Sobre a noite de sábado nos Aliados, poderá saber como foi aqui. Está tudo explicado na primeira pessoa. Porque poucos minutos depois do empate no dérbi em Alvalade, já se festejava à grande e à portuguesa no Porto. Lançaram-se foguetes como se fosse S. João e as ruas, essas, encheram-se como já não se via há muito – mais precisamente, há quatro anos. Os adeptos do Futebol Clube do Porto invadiram os Aliados na primeira noite da semana académica e encheram a avenida de luz, cânticos e emoção.

Assim sendo, não foi de estranhar que hoje os adeptos portistas acordassem prontos a continuar a partir de onde tinham ficado a noite passada. E foi assim que aguardaram pela chegada dos seus heróis.

A comitiva dos ‘azuis e brancos' chegou ao recinto do jogo pouco depois das 19:00, depois de ter feito um percurso desde o Centro de Estágios do Olival, em Vila Nova de Gaia, sendo saudada por muitos adeptos durante o caminho.

Na chegada ao Dragão, a euforia instalou-se, com o autocarro que transportava a equipa conseguir ‘furar', com alguma dificuldade, pela multidão, que desde o início da tarde se começou a concentrar junto ao recinto.



Além dos cânticos alusivos à conquista do título nacional, houve também as habituais provocações ao rival Benfica, assim como palavras especiais para o técnico Sérgio Conceição e o presidente Pinto da Costa.

Antes, as imediações do estádio começaram a ‘pintar-se' com tons azuis e brancos desde o início da tarde, com os adeptos a reunirem-se em torno do recinto exultando a conquista do 28.º título de campeão nacional, e participando nas iniciativas de animação promovidas pelo clube.

Também no exterior do recinto está montado um improvisado corredor e palco, para qual o grupo de trabalho portista se encaminhará no final do desafio com o Feirense, para receber mais um banho de multidão e receber a consagração do título nacional.

Estádio do Dragão vestido de azul e branco para receber heróis

Antes do arranque do encontro com o Feirense, a contar para a 33.ª e penúltima jornada da I Liga, os jogadores do FC Porto entraram no relvado todos juntos para o aquecimento, tendo ido ao centro do tapete verde para agradecer o apoio dos adeptos, ao som dos cânticos "o campeão voltou".

Ao contrário do que é habitual quando os ‘dragões' vencem o título nacional, os atletas não entraram em campo com os cabelos pintados de azul e branco. As bancadas, por outro lado, estavam engalanadas com tarjas e azuis e brancas, onde não faltaram provocações ao rival Benfica, com uma imagem de um polvo.

Numa outra bancada era possível ver várias tarjas com algumas frases de Sérgio Conceição, nomeadamente "eu não sou um boneco", ou "temos de ter paixão por aquilo por o que fazemos", "vim por amor ao FC Porto", "uma das nossa forças é o espírito solidário" e "vim para ensinar, não para apreender".

FC Porto vs CD Feirense
Rui Moreira e Pinto da Costa assistiram à partida na tribuna créditos: © 2018 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Finalmente, e em jeito de agradecimento, uma tarja gigante foi colocada no fundo da bancada norte onde se podia ler: "Obrigado mister por trazer de volta os nossos valores".

A partida iniciou-se com quase 10 minutos de atraso, com centenas de pessoas que ficaram do lado de fora, sem bilhete, mas à espera da festa no final do encontro.

Os jogadores do FC Porto entraram em campo já com as camisolas de campeões nacionais de 2017/18.

O jogo, a consagração. Em casa, mas longe do sofá 

O FC Porto venceu hoje em casa o Feirense, por 2-1, em jogo da 33.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, que serviu de consagração dos novos campeões nacionais.

Sérgio Oliveira (37 minutos) e Yacine Brahimi (59) marcaram os golos dos ‘dragões’, que passaram a somar 85 pontos, mais sete do que os rivais lisboetas, quando falta disputar apenas uma jornada.

O Feirense, que vinha de duas vitórias consecutivas, reduziu por Valencia (90+1 minutos) e segue na 15.ª posição, com 30 pontos, apenas um acima da zona de despromoção.

Apito finaaaaal! E arranca a festa (oficial e oficiosamente)

Depois do apito final na vitória diante do Feirense, por 2-1, os jogadores recolheram ao balneário (e fazer um vídeo clássico de equipa campeã, é só conferir), a cerimónia de entrega do troféu e das medalhas começou com a entrada no relvado de Pedro Proença, muito assobiado, seguindo-se logo a seguir, uma ‘chuva’ de aplausos e uma ovação de pé quando foi anunciado o nome do presidente dos ‘dragões’, Pinto da Costa.

Por seu turno, o seu treinador, Sérgio Conceição, dizia mais umas declarações: "Eu estou aqui para ganhar jogos e faço sempre a equipa para conseguir vitórias. Nunca fui muito simpático. Sou o que sou... e hoje tinha de ser exatamente igual". E foi, pois montou uma equipa para ganhar.

Mas é hora de voltar ao palco que já está montado. O primeiro a ser chamado? Casillas, pois então. Custa a crer que há pouco tempo havia sido relegado para o banco de suplentes. À rádio Antena 1, o icónico guarda-redes tinha dito que gostaria de ficar. Pouco depois, Pinto da Costa falou inclusivamente, ao Porto Canal, que gostaria de contar com o atleta espanhol para próxima temporada. Será que vai acontecer a renovação?

Depois, um a um foram subindo os protagonistas para cima do palco. E que subida protagonizaram Marega e Danilo (lesionado e com uma proteção na perna). O público saudou os seus atletas que tanto retribuíram no relvado durante os últimos meses e que orquestraram o título que fugia aos azuis e brancos há quatro anos. Até que chegou o momento de Herrera levantar a taça... o speaker alavancou o público ao gritar "ouuuuuh" e ela foi erguida para gáudio dos quase 50 mil presentes nas bancadas.

Assim que o mexicano ergueu a taça, dispararam foguetes atrás do palco montado no centro do relvado, com os jogadores a juntarem-se às respetivas famílias enquanto se escutava e o público entoava o hino do emblema azul e branco.

Durante a chamada individual dos futebolistas, destaque para os mais ovacionados Brahimi, Marega, Alex Telles, Herrera, Danilo Pereira, ainda a recuperar de lesão, tal como Diogo Dalot, que entrou de muletas, com o maior grito de apoio a ser ouvido quando surgiu Sérgio Conceição.

Antes disso, quando terminou o encontro, a equipa técnica de Sérgio Conceição abraçou-se em grupo e comemorou a conquista, antes de se juntar aos futebolistas, que já iam marcando o ritmo junto à claque.

Enquanto a celebração se ia fazendo junto aos adeptos, ao som de cânticos como “Penta Ciao”, “Mágico Porto”, ou “Oh, Marega”, o próprio avançado maliano começou a correr à volta do estádio distribuindo brindes por todo o público, enquanto pisavam o campo Diogo Dalot, de muletas, Danilo com uma tala na perna, José Sá, Waris e André André, que não constavam na ficha de jogo.

Iam sendo travados alguns adeptos que tentavam invadir o campo, sendo que dois conseguiram mesmo chegar perto do técnico portista e abraçar o ‘timoneiro’, ainda antes de todo o corpo técnico e jogadores se reunirem em círculo para o discurso habitual de Sérgio Conceição.

Ainda antes de a equipa recolher aos balneários, Gonçalo Paciência pegou numa bandeirola de canto e ‘espancou’ um polvo de borracha colocado no relvado, Sérgio Oliveira chutou-o para longe e Marega completou o ‘alívio’ ao atirá-lo para a claque portista.

FC Porto
créditos: EPA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

E fora do Estádio? Como é que foi a chegada ao pé dos adeptos na Alameda do Porto? 

Milhares de adeptos enchiam a Alameda, o viaduto que se situa por cima, as barracas de comida e até mesmo os camiões estacionados na rua e esperavam pelos novos detentores do troféu, ao som de cânticos, petardos, foguetes e milhares de bandeiras e cachecóis que coloriam o ar da cidade nortenha.

Mais de 50.000 assistiram à vitória diante do Feirense, por 2-1, na 33.ª jornada, e, à volta do estádio, eram ainda mais os adeptos, que iam ignorando a música que ecoava do sistema de som e entoavam os cânticos marcantes da conquista do 28.º título dos ‘dragões’.

A entrada dos jogadores na ‘rampa’ foi feita ao som do habitual “campeões, campeões, nós somos campeões”, havendo ainda tempo para o “Penta Ciao”, com os jogadores, ainda escondidos a juntarem-se ao coro.

O primeiro a pisar a rampa foi o ‘guardião’ espanhol Iker Casillas, numa altura em que se acendiam tochas no meio dos adeptos, seguido de Maxi Pereira que festejava efusivamente a primeira conquista com os ‘dragões’ depois de ter saído do Benfica.

À medida que os jogadores iam saindo, o céu encheu-se de vermelho e foguetes, com o viaduto completamente lotado e colorido, coincidindo com a entrada de Marega e Alex Telles, fortemente ovacionados pelas hostes portistas.

Nas entradas mais originais, Gonçalo Paciência ‘toureou’ a multidão, Felipe fez três cambalhotas, Sérgio Oliveira foi apresentado como Maradona, Danilo e Dalot, lesionados, sentiram mais o carinho dos adeptos.

O capitão Herrera e o treinador Sérgio Conceição ficaram para último lugar, erguendo o troféu no ar, enquanto todo o público gritava “nós somos campeões” e os jogadores, já no palco, abriam as garrafas de champanhe, e os adeptos no viaduto, lançavam foguetes e acendiam tochas.

“O campeão voltou”, entoavam os adeptos na cidade do Porto, depois de quatro anos de hegemonia benfiquista, seguindo-se o hino portista, cantado em uníssono. E numa grande alvorada.



E por falar em alvorada. "Este campeonato é para eles, os adeptos, que tanto o pediam", explicava Herrera

"Isto é incrível. Nunca tinha sido ovacionado desta maneira. Os adeptos foram incríveis todo o ano. Este campeonato é para eles", disse emocionado. "Amo estar aqui, amo a cidade e o clube. E ninguém sente o clube como eu". O passado fica no passado. E as críticas e os maus momentos também. Agora, é tempo de rumar em frente e pensar no futuro. Mas, sobretudo, festejar. Sem esquecer o rival, no entanto: "Só há um pentacampeão em Portugal! Somos nós!"

Should I stay or should I go? Casillas responde, após levantar a taça, novamente à questão de há pouco: "Fomos os justos vencedores. E se dá para continuar? Gosto muito da cidade". Não foi das respostas mais diretas, mas não esconde que gosta de viver no Porto...

E o que tem a dizer o centro-campista que aproveitou da melhor maneira a oportunidade dada pelo também técnico e treinador Sérgio? O jogador e Oliveira responde: "Estou a desfrutar e tive sempre a confiança do mister. Quanto à titularidade? Assim que tive uma oportunidade, aproveitei-a", respondeu.

Para terminar... ao Porto Canal, Pinto da Costa, disse o que lhe ia na alma: "Felicidade. Se pudesse ir lá para baixo festejar com os adeptos, dir-lhes-ia que os queria ver felizes. Já ajudei o clube a vencer tantas vezes durante a minha presidência, mas o que me diz muito é isto: a alegria deles". Todavia, deixa um aviso: "a festa durante a semana vai parar".

"Temos um jogo para disputar e o Porto quando joga tem que ir com a máxima seriedade — até para respeito ao adversário e o Vitória de Guimarães é um adversário digno. E é um clube que, a par do FC Porto, tem a melhor massa associativa do país porque são eles que foram o Vitória, não é mais ninguém. Por isso, temos de encarar o jogo com a máxima seriedade. No entanto, penso que ali na Avenida dos aliados vai ser uma grande festa", concluiu.