O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o seu antigo "braço direito", Paulo Gonçalves, são acusados de desviar cerca de seis milhões de euros da SAD do clube com três negócios de jogadores brasileiros, avança o Jornal de Notícias.
De acordo com a acusação, inferida pela procuradora Cristiana Mota, com o apoio do Núcleo de Apoio Técnico do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, o desvio do dinheiro terá ocorrido na aquisição de Luís Felipe, Marcelo Hermes e Daniel dos Anjos.
Segundo o JN, cerca de 4,2 milhões de euros do total foram transferidos para as contas de empresas geridas por Adolfo Oliveira, filho de Francisco Oliveira, que era amigo de Luís Filipe Vieira e olheiro no Brasil.
Para adquirir 50% do passe de Luís Felipe, o Benfica pagou, no verão de 2014, 1,8 milhões de euros ao Social Esportiva Vitória, uma semana depois de o clube brasileiro ter adquirido 100% dos direitos do jogador ao Palmeiras por 570 mil euros.
Contudo, o MP acusa o clube da Luz de pagar 1,2 milhões de euros extra num plano que visava “desviar do circuito formal contabilístico e bancário da SLB SAD o montante despendido na aquisição do jogador”, que, refira-se, nunca jogou pelos encarnados.
A acusação garante que um dos intermediários deste negócio foi o olheiro, que surge através das empresas Drible e Olisport, formalmente detidas pelo filho Adolfo, nos outros dois negócios no Brasil.
Os jogadores Marcelo Hermes e Daniel dos Anjos terão custado à SAD encarnada mais de 4,2 milhões de euros, apesar de, na época, estarem desvinculados dos seus clubes de origem.
Entre 2016 e 2019, os arguidos terão ainda, alegadamente, simulado a compra e venda de jogadores com o Vitória de Setúbal para injetar dinheiro no clube sadino, que atravessava grandes dificuldades financeiras.
O objetivo do então presidente do Benfica seria conseguir um aliado a nível desportivo e a nível administrativo na Liga de Clubes.
Para o efeito, Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves simularam negócios com as transferências de Bruno Varela, João Amaral e Willyan Barbosa, que lucraram 784 mil euros ao Vitória de Setúbal.
Nesta vertente do caso dos emails, processo que conta com 11 arguidos, são também acusados dois antigos presidentes do Setúbal, Fernando Oliveira e Vítor Valente, e um ex-diretor desportivo, Paulo Grencho.
Mediante as acusações de crimes de corrupção com participação económica em negócio e fraude fiscal, o MP quer que Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Fernando Oliveira, Vítor Valente e Paulo Grencho sejam condenados à pena acessória de proibição do exercício da profissão ou atividade de agente desportivo.
O MP reclama também 784 mil euros ao Vitória Futebol Clube e aos arguidos ligados ao emblema sadino, e exige o pagamento de quase 900 mil euros à SAD do Benfica, a Luís Filipe Vieira e a Paulo Gonçalves.
Por outro lado, pede que os dois clubes sejam suspensos das competições desportivas.
Segundo a publicação, o atual presidente dos encarnados, Rui Costa, e o ex-administrador, Domingos Soares de Oliveira, foram ilibados de suspeitas, uma vez que não foram recolhidos indícios de que ambos estivessem envolvidos no esquema.
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