"Hoje estou feliz, porque o papa acreditou em mim", disse James Grein em comunicado hoje divulgado pelo seu advogado.

James Grein, filho de um amigo de McCarrick, que testemunhou em dezembro perante um investigador nomeado pelo Vaticano, disse que, embora não possa recuperar a sua infância, hoje está feliz por terem acreditado nas suas palavras, acusando McCarrick de abusar sexualmente dele durante duas décadas, a partir dos 11 anos, inclusive durante a confissão.

Na declaração, James Grein disse esperar que McCarrick não seja mais capaz de usar o poder da "igreja de Jesus para manipular famílias e abusar sexualmente de crianças", e que "é hora de limpar a igreja".

A Congregação para a Doutrina da Fé expulsou hoje do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington Theodore McCarrick, depois de este ser acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas, anunciou o Vaticano.

Num comunicado, o gabinete de imprensa da Santa Sé afirma que a decisão da Congregação para a Doutrina da Fé surge na sequência de uma investigação ordenada pelo papa Francisco sobre o caso.

O papa já tinha afastado o arcebispo norte-americano do Colégio Cardinalício e tinha-lhe ordenado que permanecesse afastado de funções e recolhido até que se decidisse, num julgamento canónico, a veracidade das acusações de abusos sexuais de que era alvo.

A Congregação para a Doutrina da Fé considera McCarrick culpado de acusações sexuais de menores e adultos com a agravante de abusos de poder e por isso impôs-lhe a redução ao estado laico, refere o comunicado hoje divulgado.

"O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, de acordo com a lei, desta decisão, que faz com que o caso esteja resolvido, ou seja, não suscetível de recurso", adianta.

A redução ao estado laico prevê que não se possa administrar sacramentos, vestir-se como um sacerdote e receber qualquer tipo de salário.

McCarrick, de 88 anos, e arcebispo de Washington entre 2000 e 2006, foi acusado de abusar sexualmente de menores e de comportamentos indevidos com jovens sacerdotes.

Em 20 de julho, um homem rompeu o silêncio depois de 40 anos e assegurou ao jornal norte-americano The New York Times que o ex-cardeal tinha abusado dele quando era menor de idade, uma situação que presumivelmente se terá prolongado durante duas décadas.

A decisão da Congregação para a Doutrina da Fé surge poucos dias antes da realização no Vaticano de uma cimeira histórica contra os abusos de menores com a participação de religiosos que foi convocada por Jorge Bergoglio para 21 e 24 de fevereiro.

McCarrick (Nova Iorque, 1930) foi ordenado cardeal por João Paulo II e participou no conclave de abril de 2005 que elegeu o pontífice Bento XVI.

A perda do 'barrete cardinalício' só teve um único precedente na história da Igreja católica, designadamente em 13 de setembro de 1927 e não estava relacionada com os abusos sexuais, quando o cardeal Louis Billot que tinha apoiado o movimento antifascista e antissemita "Action Française", foi condenado por Pío XI e depois de ser recebido pelo Papa deixou o cargo.

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