Numa carreira iniciada em 1955, Mário Barros orientou alguns dos principais clubes nacionais, entre eles FC Porto, Sanjoanense, Vasco da Gama e Lusitânia dos Açores, e foi selecionador nacional de sub-18.
Num trajeto que, disse, foi movido a "paixão, muita paixão", Mário Barros acumulou dez títulos de campeão nacional nos escalões cadetes e juniores e venceu ainda um campeonato da II Divisão.
Detém ainda o registo de 15 presenças consecutivas em fases finais nacionais nos escalões de cadetes e juniores, sendo o atual coordenador técnico e treinador sub-16 do AC Alfenense, da Associação de Basquetebol do Porto.
Filho de uma família humilde da zona das Fontaínhas, no Porto, é de uma bola de trapos, um cesto desenhado a giz na parede de um colégio e de uma janela partida para onde lançava a bola que recorda os tempos que precederam a sua entrada no Vasco da Gama.
Na Alameda das Fontaínhas, "onde jogava com uma bola de trapos" e em que "descalçava os sapatos para fazer de baliza" teve um dia um encontro com a autoridade que deixou marcas no polícia.
"Um dia um polícia apanhou-me, tirou-me a bola de borracha e, como me estava a apertar muito as mãos, dei-lhe uma dentada e consegui escapar. Perdi a bola, mas evitei que os meus pais tivessem de pagar uma multa de 25 tostões", recordou.
Com 12 anos, a exibição das habilidades que via fazer aos jogadores da famosa equipa dos Harlem Globetrotters abriu-lhe as portas da competição.
"Ganhámos os campeonatos distritais. Foi uma equipa que ficou famosa - os super infantis do Vasco da Gama -, começou ai a minha carreira de jogador, tendo sido considerado anos mais tarde o melhor júnior do Porto", acrescentou.
Ainda júnior e de uma aposta do clube numa escola de formação nasceu a oportunidade para iniciar a carreira de treinador, alcançando logo dois títulos nacionais em juniores e outro na II Divisão como sénior no emblema do Parque das Camélias.
"Uma grave lesão, uma fratura do menisco interno e externo", apressou-lhe o final da carreira de jogador, seguindo-se 15 anos no FC Porto, no qual destacou "a sorte de encontrar jogadores que ajudaram a conquistar inúmeros títulos".
Nesse período, treinou o atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e membro da comissão de honra do grupo que está a preparar-lhe uma homenagem, Fernando Gomes, entre outros "atletas que atingiram notoriedade a nível social e que chegaram à seleção A".
"A nós, treinadores, fica sempre algo por fazer e ainda tenho projetos para realizar. Um deles é tentar transmitir a minha experiência e conhecimentos nos livros que tenciono publicar", revelou à agência Lusa.
Sublinhando que, nesta fase da sua vida, "é o prazer" que o move, testemunhou sentir "a mesma motivação de quando era mais jovem".
Reformado da profissão de bancário desde os 57 anos, Mário Barros contou que "os tempos livres são passados com o basquetebol".
"Parto sempre do princípio de que pouco sei, pelo que há sempre muito para aprender. Mesmo que durasse mais 20 anos não irei aprender tudo o que tenho em minha casa. Devo ter uma das melhores bibliotecas do país e passo o tempo em pesquisa e a estudar", disse o decano dos treinadores portugueses.
Convidado a dar um conselho, Mário Barros foi taxativo: "O caminho para a excelência não tem fim. Nunca nos podemos dar por satisfeitos, há que tentar sempre superar-nos, há sempre algo para aprender."
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