Para começar, os Rockets foram os grandes vencedores da off-season. Com 2 meses de época já decorridos, podemos afirmá-lo com todas as garantias. Quem tinha dúvidas do resultado que daria juntar dois bases que adoram ter a bola nas mãos como James Harden e Chris Paul, esqueceu-se que, num bom sistema, num bom ambiente, quanto maior for a quantidade de talento, melhor. Não há outra maneira de ver isto: a possibilidade de ter um dos melhores bases de todos os tempos em campo por 48 minutos a cada jogo aproxima qualquer equipa do sucesso.
É exatamente isso que se passa em Houston. Harden e Paul desempenham o papel de base quase na perfeição. Quando estão em campo, a percentagem dos lançamentos marcados pelos seus colegas assistidos por um deles é de 45% e 43%, respetivamente. É uma influência esmagadora de um plantel que foi criado para destruir qualquer defesa. O que os torna tão demolidores? A capacidade para executarem, vezes sem conta, as jogadas que são mais eficazes para ganhar. Mesmo sendo repetitivos, o adversário não consegue pará-los e isto é extremamente desmoralizador.
"Moreyball" não é somente lançar muitos triplos, evitar duplos longos e mid range shots, atacar o cesto e procurar afundanços para os Bigs. Esta expressão, com origem no dono dos Rockets, Daryl Morey, também significa atribuir a função em que cada jogador é melhor e executar o plano otimizado sem parar. Falta prová-lo na fase decisiva dos playoffs, contra as melhores equipas da NBA. Mas foi para isso que, ao longo das últimas épocas, foram contratando jogadores tão experientes como PJ Tucker, Nenê Hilário, Luc Mbah-a-Moute e, claro, Chris Paul.
Antes de irmos a alguns dados que mostram com Houston está, ofensivamente, ao nível dos Warriors, deixamos esta pequena conclusão geral com a lista de jogadores do plantel que estão a ter a temporada mais eficiente das suas carreiras: James Harden, Chris Paul, Trevor Ariza, Ryan Anderson, PJ Tucker, Clint Capela e Nenê Hilário. Lista de jogadores na sua segunda temporada mais eficiente da carreira: Eric Gordon e Luc Mbah-a-Moute.
Neste momento, Rockets e Warriors lutam para tentar ter o melhor ataque de sempre da NBA. O recorde pertence aos Lakers de ‘87, com 115,6 pontos marcados por 100 posses de bola. Atualmente, os Rockets estão com 115,7 e os Warriors com 115,6. A lesão de Chris Paul, logo no primeiro jogo da temporada, veio prejudicar esta avalanche texana, que está numa série de 14 vitórias seguidas e com um recorde 15 vitórias e zero derrotas em jogos em que Paul participou. Também por essa razão o trio Harden-Paul-Gordon ainda não teve muito tempo para se mostrar ao mesmo tempo. Contudo, em 52 minutos em court, marcam 144,8 pontos por 100 posses de bola. A sua percentagem de lançamento de dois pontos é de 72%; de triplos, 42%. São valores quase pornográficos.
Mas dediquemos umas linhas ao mais novo membro deste trio de back court. Chris Paul está a ter um início de temporada em Houston ao seu melhor nível: 129 assistências para apenas 33 turnovers, 54% de acerto em lançamentos de dois pontos, 43% em triplos, 91% da linha de lance livre. Com ele, os Rockets passam de uma excelente equipa, entre as cinco melhores da liga, para encostar naquela que é por muitos considerada como uma das melhores de todos os tempos, os Golden State Warriors.
Houston está a caminho de se tornar confortavelmente uma das melhores sete equipas de todos os tempos na fase regular e é por isso que James Harden, depois de ter sido derrotado na luta para MVP nas duas últimas épocas por um Stephen Curry unânime dos Warriors (73-9) e por um Westbrook em modo super-guerreiro com média de triplo-duplo, vai conquistar o prémio este ano com uma grande vantagem. O Barba está a marcar 31,5 pontos, a fazer 9,1 assistências e a ganhar 5 ressaltos por jogo, com uma utilização de 36 minutos por partida. Isto dá 42,4 pontos e 12,3 assistências por 100 posses de bola.
Para além disso, Harden tem carregado a equipa às costas com um brilhantismo que se reflete em 76 pontos (marcados e assistidos) por 100 posses de bola no tempo em que esteve em campo sem Chris Paul. Mais soberbos ainda são os seus números em isolamento (jogadas de um contra um): em 239 posses de bola marcou 303 pontos, 1,25 por posse com uma eficácia de 60,6%, deixando o pavilhão a arder. A título de exemplo, os Oklahoma City Thunder marcaram 313 pontos em situações de um para um, mas precisaram de 373 posses de bola, mais 132 que Harden. Assustador.
Como é que os Rockets podem derrotar os Warriors em sete jogos é a pergunta que vamos continuar a fazer até junho. Há uma série de lineups que podem ser usados e que vão criar imensas dificuldades aos campeões quando estes também utilizarem small ball com Kevin Durant ou Draymond Green na posição 5. Luc Mbah-a-Moute a 5, com Harden, Paul, Gordon e PJ Tucker, é o meu lineup de eleição.
Eric Gordon é o pior defensor, mas tem tamanho para trocar com os colegas na defesa. Harden e Chris Paul são perfeitamente capazes de defender Curry e Thompson (ou até Green ou Iguodala, se trocarem Mbah-a-Moute ou Tucker para tentarem parar os jogadores mais letais dos adversários).
A escolha de Tucker em vez de Trevor Ariza depreende-se com Kevin Durant. Tucker é mais forte, portanto poderá ser mais capaz de parar Durant, para além de também "aguentar" com Draymond Green. Ofensivamente, colocará os Warriors à prova como sendo parte de um lineup em que existem cinco jogadores capazes de marcar triplos, de cortar para o cesto, de passar a bola.
Então e Clint Capela, que é dos jogadores que mais evoluíram este ano ao lado de Harden e CP3? O poste suíço vai ser a arma predominante quando Steve Kerr inventar qualquer jogador para a posição 5 que não seja Green, Durant ou David West. Sempre que Zaza Pachulia, Javale McGee ou Kevon Looney estiverem em court, do outro lado haverá um Capela para os aniquilar.
E é provável que esteja a ser injusto, mas o poste titular de Houston é bem capaz de chegar ao fim da temporada pronto a defender Durant, Klay Thompson ou Steph Curry.
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