A vitória no dérbi com o Sporting (2-1) atenuou, de alguma forma, um percurso desapontante dos lisboetas, desde logo porque eram considerados os principais candidatos à conquista de novo troféu e porque chegaram a estar bem lançada para o conseguir.
Em época de estreia na Luz, Vinícius, autor do tento decisivo no dérbi, cotou-se como um dos melhores elementos, terminando o exercício 2019/20 como o melhor marcador da I Liga, com 19 golos, contra 18 de Pizzi, outro jogador preponderante entre os ‘encarnados', juntamente com Vlachodimos e Rúben Dias.
Depois de uma temporada em que recuperou sete pontos ao FC Porto e arrecadou o 37.º título, o Benfica viveu a sensação contrária, começando a desperdiçar uma confortável vantagem precisamente no local em que ‘deu a volta ao texto' em 2018/19, no Dragão, onde chegou com 18 triunfos em 19 jornadas e ‘tombou’ por 3-2.
Com apenas uma vitória nos cinco jogos que antecederam a paragem do campeonato, devido à pandemia de covid-19, o Benfica começou a claudicar e a retoma confirmou os sinais de fragilidade, com empates ante Tondela e Portimonense.
Mesmo superando o Rio Ave, os ‘encarnados' começaram a dizer adeus ao título com um duplo desaire insular (Santa Clara e Marítimo) , enquanto se despediam do treinador Bruno Lage, o ‘comandante' que entrou fortalecido em 2019/20, mas que não resistiu à ‘derrocada' benfiquista, nos resultados e, sobretudo, nas exibições, repletas de equívocos coletivos.
Mesmo tendo perdido o ‘prodígio' João Félix e o ‘inquestionável' Jonas, o Benfica chegou a estar embalado para o bicampeonato e começou a I Liga com uma ‘mão cheia' ao Paços de Ferreira (5-0).
À terceira jornada, o Benfica foi ‘travado' em casa pelo FC Porto (2-0), mas reagiu de imediato com uma série pujante de 16 triunfos consecutivos, entre os quais aplicando a ‘chapa 4' a Sporting de Braga (4-0), Portimonense (4-0), Marítimo (4-0), Boavista (4-1) e Famalicão (4-0).
Impulsionados pelos golos de Pizzi e Vinícius, em contraste com a ‘seca' do reforço ‘milionário' Raul de Tomás - que saiu sem ‘glória' em janeiro -, os lisboetas prosseguiram na senda vitoriosa, superando o rival Sporting em Alvalade (2-0), com um ‘bis' de Rafa, que viveu uma época muito longe dos melhores desempenhos, e com o reforço invernal Weigl já integrado.
Paços de Ferreira e Belenenses SAD proporcionaram os últimos momentos de felicidade aos adeptos benfiquistas, que, a partir de então, e até ao adeus de Lage, assistiram ao ‘descalabro' de uma equipa que, à semelhança do que sucedeu em 2017/18 - então desperdiçando o ‘penta' - estendeu a ‘passadeira azul'.
Benfica fez segunda volta desastrada com Lage
Depois de somar 16 vitórias – mais um empate - em 17 jogos na segunda volta da época passada e de somar outras 16 – com uma derrota – na primeira volta da presente temporada, a equipa comandada por Bruno Lage ‘despistou-se’.
Os ‘encarnados’ ainda abriram a segunda volta com dois triunfos, mas, depois, com início num 2-3 no Dragão, num jogo em que vencendo ficavam com 10 pontos à maior sobre o FC Porto, só venceram dois dos 10 jogos seguintes.
Após o desaire face aos novos campeões, o Benfica perdeu em casa com o Sporting de Braga (0-1) e, após ganhar por 1-0 em Barcelos, colecionou quatro empates consecutivos, dois deles antes da interrupção provocada pela pandemia de covid-19.
Mesmo com quatro penáltis a favor, dois em cada jogo, o Benfica empatou 1-1 com Moreirense e em Setúbal, para, na retoma, quase três meses depois, ficar-se por um ‘nulo’ receção ao Tondela e por um 2-2 em Portimão, onde vencia ao intervalo por 2-0.
Contra um Rio Ave reduzido a nove, o Benfica ainda ganhou em Vila do Conde (2-1), mas não deu sequência a esse resultado, ao perder e casa com o Santa Clara (3-4) e no reduto com o Marítimo (0-2), com Lage ainda a pensar que podia dar a volta à situação.
O discurso calmo e virado para o jogo seguinte do técnico contrastava, porém, com exibições e resultados ‘medonhos’ e, após o ‘desastre’ do Funchal, Lage saiu mesmo, cedeu o lugar a Nelson Veríssimo, que ainda salvou os ‘móveis’.
Em cinco encontros, o ex-adjunto de Lage somou quatro triunfos, tantos quantos os conseguidos na segunda volta pelo ‘herói’ da ‘reconquista’ de 2018/19, mas em 12 jogos.
No total, os 29 pontos conquistados fazem desta a quarta pior segunda volta na ‘era’ três pontos (desde 1995/96), apenas melhor do que as de 2000/01 (23 pontos), rumo ao sexto lugar, 1996/97 (25) e 2007/08 (27), nesta última, a 30 jornadas, juntando as duas últimas rondas da primeira metade.
Na classificação da segunda volta de 2019/20, o Benfica seria apenas quinto, com menos 12 pontos do que o FC Porto e também atrás de Sporting de Braga (33 pontos), Sporting (31) e Rio Ave (30).
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