"A Polícia de Segurança Polícia, em apoio ao Ministério Público de Guimarães já conseguiu identificar diversas pessoas suspeitas de proferir insultos racistas ao jogador do Futebol Clube do Porto", confirmou fonte da PSP ao SAPO24.

A fonte em causa não avança com um número de adeptos identificados, dizendo que a contagem ainda não está finalizada, e indica que estes dados serão também veiculados à Autoridade para Prevenção e o Combate à Violência no Desporto para que esta possa analisar a possível aplicação de sanções desportivas, isto depois de passar os dados ao MP no âmbito do  no âmbito do processo crime a ser investigado.

Esta informação surge depois da PSP ter emitido um comunicado ontem, dizendo estar a analisar imagens de videovigilância para identificar os suspeitos de ataques racistas feitos ao maliano Moussa Marega, jogador do Futebol Clube do Porto.

O Ministério Público instaurou um inquérito, sob investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Guimarães, quanto aos insultos racistas dirigidos ao jogador Moussa Marega, assim como a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD), que instaurou um processo contraordenacional na sequência do incidente.

“Temos uma ‘task force’ a fazer isso [analisar as imagens de videovigilância] a tempo inteiro para que rapidamente consigamos identificar o aparente elevado número de pessoas que participaram nesses cânticos racistas”, disse à agência Lusa o diretor nacional da PSP, superintendente-chefe Magina da Silva, à margem da tomada de posse do número dois da Polícia e do comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP).

Segundo o diretor nacional da PSP, em causa podem estar eventualmente dois tipos de infrações, designadamente uma que é um crime previsto e punido pelo Código Penal e outra que é uma contraordenação no âmbito desportivo da lei do combate à violência no desporto.

Magina da Silva frisou que vão ter de “responder nestas duas sedes quando forem identificados”.

O diretor nacional da PSP disse também que a divulgação de mensagens racistas dentro de um campo de futebol é inédita com “esta dimensão e estes efeitos”, mas “infelizmente já aconteceu pontualmente noutras circunstâncias”.

No domingo, Marega pediu para ser substituído ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, depois de ter sido alvo de cânticos e gritos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.

Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro.

Entretanto foram já vários os atletas, personalidades e organismos a mostrarem solidariedade para com o atleta e a repudiar os insultos de que foi alvo, entre os quais Marcelo Rebelo de SousaAntónio CostaFerro Rodrigues, assim como vários colegas de profissão.

O secretário de Estado da Juventude e Desporto considerou o incidente com o futebolista maliano do FC Porto Marega intolerável é inaceitável, assegurando que as autoridades já estão a trabalhar para identificar os responsáveis, a fim de serem punidos.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) lamentou o incidente e salientou que os atos de racismo “envergonham o futebol e a dignidade humana”, defendendo a punição destes.

Também os partidos se manifestaram, condenando o sucedido, nomeadamente o PS e o Bloco de Esquerda.

Em comunicado, o FC Porto condenou ontem os insultos racistas ao maliano Moussa Marega, considerando-os como um "dos momentos baixos da história recente do futebol português". Já o Vitória de Guimarães informou no domingo que "vai averiguar o sucedido no decurso do jogo realizado no Estádio D. Afonso Henriques, agindo com firmeza e consequência, em cooperação plena com as entidades judiciais competentes".

Outra das reações foi a do Sporting CP, que em comunicado publicado no seu website manifestou a sua solidariedade com Marega e admitiu não se rever neste tipo de comportamento, considerando, "que as autoridades devem agir em nome de todos aqueles que pretendem elevar o desporto e a sociedade portuguesa".