Fontes do gabinete de Ursula von der Leyen e do PPE indicaram à Lusa que, uma vez que termina a 21 de fevereiro o prazo para anunciar candidaturas à figura de ‘Spitzenkandidat’ da família europeia de centro-direita, a responsável vai fazer o anúncio muito perto dessa data.
As mesmas fontes referiram que existe alguma certeza de que a atual líder da Comissão avançará e a data apontada é 19 de fevereiro, dia em que se reúne em Berlim a liderança do partido alemão União Democrata-Cristã (CDU), a que pertence von der Leyen.
É nessa ocasião que se espera que a CDU aprove oficialmente a sua nomeação como candidata principal de centro-direita às eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para 6 a 9 de junho de 2024, de acordo com as mesmas fontes.
Entre os funcionários mais próximos da líder do executivo comunitário, a perceção é a de que von der Leyen “ainda não está cansada”, mesmo depois de neste mandato à frente da instituição ter lidado com crises relacionadas com a pandemia de covid-19, a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e o reacender do conflito do Médio Oriente, após o ataque do grupo islamita Hamas a Israel.
Rejeitando outros cargos para Von der Leyen comentados recentemente, como a de chefe da diplomacia da UE ou de secretária-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), as mesmas fontes disseram à Lusa que o seu interesse entre altos cargos ao nível europeu se resume ao atual, de presidente da Comissão Europeia.
Depois de se apresentar como candidata a ‘Spitzenkandidat’ do PPE, Ursula von der Leyen deverá ser confirmada como cabeça de lista na cimeira do grupo político, marcada para 6 e 7 de março, na capital romena, em Bucareste.
“Deverá avançar apenas ela porque outra pessoa não teria o mínimo de hipóteses” como ‘Spitzenkandidat’ do PPE, indicou fonte partidária.
O aval oficial, em março, deverá ser apenas uma formalidade.
Outros possíveis nomes, como o da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, são excluídos desta equação, dadas as ambições já manifestadas por esta outra responsável em cumprir mais meio mandato (de dois anos e meio) à frente da assembleia europeia, de acordo com fontes do PPE.
Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu, em novembro de 2019, com 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções, numa decisão que é tomada por maioria simples.
Além de a distribuição dos altos cargos europeus depender do resultado das eleições europeias, uma eventual recandidatura de Ursula von der Leyen (que sucedeu a Jean-Claude Juncker) poderá ser dificultada pela fragmentação das bancadas políticas no novo Parlamento Europeu, pós-junho de 2024, dado a necessária ‘luz verde’ por maioria.
Atualmente, o Parlamento Europeu é composto por sete grupos políticos, sendo o PPE o maior deles, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), a bancada do Partido dos Socialistas Europeus (PES, na sigla inglesa).
Em meados de janeiro, o PES anunciou que o atual comissário europeu luxemburguês do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit, é candidato (até agora único) a ‘Spitzenkandidat’ da família política nas eleições europeias de junho.
Schmit, o primeiro ‘Spitzenkandidat’ a entrar oficialmente na ‘corrida’, foi apresentado pelos socialistas luxemburgueses do LSAP e tem o apoio de todos os partidos que integram esta família europeia, devendo ter aval no congresso do PES, marcado para 2 de março em Roma.
A figura dos candidatos principais — no termo alemão ‘Spitzenkandidat’ — surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão Europeia.
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