“Não vou fazer nenhum comentário sobre um assunto que não tem rigorosamente nada a ver com a vida política nem com as funções que exerço ou exerci”, afirmou António Costa.
O também primeiro-ministro respondia a questões dos jornalistas após discursar no encerramento do XIX Congresso da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, no pavilhão Paz e Amizade, em Loures.
“A liberdade de expressão é, felizmente, algo que existe em Portugal. Da minha parte, não faço nenhum comentário, não tenho nada a dizer sobre uma matéria que não tem rigorosamente nada a ver”, concluiu.
O jornal semanário Expresso noticiou hoje que Costa e o seu sucessor na Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, fazem parte da comissão de honra de Vieira para as eleições das “águias”, em outubro.
O presidente do PSD, Rui Rio, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o porta-voz do PAN, André Silva, criticaram hoje o apoio de Costa de Medina à reeleição de Vieira para a presidência do Benfica.
“Eu sempre achei mal a mistura entre a política e o futebol profissional” respondeu Rui Rio quando questionado sobre este caso, remetendo para o tempo em que liderou a Câmara Municipal do Porto, quando, devido à sua posição, várias vezes esteve envolvido em polémica com o presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa.
Salientando que “hoje até há problemas quase de ordem judicial metidos nisto”, o presidente do PSD recordou que tem essa posição “há muito anos”.
“Quando nós estamos em cargos políticos de algum relevo, de um modo geral, devemo-nos abster de misturar estas coisas”, acentuou Rui Rio.
Já a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu que “não pode existir cumplicidade entre a política e os negócios”.
“Saber hoje que o primeiro-ministro acha normal fazer parte de uma comissão de honra de alguém que é dos maiores devedores do Novo Banco e que está implicado no problema do BES (Banco Espírito Santo) não fica bem”, afirmou Catarina Martins.
“Nada pode ser como antes e a cumplicidade entre a política e os negócios não pode ser aceite neste país”, vincou.
Quanto ao porta-voz do PAN, afirmou, citado num comunicado do partido, que "todas estas situações de ligação próxima da política ao futebol não são admissíveis do ponto de vista ético, porque abrem a porta a que o amor ao clube se possa sobrepor ao compromisso para com o interesse público, que deverá sempre nortear qualquer titular de um cargo político no exercício do cargo".
O partido defende que, "face a este caso, e aos restantes casos recentes de ligação institucional de deputados ao mundo futebol, é importante que, o quanto antes, o parlamento faça a sua parte no combate a estas promiscuidades e tenha a coragem de aprovar a iniciativa do PAN que, seguindo o modelo já em vigor para os magistrados, impede a ocupação de cargos em órgãos de clubes de futebol".
"Esperemos, também, que António Costa volte atrás nesta sua decisão que descredibiliza a política e afasta os cidadãos, a bem da transparência e da salvaguarda do interesse público", apela.
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