Em entrevista à agência Lusa, na quinta-feira, André Ventura afirmou que a negociação que culminou na viabilização do novo Governo Regional dos Açores (PSD, CDS e PPM) foi um “processo de avanços e recuos”.
“O PPM creio que teve 2% dos votos, ou alguma coisa parecida. Nós tivemos quase 6%. Quem deveria estar no Governo seríamos nós, mas nós não quisemos”, salientou.
Ventura rejeitou, por outro lado, que o apoio dado à formação do novo executivo regional açoriano tenha significado uma "muleta".
“Eu acho que o Chega não foi muleta de ninguém”, defendeu, apontando que o partido “disse que não cedia se não houvesse uma convergência em alguns pontos, e que não ia para o Governo”.
O presidente do Chega acrescentou que “não aceitaria que nenhum dos eleitos no Chega Açores participasse neste governo, por várias razões” e que deu indicações aos dirigentes regionais para que tal não acontecesse.
Na ótica de Ventura, o Chega apenas tinhas duas opções: votar contra o governo do PS, o que “nunca permitiria”, ou viabilizar um governo à direita, “com condições”.
“Isto pode acontecer aqui na República? Poder, pode”, admitiu, advogando porém que serão necessárias “reformas mais profundas, quer a nível da justiça, quer a nível do sistema político, quer do sistema fiscal”.
“Nós só aceitaremos viabilizar um governo à direita aqui se essas condições forem asseguradas, e se não forem, votaremos contra”, salientou, admitindo que se assim não for “as pessoas vão dizer” que “o antissistema tornou-se numa distribuição de lugares do sistema”.
Em setembro, na II Convenção Nacional do partido, André Ventura tinha prometido rejeitar coligações com outros partidos enquanto fosse líder do Chega.
“Como presidente eleito do Chega, com a legitimidade que me dá a eleição por 99% dos militantes de todo o país deste partido, eu quero dizer uma coisa: enquanto eu me sentar naquela cadeira ali do meio - coligações nem vê-las!”, prometeu.
Nesta entrevista à Lusa, o também candidato a Belém defendeu a realização de eleições legislativas “a breve prazo”.
Dando o exemplo da aprovação do Orçamento do Estado, o candidato considerou que um Presidente da República “nunca deve permitir que o Governo já em queda perca o apoio de um dos seus parceiros à esquerda, o Bloco de Esquerda, e ande a pescar apoios”.
Na opinião de André Ventura, Marcelo Rebelo de Sousa tem de “parar e pensar que legitimidade ainda tem este Governo, que condições tem para governar”, mas o atual chefe de Estado “quer tudo menos eleições, primeiro porque o Chega ia crescer muito, portanto para ele isso é um problema”.
"Segundo porque ia criar instabilidade no quadro parlamentar, e ele é quem mais é penalizado com isso, porque ele quer aparecer como árbitro, mas todos conhecemos Marcelo Rebelo de Sousa, ele é o árbitro do país onde não há problemas. Quando começa a aparecer algum problema, Marcelo Rebelo de Sousa é o árbitro que desaparece", acrescentou.
André Ventura defendeu, então, ser "preciso um Presidente não tenha medo de enfrentar problemas, de dar um murro na mesa, de dizer que basta, que chega".
No passado dia 25 de outubro, o PS venceu as eleições legislativas regionais naquele arquipélago mas perdeu a maioria absoluta.
O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP, com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal e PAN um cada.
Na semana passada, o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, foi indigitado presidente do Governo Regional, depois de ter sido anunciado um acordo de governação entre PSD, CDS-PP e PPM e acordos de incidência parlamentar com o Chega e o Iniciativa Liberal.
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