Jumbo Visma confirma ser uma das equipas mais fortes da atualidade
A equipa chegou ao Tour num momento de notoriedade e de conquista de resultados. A pouco e pouco tem construído uma equipa que vem dando garantias em vários tipos de provas e terrenos.
Depois de lutar pelo Giro até à última, muitos duvidavam se a equipa teria feito a escolha certa ao mandar Primoz Roglic “mal apoiado” para Itália e deixar os “ovos” todos no cesto do Tour. Pois em boa hora o fez. A equipa entrou a vencer ao sprint com Mike Teunissen, após queda do seu principal sprinter. Na etapa 2 volta a vencer, desta feita com toda a equipa no contra-relógio por equipas. Dois dias de amarelo, duas etapas e Steven Kruijswijk bem colocado à geral já seria uma semana a roçar a perfeição para a Jumbo. Mas Dylan Groenewegen não quis deixar dúvida de quem era o chefe do sprint na equipa e venceu a etapa 7. Para fechar a semana como começou, o tri-campeão mundial de ciclocross, Wout Van Aert, justificou a sua chamada ao Tour e deu mais uma vitória à formação holandesa.
Voltistas, contra-relogistas, trepadores e sprinters, há de tudo nesta equipa, que lidera por larga margem em etapas ganhas. Apesar do percalço de George Bennett, que está já afastado da luta pela geral, a equipa tem o seu líder, Kruijswijk, muito bem colocado. A juntar a isto, tem nomes como Tony Martin e Wout Van Aert, que abre boas perspetivas para uma vitória no CR individual.
Sendo a segunda equipa mais vencedora da temporada, pelo menos até agora, a sua capacidade de vencer em várias circunstâncias e com diferentes nomes faz com que se assemelhe muito à sua rival, que está em primeiro lugar, a Deceuninck-Quick Step. Mas com uma grande diferença: a Jumbo tem homens para a geral e homens de qualidade para trabalhar na montanha durante 3 semanas.
Julien Alaphilippe, um dos melhores da sua geração
Longe vai o tempo em que Peter Sagan era o único homem espetáculo do Tour. Diferente como ciclista e como “personagem” no pelotão, Alaphilippe é cada vez mais, e declaradamente, um dos melhores e mais populares ciclistas da atualidade.
No seguimento de uma excelente época de 2018, onde finalmente se afirmou como um ciclista vencedor, e a uma ainda melhor época de 2019, onde conquistou várias etapas, duas clássicas e um monumento, o francês chega ao Tour com um objetivo bem definido: vestir a camisola amarela. Dar essa alegria aos franceses parecia difícil após um grande contra-relógio da Jumbo Visma, mas na etapa 3 o irreverente ciclista da Deceuninck – Quick Step arrancou a 15 kms da meta para alcançar uma vitória fantástica que lhe daria a camisola desejada por toda a França.
Apesar dos seus esforços, viria perder a liderança da prova na primeira e única etapa de alta montanha da primeira semana. Mas o homem espetáculo tinha um truque guardado na manga e na etapa 8 arrancou do pelotão e foi recuperar o manto amarelo. No total dos 10 dias, Alaphilippe acabou 6 vezes de amarelo e é o ciclista francês mais adorado da atualidade.
Peter Sagan de regresso
Apesar de ainda não estar no seu melhor, Peter Sagan parece cada vez mais perto do velho Sagan. Ainda só venceu uma etapa até agora, mas o homem da Bora hansgrohe tem estado sempre na discussão das chegadas ao sprint e lidera a luta pela camisola dos pontos.
Quanto mais avança na competição, mais confiante fica, e com o desgaste da alta montanha a afetar mais os puros sprinters que o tri-campeão mundial, Sagan luta para defender a camisola que já conquistou por 6 vezes na carreira.
Fugas com ordem de lutar pela vitória na etapa
Num Tour cada vez mais tático, onde os homens que lutam pela geral procuram cada vez menos as vitórias em etapas, as fugas parecem ter o sucesso garantido. Desde que saibam perder o tempo necessário para ter autorização das equipas da geral para ir para a fuga, depois é só saber escolher a fuga certa e ser aceite nestas “andanças”. Com o aumentar do sucesso da fuga aumentam também os critérios de seleção dos protagonistas destas demandas. Com 3 fugas a dar certo em 10 etapas, ninguém que levar ciclistas no grupo que não trabalhem e que ataquem no fim.
A Team Sunweb está a acusar muito a falta do seu líder
Tom Dumoulin é uma das grandes ausências desta edição do Tour, mas a ausência do holandês não justifica a forma com que a equipa se tem apresentado em terras francesas. O grande objetivo da equipa é dar a Michael Matthews condições para discutir os sprints, objetivo esse que tem falhado, uma vez que o australiano tem perdido claramente para Peter Sagan, Elia Viviani e Dylan Groenewegen. Já Wilco Kelderman tem sido uma grande desilusão, estando já a mais de 27 minutos do camisola amarela, inclusive está atrás do companheiro Nicolas Roche.
Romain Bardet vem confirmando o mau momento
O líder da AG2R La Mondiale já tinha dado sinais negativos no Criterium du Dauphiné, e as piores previsões confirmaram-se na primeira metade do Tour. Bardet está já a uma distância considerável do grupo dos favoritos e, havendo ainda um CR individual pela frente, é seguro afirmar que o trepador de 28 anos está fora da luta pela vitória. A ausência de Pierre Latour e o desgaste que o Giro provocou em Tony Gallopin e Alexis Vuillermoz, poderão justificar de alguma forma um maior desgaste por parte de Bardet.
Ter dois líderes desgasta muito a equipa
A Movistar Team apresenta-se novamente com dois líderes neste Tour, Nairo Quintana e Mikel Landa. Mas apesar de parecer positivo, o facto dos restantes elementos terem de trabalhar para dois chefes torna o desgaste muito maior. Que o digam Nélson Oliveira, Marc Soler e Imanol Erviti, que parecem desgastados demais quando ainda faltam quase duas semanas de Tour. Na última etapa vimos uma equipa dividida, enquanto uns protegiam Quintana no grupo da frente, outros tentavam levar Landa a perder o menor tempo possível. Com o tempo perdido por Landa, esta situação já não parece plausível.
A Bahrain Merida não está no Tour para lutar pela geral
Vincenzo Nibali está fora da luta pela geral e a equipa parece bem com isso. Resta agora à equipa preparar-se para lutar por etapas, onde nomes como Sonny Colbrelli nos sprints e Matej Mohoric e Rohan Dennis no CR serão nomes a ter muito em conta.
Um Tour complicado para os portugueses
Rui Costa (UAE Team-Emirates) é um dos nomes do momento, apesar de não ser pelas melhores razões. Pelo que se viu na etapa 9, o ex-campeão do mundo só ganhará uma etapa se tiver um dia transcendente, tendo em conta que não há muita gente que queira partir numa fuga com o homem da Emirates. Nélson Oliveira (Movistar Team) e José Gonçalves (Team Katusha Alpecin) seriam nomes a ter em conta para o contra-relógio individual caso se consigam poupar nos dias complicados da alta montanha. No entanto, Nélson está obrigado a trabalhar para Quintana e Landa, já Gonçalves parece um pouco desligado com tudo o que afeta a sua equipa, após vir a público que está para fechar portas no final de 2019.
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