Amanhã, o silêncio. Este sábado entraremos num limbo: a campanha acabou, ninguém fala do assunto.

5 de outubro, dia da Implantação da República. Não haverá discursos. Já não ia haver, mas o luto nacional, decretado após a morte de Freitas do Amaral, cujas exéquias fúnebres se realizam também este sábado.

Assim, é tempo de refletir. A lei obriga a um dia sem campanha, sem perturbações. O povo não se pode distrair e deve guardar o sábado anterior à votação para ponderar as vontades: e escolher.

Não querendo interferir de modo algum nesse processo de reflexão, pus-me antes a fazer um apanhado de trabalhos que merecem a leitura neste dia que vai ser de algum silêncio mediático.

Comecemos por uma viagem a Lampedusa, Itália, pela mão de Ana França e da equipa de multimédia do ‘Expresso’.

“Nestes barcos chegam fantasmas” é um retrato da pequena ilha fundeada a meio caminho entre África e a Europa. Este trabalho mostra-nos que o mundo é sobretudo cinzento — e não preto e branco, como às vezes os media parecem mostrar.

Contando a história de uma ilha que, apesar dos seus problemas (falta um hospital, uma melhor escola, acessibilidades), continua a ser a porta de entrada de milhares de refugiados — que, mal ou bem, vai acolhendo, entre a desconfiança e a empatia.

Empatia. Há um par de semanas pude conhecer, aqui no Porto, Jessica Lynn. Ouvi com atenção uma vida que em todo o lado podia gritar derrota — mas Jessica conseguiu tornar o inferno em vitória.

A história chega-nos do ‘JornalismoPortoNet’ (JPN), o jornal do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto. João Couraceiro e Isabella Rabassi puseram-se à conversa com ela para contar as vidas que teve, em "O meu problema não é ser transgénero. É a sociedade não me aceitar como tal".

Nasceu no corpo de um homem, casou, teve três filhos. Hoje, é mulher. Pelo caminho, porém, perdeu amores. Tentou a morte mais de uma dúzia de vezes. Até fazer a mudança e finalmente ter chegado aonde sabia pertencer. Foi a metamorfose.

As lagartas eram um dos animais preferidos de Jessica quando jovem, precisamente pela capacidade de transformação.

É delas que nos fala o ‘Público’: "Borboletas, a biodiversidade a voar pelos ares" é uma reportagem, de Claudia Carvalho Silva, com infografia da equipa de multimédia daquele diário.

A importância destes insetos na cadeia ambiental é-nos contada através de belíssimas ilustrações e vídeos, a cargo de Cátia Mendonça, Francisco Lopes, Gabriela Gómez, José Alves e Valter Oliveira.

Apesar de pequenas, as borboletas são particularmente sensíveis às alterações climáticas e um excelente indicador da qualidade dos habitats naturais e da diversidade: mas estão a desaparecer.

Ficam, assim, dadas três sugestões para este sábado de reflexão. No domingo, estamos de volta com o bulício eleitoral. Aqui no SAPO24, vamos acompanhar ao longo de todo o dia “desde a abertura das urnas até ao fecho, do primeiro ao último voto, desde a comunicação das primeiras projeções às reações, sem esquecer a análise do que isso significa para o futuro político do país”.

Vamos estar ao minuto desde o arranque do dia e em direto a partir das 19h30, numa emissão online.

Feitas as sugestões, resta-me desejar uma ótima reflexão (sobre as eleições, mas também sobre a República que amanhã se comemora). Eu sou o Pedro Soares Botelho e hoje o dia foi assim.

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