O técnico enriqueceu a sala de troféus do Benfica com os títulos nacionais de 2016 e 2017, que completaram a sequência do ‘tetra’, iniciada por Jorge Jesus, campeão nos dois anos anteriores, ao qual sucedeu no comando dos ‘encarnados’.
Rui Vitória, de 48 anos, conquistou também uma Taça de Portugal (2017), uma Taça da Liga (2016) e duas Supertaças (2017 e 2018), mas não resistiu ao falhanço do ambicionado ‘penta’, à perspetiva de uma nova época em ‘branco’ no campeonato – a atual - e ao estrondoso fiasco europeu nas duas últimas temporadas.
Três anos e meio depois de ter substituído Jorge Jesus, Rui Vitória fez também do Benfica a pior equipa portuguesa de sempre na Liga dos Campeões, ao terminar a fase de grupos de 2016/17 sem qualquer ponto, e fica ligado a duas das piores derrotas europeias de sempre, a últimas das quais em Munique, por 5-1.
No campeonato, a derrota por 2-0 no reduto do Portimonense, na quarta-feira, depois das sofridas face a Belenenses e Moreirense, fez o Benfica cair para o quarto lugar e acabou por ser a ‘gota de água’, depois de a ‘chicotada’ já ter estado para acontecer precisamente após o desaire com os bávaros e perante forte contestação dos adeptos.
Sem ter sido meteórica, a ascensão de Rui Vitória no futebol português foi particularmente veloz, assumindo o comando do clube com mais títulos de campeão nacional apenas cinco anos depois de ter deixado as aulas de educação física na escola secundária Gago Coutinho, em Alverca, que acumulava com o cargo de treinador do Fátima.
A carreira do futebolista Rui Vitória, médio de remate fácil, foi menos fulgurante, com passagens por Fanhões, Vilafranquense, Alverca, Seixal, Casa Pia e Alcochetense, e o passo seguinte foi a licenciatura na Faculdade de Motricidade Humana, em busca de maiores sucessos como treinador.
O Vilafranquense apadrinhou a estreia no banco de suplentes do jovem técnico, entre 2002 a 2004, seguindo-se os juniores do Benfica (2004 a 2006) e Fátima, onde esteve entre 2006 e 2010, com duas promoções à II Liga e um título do terceiro escalão, em 2009, que lhe abriram as portas do campeonato principal.
Uma época 2010/11 no Paços de Ferreira acima das melhores expectativas, que terminou com o sétimo lugar na I Liga e a presença na final da Taça da Liga (derrota com o Benfica), lançou Rui Vitória para voos mais altos, no Vitória de Guimarães, onde esteve quatro anos e teve como ponto alto a conquista da Taça de Portugal, em 2013, ao vencer na final... o Benfica.
Rui Vitória foi a aposta pouco consensual do presidente ‘encarnado’, Luís Filipe Vieira, para suceder a Jorge Jesus, o treinador mais titulado da história do clube, que poucos dias depois consumaria a ‘traição’ de ser apresentado como técnico do Sporting, lançando os rivais para um longo período de guerra sem quartel.
O novo técnico benfiquista entrou de forma titubeante, perante a desconfiança dos adeptos, mas conseguiu reverter a situação e acabou mesmo por estabelecer novo recorde do campeonato, com 88 pontos (igualado pelo FC Porto na época passada), após um intenso ‘braço-de-ferro’ com o Sporting e Jorge Jesus, que ficou a dois pontos de distância.
Na temporada seguinte, Rui Vitória tornou-se apenas o terceiro treinador português a sagrar-se bicampeão na equipa da Luz, depois de Toni e Jorge Jesus, ficando umbilicalmente ligado à conquista do primeiro tetracampeonato, sucessos que, hoje, parecem já ter-se apagado da memória dos adeptos benfiquistas.
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