A favor e contra José Mourinho e o Manchester United
Apesar da atual situação na tabela não favorecer, de todo, os Red Devils, a história contraria isso mesmo: o total de confrontos entre os dois clubes de Manchester, mas também os mais recentes jogos entre as equipas, são pontos positivos a favor de José Mourinho e do United. Nos últimos oito jogos entre os rivais, o City arrecadou apenas duas vitórias, enquanto o United conseguiu selar metade dos jogos a seu favor, com um total de quatro vitórias. De forma a completar as contas as equipas acabaram empatadas por duas vezes.
Infelizmente os pontos a favor do Manchester United e de Mourinho ficam-se por aqui. Mas vejamos o que mais poderá influenciar o dérbi de Manchester.
Desde a chegada de Pep Guardiola à Premier League que este nunca perdeu em casa com a mesma equipa, de forma consecutiva. Estando na cabeça do treinador não o recorde, mas o último jogo no Etihad entre ambas as equipas, será esse mais um fator a ter em conta, já que os Red Devils viraram um resultado negativo de 2-0, para um surpreendente 2-3 a sete de abril deste ano. Curiosamente os vermelhos de Manchester vêm de dois jogos em que também viraram um resultado negativo, estarão a treinar para domingo? Na altura do jogo do Etihad, uma primeira parte totalmente dominada pelos Citizens fazia um dois zero ao intervalo parecer escasso, mas como é apanágio deste Manchester United, uma segunda parte com muito coração trazer-nos-iam três golos sem resposta. Adiando, na altura, a entrega do título de campeão aos azuis de Manchester.
E é mesmo o diferencial entre as primeiras e as segundas partes que tem que ser analisado quando se fala deste Manchester United. Dizia José Mourinho, no final do último jogo frente ao Bournemouth, que estava feliz ao intervalo porque podia estar a perder por 6-2, e na na realidade estava só 1-0 a favor da equipa adversária.
Tendo ficado com esse hipotético resultado na cabeça, fui pesquisar o diferencial do Manchester United ao intervalo, já que tinha a sensação de as primeiras partes, em especial, estarem constantemente não só a comprometer a equipa, como a definir os jogos e o padrão das exibições do United nesta temporada. Acabando por não apresentar um diferencial negativo, o número de golos marcados e golos sofridos ao fim de quarenta e cinco minutos, nas onze jornadas jogadas até ao momento, também não é positivo. Contabilizando apenas os jogos a contar para a Premier League, os Red Devils marcaram nove golos, sofrendo exatamente os mesmos nove até ao apito do árbitro para o descanso intermédio.
Numa equipa que quer e tem possibilidades para fazer melhor, algo não tem corrido bem nas primeiras partes dos encontros. Este fim de semana, não fosse este já um jogo difícil, ao analisarmos o adversário dos Red Devils na mesma estatística conclui-se que o United poderá estar perante um início de jogo muito, mas mesmo muito complicado.
A equipa de Pep Guardiola, leva 17 golos marcados e apenas 3 sofridos nas primeiras partes do mesmo número de jogos. Se levarmos em conta que, no total, os Citizens levam 33 golos marcados - levando a um registo semelhante entre as primeiras e as segundas partes -, mas apenas quatro sofridos, faz com que a gestão de jogo por parte do treinador espanhol, que é tão bem conhecida, tenha permito à equipa sofrer apenas um golo em onze segundas partes efetuadas, nada mais, nada menos do que 495 minutos de jogo.
Se tivermos em conta que a segunda metade foi, no último jogo entre ambas as equipas, e é onde o United melhor se apresenta e onde tem, à semelhança da passada quarta-feira frente à Juventus de Cristiano Ronaldo, conseguido dar a volta a alguns marcadores mais desfavoráveis, percebemos que, caso não entre em campo de forma diferente do habitual, a equipa de José Mourinho poderá colocar-se numa posição muito pouco confortável.
Assim sendo, a estratégia de José Mourinho, dada a diferença colossal entre as equipas, poderá passar por tentar sobreviver até ao intervalo e deixar que a emoção, o coração e a disponibilidade física de ambas as equipas possa afetar ao máximo o resultado, permitindo à equipa sair do estádio do rival com um ou quem sabe três pontos no bolso. Tarefa muito difícil, mas que não será de todo impossível.
Termo de comparação
Olhemos por exemplo para o Arsenal de Unai Emery, cuja percentagem de golos marcados nas segundas partes esta época é de 75%. Uma estatística completamente diferente, mas que nos permite uma outra perspetiva. Em contraste com o United, aqui existe não só um desequilíbrio entre a primeira e a segunda parte, o que não acontece com a equipa de José Mourinho, o que nos dá a oportunidade de analisarmos outros fatores. O ‘novo’ futebol do Arsenal requer paciência, posse de bola e construção. Tendo essa premissa no seu estilo, os golos poderão acabar por surgir com mais naturalidade quando a equipa que defende está mais cansada, já que o Arsenal está ainda numa fase de transição e não tem, ainda, a capacidade de domínio de jogo de equipas como o Manchester City. Esse domínio permite a equipas mais dominantes equilibrar o seu jogo e depender menos do cansaço da equipa adversária.
Já com o United, o estilo de jogo não parece ter influência. A incapacidade que este tem demonstrado em dominar jogos, em ter posse de bola e mesmo em sair em contra-ataque, devido muitas vezes ao bloco mais recuado não deixa perceber a real causa de não conseguir superioridade sobre os adversários. O que podemos observar é que quando o United está a perder ou quando o empate parece à equipa adversária ser um bom resultado, a equipa de José Mourinho consegue então beneficiar ou do recuo ou da desorganização do opositor. Um estilo reativo do United em contraste a um estilo mais activo por parte do Arsenal
Esta semana na Premier League
Um ‘Super Sunday’ recheado de jogos, onde tirando o jogo entre Liverpool e Fulham que dará o pontapé de saída ao Super Domingo da Premier League, todos os restantes encontros apresentarão portugueses. Ao jogo de Anfield, estádio do Liverpool, segue-se o Chelsea Vs. Everton (14h15), o Arsenal Vs. Wolverhampton (16:30) e o Manchester City Vs. Manchester United (16h30). Para além de percebermos o quão dramático poderá ser o dérbi de Manchester, ficaremos igualmente curiosos para saber se os três, City, Chelsea e Liverpool, continuarão na senda de invencibilidade ou se finalmente um dos clubes irá ceder e passar uma jornada da liga mais competitiva do mundo sem amealhar um ponto que seja.
A todos um excelente ‘Super Sunday’.
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