realizar em Barcelona e que devido à pandemia de covid-19 irá decorrer de forma virtual durante o fim de semana.

A vacina foi criada para apontar a um gene denominado KRAS, que está relacionado com o desenvolvimento de muitos tipos de cancro, incluindo os do pulmão, intestino e pâncreas.

O estudo da vacina foi realizado por Rachel Ambler, uma investigadora de pós-doutoramento, e outros investigadores no Instituto Francis Crick.

“Sabemos que se o gene KRAS falha impede as células de se multiplicarem e converterem em cancerígenas. Mais recentemente, aprendemos que, com a ajuda adequada, o sistema imunitário pode ser capaz de atrasar esse processo”, avançou Ambler num comunicado divulgado pela organização do congresso.

“Queríamos ver se podíamos usar este conhecimento para criar uma vacina contra o cancro que pudesse ser usada não apenas para o tratar, mas também para proporcionar proteção duradoura contra a doença e com efeitos secundários mínimos”, acrescentou a especialista.

Os investigadores criaram um conjunto de vacinas que conseguem suscitar uma resposta imune contra a maioria das mutações KRAS mais comuns.

As vacinas são compostas por dois elementos unidos, um fragmento da proteína produzida pelas células do cancro que têm o gene KRAS mutado e um anticorpo que ajuda a que a vacina chegue a um tipo de célula do sistema imunitário denominada dendrítica, que ajuda o sistema a destruir células cancerígenas, uma capacidade que as vacinas podem reforçar.

Os investigadores testaram a vacina em ratinhos que tinham tumores do pulmão e em outros aos quais foi induzido o crescimento de tumores.

Estudaram os ratinhos para verem se os seus sistemas imunitários respondiam à vacina e também observaram se os tumores se reduziam ou não chegavam sequer a formar-se.

Nos animais com tumores, cerca de 65% dos tratados com a vacina continuaram vivos 75 dias depois, em comparação com 15% dos que não a tinham recebido.

Nos ratos tratados para induzir tumores, cerca de 40% dos vacinados continuavam livres de tumores 150 dias depois, em comparação com apenas 5% dos não vacinados.

Ao vacinar os ratinhos, os investigadores descobriram que o surgimento de tumores se retardava, em média, 40 dias.

“Quando usamos a vacina como tratamento, vimos que retardava o crescimento de tumores em ratinhos. E quando a usamos como uma medida de prevenção, vimos que não apareciam tumores durante bastante tempo e que, em muitos casos, não chegavam a aparecer nunca”, resumiu Ambler.

Alguns ensaios anteriores de vacinas contra o cancro falharam, segundo a investigadora, porque não foram capazes de criar uma resposta suficientemente forte do sistema imunitário que conseguisse alcançar e destruir células cancerígenas.

“Esta investigação tem muito caminho a percorrer antes de poder ajudar a prevenir e tratar o cancro em pessoas, mas os nossos resultados sugerem que o desenvolvimento da vacina criou uma resposta forte nos ratinhos, com muito poucos efeitos secundários”, concluiu.

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