Volvidos exatamente três meses desde que Pedro Madeira Rodrigues se apresentou como candidato às eleições presidenciais do Sporting Clube de Portugal, o candidato faz um balanço dos tempos de campanha, salientando a sua transparência, ao relembrar que quando se candidatou o Sporting estava em todas as frentes, e a sua dedicação, salientando que, inclusive, largou o seu trabalho para se dedicar totalmente ao clube.

E isso foi reconhecido, disse, no momento em que os outros possíveis candidatos excluíram candidatar-se para apoiar Madeira Rodrigues. "Os possíveis candidatos reconheceram em mim a força e capacidade em condições de vencer", salientou o candidato leonino.

O candidato às eleições deste sábado fez um balanço positivo destes meses de campanha dizendo que neste momento "todo o país sabe que posso perfeitamente as eleições do dia 4 de março".

Centrando o discurso no projeto para o futebol, Madeira Rodrigues voltou a salientar o regresso de dois nomes que foram campeões nacionais pelo Sporting no início do milénio (Laszlo Bolöni e Delfim) assim como o perfil "ganhador" e "experiente" de Juande Ramos, o segredo mais bem guardado da sua candidatura, segundo o próprio.

"Perguntam mais sobre o Benfica, o Bruno de Carvalho, e menos sobre o meu programa", lamentou Madeira Rodrigues, que salientou, sem voltar a especificar, que tem grandes ideias para aplicar nas modalidades e nos núcleos do sportinguistas espalhados por todo o país.

No dia seguinte à apresentação dos resultados da Sporting SAD, que apresentaram um lucro de 46.521 milhões de euros, Madeira Rodrigues voltou a dizer que se sente preocupado em relação aos resultados financeiros do clube.

E ao falar em finanças, o nome de José Maria Ricciardi veio ao de cima, tendo o candidato à eleições leoninas aproveitado para desabafar sobre o momento em que decidiu revelar a gravação em que Ricciardi aparecia a falar na possibilidade de o clube perder a maioria da SAD, dizendo que "foi uma situação complexa, porque era uma gravação ilícita". "Mas tive de fazer o que minha ao coração", reconheceu.

Após ter ouvido a gravação, Madeira Rodrigues diz-se ter rido ao lembrar-se que aquele mesmo homem o tinha chamado de "mafioso".

Sublinhando que não faz acusações sem factos que as suportem, Madeira Rodrigues salientou o resultado do debate frente a Bruno de Carvalho como o momento mais alto da sua campanha. "No debate percebeu-se bem a diferença da personalidade, de caráter e de liderança dos dois candidatos à presidência do Sporting", disse.

"Acredito que exista uma maioria silenciosa que se revê na minha candidatura"

Falando aos sportinguistas sobre as eleições do próximo sábado, Pedro Madeira Rodrigues voltou a apelar a uma grande mobilização, dizendo acredita na existência de uma "maioria silenciosa" de sportinguistas que "se revê mais na minha candidatura do que na outra".

Essa "maioria silenciosa" deve, segundo o candidato, "mandar embola aquelas pessoas que já tiveram a sua oportunidade e que deixaram o Sporting numa situação complicada a nível de valores, desportivos e financeiro". Palavras que foram resumidas a três nomes: Bruno de Carvalho, Jorge Jesus e José Maria Riccardi. "Chegou a altura de dizer que não os queremos mais aqui no nosso clube", voltou a salientar Madeira Rodrigues que reafirmou que se não for campeão nos próximos quatro anos não se volta a candidatar, num discurso que remonta ao de Bruno de Carvalho que em 2013 assumiu uma postura semelhante em relação à conquista de títulos.

"Vamos “torrar” o dinheiro que ganhámos com João Mário e Slimani"

"Dormi muito bem ao longo desta campanha", disse o candidato Madeira Rodrigues já no período de respostas aos jornalistas presentes na conferência na sede de campanha do homem que desafia a presidência de Bruno de Carvalho.

Rejeitando um cenário de derrota, Pedro Madeira Rodrigues diz que só pensa na vitória e que a partir daí a sua relação com o atual presidente dos leões será igual à de que terá com qualquer outro sócio. "Vai ser mais um sócio que vou servir", disse.

Por agora, antes das eleições, o candidato faz de Bruno de Carvalho um dos culpados do "disparar da massa salarial" do clube, que Madeira Rodrigues diz ser "uma massa salarial milionária para resultados desportivos muito fracos".

Em oposição, o seu projeto "Sempre na Frente" conseguirá uma equipa "muitíssimo competitiva" com menos gastos, ao fazer uma gestão mais 'cirúrgica' do capital.  "Vamos “torrar” o dinheiro que ganhamos com João Mário e Slimani", disse.

Afirmando que as contas ontem apresentadas o "chocaram", Madeira Rodrigues salientou que o clube tem "resultados operacionais muito negativos", e criticou a forma "pomposa" como foram apresentadas. O candidato classificou ainda como "desrespeitosa" como o atual presidente "disse que tinha dinheiro retido na UEFA".

"Perguntem a Jorge Jesus se ele pede 20 milhões ou se sai pelo seu próprio pé"

No final o tema a que não se podia escapar: Jorge Jesus.

Quando questionado sobre o que aconteceria após o resultado eleitoral se tornar público, Madeira Rodrigues disse que ia esperar até segunda-feira para se reunir com o técnico português para que se chegue a um acordo sobre a sua saída. "Eu acredito que ele vai sair pelo próprio pé", diz.

Mas sem deixar cair o tema, Pedro Madeira Rodrigues deixou uma pergunta encomendada aos jornalistas "perguntem a Jorge Jesus se ele pede 20 milhões ou se sai pelo seu próprio pé".

Já com Juande Ramos negociado, o candidato a Alvalade confessa que não foi fácil convencer o técnico espanhol a vir trabalhar para Lisboa por um valor inferior ao de Jorge Jesus, especialmente, sabendo que ele é melhor que o atual técnico, disse Madeira Rodrigues. "Ele vai ganhar menos, mas não muito menos", salientou.

Este sábado o Sporting vai a votos, numa eleição que vai colocar frente a frente Bruno de Carvalho, atual presidente do clube de Alvalade, e Pedro Madeira Rodrigues.

[Notícia atualizada às 19:29]