E já se dança, com os primeiros jogos desta edição da "Loucura de Março" (inserir emoji a encolher os ombros) nos livros de História. O bailarico vai continuar até 8 de Abril, data da final do torneio, em que cerca de 73 mil pessoas poderão lotar o U.S. Bank Stadium, na cidade de Minneapolis, para assistir ao levantar da taça pelos sucessores dos campeões do ano passado, os Villanova Wildcats, que bateram os Michigan Wolverines na final, por 79-62, numa grande prestação individual de Donte DeVicenzo, atual jogador dos Milwaukee Bucks, da NBA.
As universidades favoritas
Na edição deste ano, é impossível não dar favoritismo aos Duke Blue Devils, seguidos de perto pelos Gonzaga Bulldogs e pelos Virginia Cavaliers. Os comandados pelo lendário Mike Krzyzewski têm protagonizado uma das histórias mais mediáticas desta época, sobretudo por culpa do fenómeno Zion Williamson, de 2 metros e 130 quilos. A mais que provável 1.ª escolha do draft da NBA fez notícia quando rebentou uma das sapatilhas que usava num jogo desta temporada, é comparado a LeBron James e, em Duke, é bem secundado por R.J. Barrett e Cam Redish.
Numa segunda linha de equipas candidatas ao título surgem os Michigan Wolverines, os Kentucky Wildcats, os Michigan State Spartans, os North Carolina Tar Heels e os Tennessee Volunteers.
Os melhores «prospects»
Zion Williamson é a estrela desta classe de 2019, mas há outros nomes com capacidade para causar impacto imediato na NBA e seguir com atenção no torneio. Um deles é o "atirador" R.J. Barrett, colega de Zion em Duke. Mas há mais. Os bases Ja Morant (Murray State) e Coby White (North Carolina), os extremos Jarrett Culver (Texas Tech) e De'Andre Hunter (Virginia), e os postes Jaxson Hayes (Texas) e Bol Bol (Oregon). Sim, este último é o filho de Manute Bol, ex-jogador da NBA falecido em 2010, que tinha de 2,31 metros de altura e 2,59 metros de envergadura.
E há ainda a curiosidade em acompanhar os trajetos do japonês Rui Hachimura (Gonzaga) - o primeiro nipónico a ser escolhido no draft - e do angolano Bruno Fernando (Maryland).
O trio luso
Os três portugueses apenas entram em campo esta sexta-feira. O primeiro será Francisco Amiel (18h45), quando os Colgate Raiders (15th seed) defrontarem os poderosos Tennessee Volunteers (2nd seed). No mesmo dia, mas um pouco mais tarde (22h50), Neemias Queta e Diogo Brito tentam liderar os Utah State Aggies (8th seed) a um triunfo frente aos Washington Huskies (9th seed).
Após épocas muito felizes em termos coletivos - Francisco Amiel foi campeão da conferência Patriot, enquanto Neemias Queta e Diogo Brito venceram a conferência Mountain West -, o trio de basquetebolistas lusos segue, então, para a loucura da March Madness. Não são, no entanto, os primeiros portugueses a chegar a esta fase da competição, uma vez que João Coelho jogou em três edições do torneio, entre os anos de 1998 e 2002.
Individualmente, o base não registou números por aí além (médias de 3.1 pontos, 2.0 ressaltos e 1.8 assistências), mas a sua importância enquanto capitão de Colgate foi evidente. Em melhor plano estatístico esteve Diogo Brito (23.6 minutos, 8.3 pontos, 4.3 ressaltos, 2.2 assistências, 1.1 roubos de bola, 43.3 FG%, 39.6 3P%), embora tenha sido Neemias aquele que mais brilhou (26.9 minutos, 11.9 pontos, 8.9 ressaltos, 1.7 assistências, 0.6 roubos de bola, 2.4 desarmes de lançamento, 62.7 FG%, 56.0 FT%).
O poste esteve em grande destaque e, em época de estreia na NCAA, arrecadou os prémios individuais de Defensive Player of the Year e Freshman of the Year, para além de integrar as All-Second Team, All-Defensive Team e All-Tournament Team. E o impacto que teve no sucesso de Utah State (no início da época estava apontada ao 9.º lugar da conferência, pelos analistas, e foi campeã) está a levar os «scouts» da NBA a abrir o olho para o português que nasceu no Barreiro há 19 anos e hoje tem 2,11 metros.
O mais recente «mock draft» da Sports Illustrated coloca-o na 29.ª posição da primeira ronda do draft da NBA, o Bleacher Report escreve que o poste é o 35.º melhor ‘prospect’ do draft e o 7.º melhor poste disponível, enquanto o Eurospects, portal de informação sobre os jovens mais promissores da Europa, coloca Neemias no 2.º posto da geração de 1999.
Convocado recentemente para a Seleção Nacional de seniores e presença garantida no Campeonato da Europa de Sub-20 (Divisão B) que se realiza em julho, em Matosinhos, Neemias está a caminhar a passos largos rumo à NBA (seja este ano ou no próximo) e é, por isso, apenas mais um aliciante para seguirmos esta edição da March Madness. Seja pelo Neemias, pelo Diogo e pelo Amiel, seja pelo Zion, pelo Ja Morant e pelo Bruno Fernando, ou seja pelo entusiasmo próprio de mais um torneio de basquetebol universitário, está na hora de se despedirem das vossas famílias, recarregarem o stock de pipocas e deixarem-se contagiar pela loucura da March Madness.
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