"A Liga dos Campeões sempre foi aquela coisa pela qual nós nos esforçamos, mas mesmo na noite de ontem eu estava relaxado. Estava a aceitar que íamos perder. Eu tenho uma vida para viver, pensava. Agora, porém, sinto uma satisfação que nunca senti antes”, estas foram as palavras de felicidade de Sir. Alex Ferguson momentos depois de ter conquistado a Liga dos Campeões em 1999, depois do Manchester United ter derrotado o Bayern Munique com dois golos no tempo de descontos que ficaram para história e deram o troféu aos Red Devils.
Essa foi a primeira ‘orelhuda’ de Ferguson, que viria, 9 anos depois, a erguer o mesmo troféu, numa final contra o Chelsea decidida nas grandes penalidades. Não é para todos. O taça que premeia o campeão europeu de clubes é algo que qualquer treinador e jogador ambiciona. E se, por exemplo, Ferguson pôde coroar a sua era e o palmarés dos seus pupilos com dois títulos europeus, o mesmo não se pode dizer de outros jogadores.
Não é uma equação, não é matemática. É futebol. Ser um dos melhores jogadores de sempre não significa ganhar a Liga dos Campeões. Pode sim, significar que ela está a um palmo de distância, mas por vezes um palmo pode parecer quilómetros. A edição online da Four Four Two fez uma lista de 12 jogadores que nunca tiveram o prazer de viver o “conto de fadas” que é o momento a seguir ao apito final e em que o mítico troféu vai parar às suas mãos:
Phillip Cocu
O atual treinador do PSV tem 79 presenças na liga milionária, divididas entre o clube holandês e o Barcelona.
Cocu deixou o Camp Nou em 2003/04 para regressar à Holanda, pouco tempo antes da era dominante dos catalães na Europa — venceriam a Liga dos Campeões em 2005/06. Foi tudo uma questão de timing, algo que se vai notar como um fator constante nesta lista.
Patrick Vieira
À semelhança de Cocu, Vieira é um jogador com um registo alargado de presenças na Champions: 76 no total, divididas entre Arsenal, Juventus e Inter.
No entanto, pode dizer-se que o antigo internacional francês teve muito mau timing (lá está). Patrick Vieira saiu de Londres um ano antes da equipa de Arsène Wenger ter alcançado a final de 2006 e saiu do Inter, em 2010, em janeiro, poucos meses antes dos então comandados por José Mourinho ter vencido o troféu.
Fabio Cannavaro
Bola de Ouro em 2006, Cannavaro foi o homem que capitaneou Itália na conquista do Campeonato do Mundo, mas a quem sempre fugiu a medalha de campeão europeu, embora tenha integrado as fileiras do Parma, nos seus anos dourados, e de clubes como Juventus, Inter e Real Madrid.
Cesc Fabrégas
Tem 96 presenças na maior competição de clubes da Europa, mas a Liga dos Campeões fugiu-lhe sempre. Embora tenha pertencido a uma das equipas de maior sucesso do FC Barcelona, o espanhol viu sempre escorregar-lhe por uma época a conquista mais desejada.
Chegou a Camp Nou em 2011/12, um ano depois da conquista da La Liga, Liga dos Campeões e Supertaça espanhola que inaugurou a era de Pep Guardiola, e saiu para o Chelsea no final da temporada 2013/14. No ano seguinte os catalães erguiam a orelhuda.
Era tudo uma questão de timing.
Ruud Van Nistelrooy
O holandês fez abanar as redes por 56 ocasiões na ‘Champions’, um número que faz dele o jogador que mais golos na competição fez sem nunca ter erguido o troféu.
O avançado juntou-se aos Red Devils dois anos depois da histórica conquista de 1999, e deixou o clube, rumando ao Real Madrid — dois anos antes da conquista europeia de 2007/08 —, onde não teve melhor sorte.
Mas mais: Van Nistelrooy chegou a ser o melhor marcador da competição em três edições e tem um melhor rácio de golos por jogo que Cristiano Ronaldo, o melhor marcador de sempre da Liga dos Campeões.
Hernán Crespo
Foi companheiro de Fabio Cannavaro no Parma, jogou em alguns dos melhores clubes europeus e chegou a marcar dois golos numa final da Liga dos Campeões, mas o troféu, esse, nunca lhe chegou a ir parar às mãos.
Esse é um episódio que remonta a 2005, na mítica remontada do Liverpool diante do AC Milan. Depois, deixou o Inter um ano antes da conquista europeia sob o comando de José Mourinho.
Pavel Nedved
Nedved fazia parte da equipa da Juventus que em 2003 caiu aos pés do AC Milan na final da Liga dos Campeões, nos pénaltis - apesar de não ter atuado nesse encontro. Foi o mais perto que o checo alguma vez esteve de conquistar a liga milionária.
Ronaldo
Para alguns é o melhor de sempre, unanimemente é um dos melhores de todos os tempos. Ronaldo Nazário de Lima representou alguns dos maiores clubes da Europa — AC Milan, Inter, Real Madrid, Barcelona —, conquistou dois Campeonatos do Mundo pelo Brasil, mas nunca conseguiu erguer a ‘orelhuda’.
Será para sempre um espaço em branco no currículo do homem que por duas vezes foi coroado com a Bola de Ouro.
Lilian Thuram
Tal como Nedved, Thuram fazia parte daquela equipa da Juventus que caiu aos pés do Milan em 2003. Ao contrário do checo, que estava suspenso, o francês disputou a partida, mas nem por isso a sorte lhe sorriu.
Acabaria a carreira em Barcelona, clube para onde se mudou um ano depois do clube catalão ter conquistado a Liga dos Campeões, em 2005/06.
Michael Ballack
Perder uma final deve ser frustrante. Perder duas só pode ter o destino a fazer das suas. Ballack esteve presente em duas finais da maior competição de clubes da Europa. Uma, em 2002, pelo Bayer Leverkrusen e em 2008, seis anos depois, pelo Chelsea. Infelizmente, perdeu as duas.
Zlatan Ibrahimovic
É, provavelmente, um dos dois casos mais gritantes do futebol contemporâneo. Ibrahimovic, o gigante sueco, atualmente no Manchester United parece ter o mesmo problema que alguns dos exemplos anteriores: mau timing.
Zlatan saiu do Inter exatamente um ano antes do gigante italiano ter conquistado o triplete. E fez exatamente o mesmo no Barcelona, ao trocar o clube catalão pelo AC Milan um ano antes dos blaugrana se sagrarem campeões europeus.
No Milan, Juventus, PSG e Ajax a sorte europeia não lhe sorriu. No entanto, aos 35 anos, ainda pode ter a sorte de levantar o troféu, uma vez que os Red Devils estão a disputar a competição.
Gianluigi Buffon
Este é o outro caso gritante de que falávamos acima. Tem três finais, com o emblema da Juventus ao peito, e três derrotas nesses mesmos jogos.
Campeão do Mundo pela Itália, vencedor da antiga Taça UEFA (atual Liga Europa) pelo Parma e considerado um dos melhores guarda-redes de sempre, Buffon olha para esta temporada como a última (?) possibilidade de alcançar o maior feito europeu ao serviço de um clube. Caso não consiga, pendura as luvas e junta-se às lendas que nunca ergueram o troféu.
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