“A Venezuela é um país livre, soberano, independente e democrático, que não aceita, nem jamais aceitará, tutela alguma de nenhum governo estrangeiro”, refere um comunicado do Ministério de Relações Exteriores venezuelano.

Segundo o documento, “a política dos EUA em relação à Venezuela perdeu o rumo completamente” e divagou na última semana entre contradições, “desde a extorsão e a ameaça à divulgação de recompensas pela detenção de funcionários venezuelanos à ridícula declaração de um acordo para a instalação de um governo de transição inconstitucional”.

Os Estados Unidos apresentaram um Plano de Transição Democrática para a Venezuela que prevê que o Presidente eleito, Nicolás Maduro, e o autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, se afastem para permitir que um Conselho de Estado Plural prepare a realização de eleições presidenciais nos próximos meses, tendo como contrapartida o fim das sanções económicas internacionais contra o regime de Caracas.

Caracas diz ser curioso que no acordo tenham decidido “tirar a cadeira” a Juan Guaidó, “deputado que ilegalmente se autoproclamou presidente interino”, escolhido pelos EUA “como ponta de lança de uma estratégia golpista e que tem cumprido a pés juntos as ordens ditadas desde Washington”.

Para a diplomacia venezuelana, as ações do Presidente dos EUA, Donald Trump, contra Caracas “são infelizes e tentam obter vantagens geopolíticas no meio da mais aterradora pandemia global”, a covid-19.

“É precisamente a administração de Trump que se deve afastar, levantando as medidas coercitivas unilaterais [sanções] que até os seus legisladores reconhecem que impedem a Venezuela” de adquirir equipamentos parara enfrentar a covid-19”, adianta o comunicado, considerando que “já é tempo de [os EUA] abandonarem a fracassada estratégia de uma mudança de governo pela força na Venezuela”.

Segundo o comunicadom “a Venezuela permanecerá incólume perante qualquer agressão e unida na defesa da sua soberania e independência”.

Já a maioria parlamentar da oposição venezuelana aprovou hoje a proposta dos Estados Unidos, numa sessão em que o líder opositor, Juan Guaidó, instou o Presidente do país, Nicolás Maduro, a ouvir as sugestões e recomendações de Washington.

Na semana passada, Juan Guaidó propôs a criação de um governo de emergência para responder à crise humanitária no país que considera estar a agravar-se devido à covid-19.

No final de 2019, o presidente do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, anunciou a criação de um Conselho de Estado Plural, com representantes das várias fações políticas, incluindo o Governo liderado por Nicolás Maduro, destinado a organizar novas eleições presidenciais em 2020.

A crise política, económica e social, venezuelana, agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino da Venezuela, até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Cerca de 60 países, incluindo Portugal, reconhecem a legitimidade do autointitulado Presidente interino, Juan Guaidó, e pedem novas eleições na sequência de uma crise política provocada pelas eleições presidenciais de 2018, em que Maduro saiu vencedor sob críticas de falta de transparência por parte da oposição.

Hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português manifestou hoje satisfação com o Plano de Transição Democrática que foi proposto pelos EUA para a Venezuela, visando a preparação de eleições presidenciais.