“Está a aumentar o número de detidos que estamos a registar. São mais de 400 a nível nacional”, anunciou o diretor da organização não-governamental Foro Penal Venezuelano, Gonzalo Himiob, através da sua conta no Twitter.

Segundo o responsável, foram detidos manifestantes em Caracas e nos estados de Nova Esparta, Táchira, Carabobo, Miranda, Anzoátegui, Bolívar, Arágua, Barinas, Cojedes, Monágas e Zúlia.

As rádios locais dão conta que na noite de quarta-feira (manhã de hoje em Lisboa) as autoridades terão detido um número indeterminado de pessoas que tomaram as ruas do município Santo António de Los Altos (sul de Caracas), em protesto pela repressão policial contra manifestantes opositores.

Os manifestantes colocaram barricadas e atacaram vários funcionários da GNB. No Twitter, muitos divulgaram uma foto de um tanque militar incendiado por manifestantes.

Uma mulher de 23 anos morreu esta quarta-feira no Estado venezuelano de Táchira (oeste), próximo de onde decorria uma manifestação contra o Governo, que se tornou violenta, relataram testemunhas, mas as autoridades ainda não esclareceram as circunstâncias da morte.

A jovem foi a segunda vítima mortal da violência ocorrida durante protestos convocados em toda a Venezuela pela Mesa para a União Democrática (MUD, oposição), depois de um rapaz de 17 anos ter sido baleado na cabeça, na capital venezuelana.

A Venezuela foi esta quarta-feira palco de manifestações de opositores e apoiantes do regime venezuelano, no dia do 207.º aniversário da ‘revolução' de 1810, que levou à independência do país.

A intenção dos opositores do Presidente, Nicolas Maduro, era realizar a "mãe de todas as marchas", em todos os 24 estados do país.

A mobilização convocada para o centro de Caracas foi uma dos 26 protestos promovidos pela oposição na capital com o objetivo de se juntarem numa grande marcha, que se dirigiria à sede principal da Defensoria del Pueblo, uma espécie de procuradoria popular, localizada perto do local dos acontecimentos.

Antecipando o protesto, o Presidente ordenou às Forças Armadas Bolivarianas (FAB) que se dispersem por todo o país e anunciou que aprovou um plano para aumentar para 500.000 os membros da Milícia Bolivariana que, armados, serão enviados "em defesa da moral, da honra, do compromisso com a pátria".

Em paralelo, o Governo anunciou uma "marcha histórica", em Caracas, para assinalar o aniversário da ‘revolução'.

Desde o início de abril, uma onda de manifestações foi marcada por violentos confrontos com a polícia que fizeram pelo menos seis mortos e centenas de feridos.