O SL Benfica emitiu esta sexta-feira um comunicado no seu site oficial em que dava a conhecer que iria avançar com um processo judicial contra a ex-eurodeputada Ana Gomes.

Em causa está um comentário da mesma na rede social Twitter, no passado dia 27 de junho, em que Ana Gomes questionou a transferência de João Félix para o Atlético de Madrid, por 120 milhões de euros.

O comentário foi interpretado pelos encarnados como sendo alusão a uma operação de lavagem de dinheiro/lavagem de capitais.

Assim, o Benfica considera que o comentário de Ana Gomes não é um mero exercício de "liberdade de expressão", mas sim uma declaração que teve "exclusivo propósito de denegrir o nome do Benfica e dos membros dos seus órgãos sociais".

De acordo com o comunicado, esta declaração "foi objeto de significativa repercussão na imprensa nacional e estrangeira, gerando enorme indignação no Sport Lisboa e Benfica, nos membros dos seus órgãos sociais, sócios e adeptos".

Em declarações à TSF, Ana Gomes reagiu à intenção do Benfica em processá-la dizendo apenas: "Façam favor".

Durante esta semana, Ana Gomes enviou uma carta várias instâncias portuguesas e europeias, em que pede a investigação de eventuais crimes de fraude, evasão fiscal e branqueamento de capitais cometidos através de transferências de jogadores de futebol, com base em documentos divulgados pela plataforma digital Football Leaks e por Rui Pinto.

Ana Gomes tem sido uma defensora de Rui Pinto, ‘hacker’ colaborador do Football Leaks, que está detido por alegado acesso ilegal e divulgação de documentos do Sporting e do fundo de investimento Doyen e cujo nome tem sido associado a divulgação de e-mails do Benfica.

O comunicado na íntegra:

O Sport Lisboa e Benfica, instituição de utilidade pública fundada em 1904, e os membros dos seus órgãos sociais livremente eleitos pelos sócios, têm a firme convicção que todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio.

O Sport Lisboa e Benfica e os membros dos seus órgãos sociais respeitam, por isso, todas as opiniões críticas que lhes sejam dirigidas no democrático exercício da liberdade de expressão constitucionalmente consagrada, por mais torpes, hipócritas ou oportunistas que as mesmas sejam.

Pela sua dimensão, é até inevitável que o Sport Lisboa e Benfica e, por inerência, os membros dos seus órgãos sociais sejam alvo de opiniões e críticas de toda a espécie e sejam mesmo visados negativamente por pessoas que apenas buscam o protagonismo fácil. Sempre foi assim e sempre assim será, sobretudo na era das redes sociais, que tão propícias são para o efeito. É, pois, uma realidade com a qual o Sport Lisboa Benfica tem de saber lidar e conviver.

O Sport Lisboa e Benfica e os membros dos seus órgãos sociais têm também, no entanto, desde logo perante os seus sócios, adeptos e simpatizantes, o dever de não permitir que o nome do Benfica seja objeto de difamação à margem de qualquer exercício de liberdade de expressão.

No passado dia 27 de junho de 2019, através de um comentário publicado na rede social Twitter, a Dr.ª Ana Gomes, ex-eurodeputada, objetivamente conotou a venda do atleta do Sport Lisboa e Benfica, João Félix, com uma operação de lavagem de dinheiro/branqueamento de capitais. A sua declaração foi objeto de significativa repercussão na imprensa nacional e estrangeira, gerando enorme indignação no Sport Lisboa e Benfica, nos membros dos seus órgãos sociais, sócios e adeptos.

O Sport Lisboa e Benfica considera que a declaração em causa não configura um caso de mero exercício da liberdade de expressão e que, pelo contrário, tem o exclusivo propósito de denegrir o nome do Benfica e dos membros dos seus órgãos sociais. Tem por isso o dever, perante os seus sócios e adeptos, de solicitar, desta vez, a apreciação desta questão pelos órgãos constitucionalmente competentes para o efeito, os Tribunais, o que fará pela instauração de um processo através dos seus advogados.

Lisboa, 5 de julho de 2019