O workshop realizado na Cidade do Futebol, em Oeiras, contou com a presença do presidente do Conselho de Arbitragem (CA), José Fontelas Gomes, que abriu e fechou a sessão de trabalho, e do vice-presidente João Ferreira e do vogal Bertino Miranda, responsáveis pela condução dos trabalhos ao longo de três etapas: centro de vídeoárbitro, teste de interpretação de lances em vídeo e exame teórico sobre as Leis do Jogo.
Paralelamente, vários juízes da primeira categoria, entre os quais Artur Soares Dias, Hugo Miguel, Tiago Martins, João Capela e João Pinheiro, expuseram as condições de trabalho que fundamentam as tomadas de decisão durante os jogos, enfatizando a ideia de uma “arbitragem indireta” do jogo quando se exerce o papel de vídeoárbitro.
Assim, Artur Soares Dias assumiu a condução de um jogo-treino devidamente preparado para proporcionar inúmeros ‘casos’ aos jornalistas no âmbito dos quatro eixos do protocolo de intervenção do VAR: situação de golo/não golo, penálti/não penálti, cartão vermelho direto e identificação correta de jogador admoestado.
Com o apoio de um operador de imagem, os jornalistas rodaram pelos papeis de VAR, assistente de VAR (AVAR) e supervisor, comunicando com o juiz portuense sempre que necessário, o que acabou por acontecer inúmeras vezes numa hora repleta de incidências. Ato contínuo, sobressaíram as ausências de rotinas de comunicação, a dificuldade na seleção dos melhores planos e o enorme atraso na transmissão de uma conclusão.
“Daqui VAR”, diz um dos jornalistas para Artur Soares Dias, sinalizando um alerta. Quando fala o VAR, não fala mais ninguém nas comunicações entre a equipa de arbitragem. Enquanto o VAR observa um lance e o jogo está a decorrer, cabe ao AVAR acompanhar a ação. E se não há lances dignos de intervenção, há a necessidade de fazer um teste de som aos 22, 66 e 80 minutos para confirmar que os meios de comunicação VAR-árbitro continuam a funcionar.
A premissa da intervenção do VAR em Portugal obedece à resposta a uma única pergunta: “A decisão da equipa de arbitragem foi claramente errada?”, sendo a clareza inequívoca do erro a fronteira da intervenção pelas imagens televisivas. Para um funcionamento harmonioso, as equipas de VAR têm de chegar hora e meia antes das partidas para um ‘briefing’ com o operador e garantir a sincronização das câmaras.
Depois, tudo passa por muito treino dos 20 árbitros da primeira categoria e do debate interno no CA, do qual saem as instruções para uniformização de critérios, sempre com respeito por uma máxima: “Mínima interferência, máximo benefício”.
Os testes de interpretação de vídeo e das Leis do Jogo mostraram, por sua vez, um debate aceso entre os próprios jornalistas e a ausência de unanimidade na análise dos 20 lances apresentados, entre casos de jogos nacionais e internacionais, sobre uma ferramenta de auxílio que começou a ser aplicada no futebol português há cerca de ano e meio.
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