Ao todo, percorrerá 1598,6 quilómetros e enfrentará 30 Prémios de Montanha (5 de 1.ª categoria, três deles na 9.º etapa) e 27 Metas Volante. Começa no centro, em Viseu, prólogo, ruma ao sul, Algarve, e termina a norte, em Viana do Castelo, contrarrelógio que encerra a “A Portuguesa”, a maior prova velocipédica nacional que terá a 16 de agosto as merecidas 24 horas de descanso na Guarda, a cidade mais alta do país, dia reservado à 16.ª edição da Etapa da Volta RTP.
Prestes a completar o centenário (2027), a organização ainda continua a colocar, pela primeira vez, cidades no mapa do percurso da Volta a Portugal. Este ano, Mação estreia-se na prova do povo. Há ainda a registar o regresso de Ourém (1964), Sines (1981), Anadia (1982), Estremoz (1987), Abrantes (1997), Loulé (2003) e Penamacor (2005).
“Longe vão os tempos em que a Volta tinha três semanas como as três grandes voltas do calendário velocipédico (Giro, Vuelta e Tour de France) e íamos a quase todos os distritos”, começou por relembrar Joaquim Gomes, diretor da prova, à margem da apresentação da prova que decorreu no Teatro Thalia, em Lisboa. “Hoje, está encurtada, mas recorremos a alguns truques para tentar manter essa mancha no território nacional e isso é conseguido pelas neutralizações que decorrem entre os locais de chegada e de partida. Essas neutralizações, algumas delas com 150 quilómetros (com a caravana às costas), exige esforço às equipas e à organização”, explicou ao SAPO 24.
“A Volta começa de novo em Viseu, que, desde 2003, é uma das principais cidades da prova, a par de Lisboa, seja nas chegadas, partidas ou dia de descanso. Teremos um prólogo nas Avenidas Novas (3,6 km) com componente técnica reduzida ao máximo e a decorrer na véspera da Festa de São Mateus (10 de agosto a 21 de setembro)”, especifica Joaquim Gomes.
Para o dia de apresentação ficou a relevação de uma surpresa de última hora sobre o sítio onde cairá o pano da edição de 2023. “Esta manhã, antes de vir para aqui tive a confirmação do local onde terminará a prova. No desenho do percurso estão envolvidos cerca de 70 municípios e entidades como a GNR e PSP. Em Viana do Castelo, caímos nas Festas Nossa Senhora da Agonia (festividades termina precisamente a 21 de agosto e arrastam anualmente 1,5 milhões de pessoas ao longo de três dias) e tivemos o acordo sobre o palco final. Não será na Avenida Marginal, mas sim no Santuário de Santa Luzia. Não consegui encontrar lugar mais mágico”, desvendou.
De regresso ao mapa de Portugal e ao percurso da 84.ª edição da “Portuguesa”, Joaquim Gomes explica o desenho. “Não vamos ao nordeste transmontano, nomeadamente Bragança, que proporciona sempre um fantástico local. Ficou de fora, mas não conseguimos estar em todo o lado”, lamentou.
“Temos de ter municípios diferentes a cada ano”, adiantou ainda. “É obrigação nossa pontualmente ir ao Algarve (2018) e este ano conseguimos”, explicou o responsável pela prova nas últimas duas décadas. “Loulé é uma cidade que respira ciclismo, tem uma equipa profissional, o Louletano, tal como Tavira, e do ponto vista histórico diz muito à Volta. O Louletano, celebra 100 anos, e em 1988 (Louletano Vale do Lobo) venceu pela primeira vez a Volta, equipa que eu integrava”, recordou.
Portugal inteiro não cabe no mapa da Volta, mas há uma espécie de Portugal dos pequeninos a ver a caravana passar. “Mação, em estreia este ano, integra a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Conseguimos algo inédito no âmbito da Volta que foi ter na 1.ª, 2.ª etapa e na etapa rainha que liga Mação à Torre, os 13 municípios que constituem esta comunidade conseguem garantir uma presença plena na Volta a Portugal”, adiantou Joaquim Gomes, antes de enumerar as localidades. “Ferreira do Zêzere, Tomar, Ourém, Abrantes, Constância, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento, Torres Novas, Alcanena, Sardoal, Vila de Rei e Sertão estarão presente”.
“Este evento continua a ocupar um lugar no imaginário de todos os portugueses”
“A volta continua a apaixonar o país. Completa 100 anos em 2027 e este evento continua a ocupar um lugar no imaginário de todos os portugueses”, sublinhou.
A esse propósito, chamou para a conversa a exibição de duas taças bem visíveis durante a apresentação. “Uma, para entregar ao vencedor deste ano, e a outra, com significado extremo, foi a taça oferecida ao vencedor em 1907, na 1.ª edição da Volta a Portugal, entregue na Avenida da Liberdade”, em Lisboa. Uma relíquia que a “comunidade velocipédica não sabia que existia” atribuída ao “Grupo Sportivo de Carcavelos”, vencedor da “1.ª Volta” e que foi descoberta “por acaso” durante a “75.ª edição da Volta a Portugal”, rematou Joaquim Gomes.
“Somos a modalidade do povo que exibe o mapa de Portugal. Onde há recantos de abandono, o ciclismo vai lá, vai a todas as terras, do interior ao litoral”, asseverou Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo. “É um evento que tem o compromisso com povo e com o território nacional”, continuou. “Temos a capacidade, com as nossas bicicletas, de ir a todas as aldeias e vilas, é uma qualidade nossa e fazemos com aquilo que temos de melhor: os nossos campeões”, disparou.
“Essa conjugação diferencia-nos e combate o despovoamento do interior, o grande problema no nosso país”, dissertou o líder federativo. “Temos os velhinhos sentados nas soleiras a aplaudir quando a Volta passa à porta das suas casas. Esta é a nossa marca, a emoção e a forma amorosa como nos recebem”, caracterizou.
“O ciclismo é das pouquíssimas provas desportivas que vai a casa das pessoas”
“O ciclismo é das pouquíssimas provas desportivas que vai a casa das pessoas. Vão à janela, descem as escadas, ficam no passeio a ver passar os ciclistas. É sempre um grande momento no verão português para estas pessoas”, destaca Marçal Grilo, ex-ministro da Educação (1995-1999) e um dos grandes amantes da modalidade. “Uma das razões pelas quais sou apaixonado pelo ciclismo é porque tinha a meta à porta da minha casa (em Castelo Branco), e ganhei uma relação próxima. Era a única prova nacional que nos anos 50 passava em Castelo Branco e tinha um significado muito grande para mim”, acrescentou.
“A Volta a Portugal mostra que há outro Portugal”, frisou. “O ciclismo tornou-se um espetáculo televisivo absolutamente fantástico”, anotou destacando a transmissão “magnifica” da RTP “feita pelo João Pedro Mendonça e Marco Chagas”, elogiou. “
Uma transmissão que, “para além da corrida, mostra a beleza do país, a identificação dos monumentos e castelos e que uma parte do país não conhece”. E a este propósito contou um episódio do Tour de France. “O ex-diretor da Volta a França, Jean Marie LeBlanc, disse-me um dia que a única condecoração recebida do governo francês não foi de desporto, mas sim do Turismo, porque o Tour é o maior cartaz publicitário”, finalizou.
RESUMO DA COMPETIÇÃO
09/08 - Prólogo: Viseu (3,6km) - Contrarrelógio individual;
10/08 – 1.ª Etapa: Anadia – Ourém (188,5km);
Metas Volantes: 49,1km – Vila Nova de Poiares; 124,5km – Ferreira do Zêzere 147,5km – Tomar; Prémios de Montanha: 23,6km (3.ª cat.) – Serra do Buçaco; 159,2km (4.ª cat.) – Alburitel; 175,5km (3a cat.) – Fátima;
11/08 - 2.ª Etapa: Abrantes – Vila Franca de Xira (177,3km)
Metas Volantes: 31,6km – Torres Novas; 89,4km – Cartaxo; 134,4km – Arruda dos Vinhos; Prémios de Montanha: 126,4km (4a cat.) – Alto da Agruela; 139,2km (3a categoria) – Carvalha;
12/08 - 3.ª Etapa: Sines – Loulé (191,8km)
Metas Volantes: 54,6km – Odemira; 102,7km – Ourique; 131,3km – Almodôvar Prémios de Montanha: 151,2km (4a cat.) – Pico do Mú; 185,3km (4a cat.) – Cruz da Assumada;
13/08 - 4.ª Etapa: Estremoz – Castelo Branco (184,5km)
Metas Volantes: 52,1km – Alter do Chão; 86,4km – Portalegre; 154,6km – Vila Velha de Rodão Prémios de Montanha: 94,1km (3.ª cat.) – Monte Paleiros; 148,5km (3.ª cat.) – Serra de São Miguel; 171,3km (3.ª categoria) – Retaxo;
14/08 - 5.ª Etapa: Mação – Covilhã (Torre) (184,3km)
Metas Volantes: 20,7km – Sardoal; 85,9km – Oleiros; 164,1km – Covilhã; Prémios de Montanha: 97,1km (4.ª cat.); 109,1km (3.ª cat.) – Orvalho; 184,3km (cat. especial) – Covilhã (Torre);
15/08 - 6.ª Etapa: Penamacor – Guarda (168,5km)
Metas Volantes: 15,3km – Penamacor; 66,6km – Sabugal; 147,8km – Trinta; Prémios de Montanha: 54,2km (3.ª cat.) – Sortelha; 103,3km (3.ª cat.) – Guarda; 125,6km (3.ª cat.) – Aldeia Viçosa; 138,7km (2.ª cat.) – Videmonte 159km (3.ª cat.) – Guarda; 168,5km (3.ª cat.) – Guarda;
16/08 - Dia de Descanso – Guarda
16.ª Edição da Etapa da Volta RTP - 90 km
17/08 - 7.ª Etapa: Torre de Moncorvo – Montalegre (Larouco) (162,6km)
Metas Volantes: 66,7km – Valpaços; 116,3km – Boticas; 149,2km – Montalegre; Prémios de Montanha: 20,8km (2.ª cat.) – Vila Flor; 81km (3.ª cat.) – Alto do Barracão; 121,5km (2.ª cat.) – Torneiros; 162,6km (1.ª cat.) – Montalegre (Serra do Larouco);
18/08 - 8.ª Etapa: Boticas – Fafe (146,7km)
Metas Volantes: 56km – Salamonde; 83,9km – Póvoa de Lanhoso; 114,1km – Fafe; Prémios de Montanha: 15,7km (3.ª cat.) – Alturas do Barroso; 110,7km (4.ª cat.) – Golães; 128,2km (3.ª cat.) – Casa do Penedo;
19/08 - 9.ª Etapa: Paredes – Mondim de Basto, Sr.ª da Graça (174,5km)
Metas Volantes: 31,2km – Paredes; 66,8km – Amarante; 162,8km – Mondim de Basto; Prémios de Montanha: 11,6km (4.ª cat.) - Gandra; 96,7km (1.ª cat.) – Serra do Marão; 112,1km (4a cat.) – Velão; 133,4km (1.ª cat.) – Barreiro; 174,5km (1.ª cat.) – Mondim de Basto
20/08 - 10.ª Etapa: Viana do Castelo – Viana do Castelo (16,3km)
Contrarrelógio individual.
EQUIPAS
CAJA RURAL-SEGUROS-RGA (ESP)
BURGOS-BH (ESP)
EQUIPO KERN PHARMA (ESP)
EUSKALTEL-EUSKADI (ESP)
BIKE AID (GER)
BAI SICASAL PETRO DE LUANDA (ANG)
UNIVERSE CYCLING TEAM (NED)
TRINITY RACING (GBR)
TEAM VORARLBERG (AUT)
GLOBAL 6 CYCLING (NZL)
GLASSDRIVE / Q8 / ANICOLOR (POR)
KELLY SIMOLDES UDO (POR)
EFAPEL CYCLING (POR)
ABTF BETÃO - FEIRENSE (POR)
AP HOTELS & RESORTS / TAVIRA / SC FARENSE (POR)
CREDIBOM /LA ALUMÍNIOS / MARCOS CAR (POR)
TAVFER-OVOS MATINADOS-MORTÁGUA (POR)
RÁDIO POPULAR – PAREDES – BOAVISTA (POR)
AVILUDO - LOULETANO - LOULÉ CONCELHO (POR)
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