“Graças a Deus, os dirigentes do futebol europeu deram mostras de bom senso (...) ao não participarem no que teria sido uma provocação política contra a Hungria", reagiu o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, à margem de uma reunião com os seus homólogos europeus no Luxemburgo, segundo uma declaração enviada à agência France-Presse (AFP) pela diplomacia húngara.
A UEFA, entidade organizadora do Campeonato da Europa de futebol de 2020 (Euro 2020), rejeitou hoje os planos da autarquia de Munique, que pretendia iluminar o estádio daquela cidade, o Allianz Arena, com as cores do arco-íris por ocasião do jogo entre as seleções da Alemanha e da Hungria, agendado para quarta-feira.
A iniciativa pretendia manifestar apoio à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) na Hungria, Estado-membro da União Europeia (UE) que aprovou recentemente uma lei que proíbe a divulgação de conteúdos sobre orientação sexual junto de menores de 18 anos.
“Pelos seus estatutos, a UEFA é uma organização politicamente e religiosamente neutra”, declarou o organismo que rege o futebol europeu, num comunicado.
A autarquia de Munique, liderada pelo social-democrata Dieter Reiter, também pretendia hastear bandeiras multicoloridas no recinto.
“Dado o contexto político deste pedido – uma mensagem que visa uma decisão tomada pelo parlamento nacional húngaro –, a UEFA deve recusá-lo”, referiu o organismo presidido pelo esloveno Aleksander Ceferin.
Na segunda-feira, e em reação às intenções do município de Munique, Péter Szijjártó afirmou, num tom crítico, que na proposta era “claramente detetada uma intenção de misturar a política com o desporto”.
“Todos sabem do que se trata”, disse na mesma ocasião o chefe da diplomacia húngara, considerando a iniciativa como “muito nociva e perigosa”.
A autarquia de Munique expressou de forma explícita que a ação pretendia manifestar solidariedade para com a comunidade LGBT húngara após a aprovação, na semana passada, de uma legislação classificada como homofóbica e encarada com grande preocupação pela Comissão Europeia e por várias organizações não-governamentais (ONG) internacionais.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, indicou mesmo que o executivo comunitário estava a avaliar se a nova lei húngara violava os princípios da legislação europeia.
Em causa está uma legislação, que o Governo do ultraconservador Viktor Orbán e o respetivo partido Fidesz conseguiram aprovar no parlamento, que proíbe a divulgação de quaisquer informações ou conteúdos relativos a orientação sexual, identidade ou expressão de género e características sexuais junto de menores de 18 anos.
Ainda na segunda-feira, em declarações aos jornalistas, Péter Szijjártó defendeu a legislação aprovada, argumentando que a nova lei visa apenas defender os direitos dos menores.
“Aprovamos uma lei em defesa das crianças húngaras e contra a qual a Europa Ocidental está agora a protestar”, reforçou então o ministro.
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