Há quem diga que é agora que começa verdadeiramente a época da NBA. Já não são possíveis mais trocas entre equipas, já passou a pausa do All-Star e, agora, é a doer. Enquanto o Oeste treme com o poderio dos Golden State Warriors - 16 vitórias nos últimos 18 jogos, onze dos quais com o reforço DeMarcus Cousins -, o Este está ao rubro. E apesar do honroso terceiro lugar dos Indiana Pacers (38v-20d), toda a gente acredita que o campeão desta conferência vai sair do quarteto composto por Bucks (44v-14d), Raptors (43v-16d), 76ers (38v-21d) e Celtics (37v-22d). Três destas quatro equipas mexeram no 'trade deadline' e apontam ao topo do Este, mas sem deixar de acreditar que o título da NBA é possível. Afinal de contas, ainda na época passada os Houston Rockets estiveram a uma coxa saudável do Chris Paul de distância das Finais.
Uma sondagem que postei no Twitter, com mais de 500 votos, mostra que Bucks, Raptors, Celtics e 76ers têm motivos para acreditar. À pergunta "Que equipa vai vencer a conferência Este?", 35% dos votantes escolheram a formação onde brilha o grego Giannis Antetokounmpo, 26% apostam no conjunto orientado por Brad Stevens, 22% metem as fichas nos canadianos e 17% apoiam a equipa que resultou do Processo.
Ou seja, não há uma equipa que se destaque de forma evidente das restantes nesta votação e, olhando para os pontos fortes e fracos das quatro formações, é difícil apontar um favorito. Senão vejamos:
Milwaukee Bucks
Superiormente orientados por Mike Budenholzer, os Bucks bem podem agradecer a liderança do Este à época de sonho de Giannis Antetokounmpo. Com médias de 27.2 pontos, 12.7 ressaltos, 6.0 assistências e 1.4 desarmes de lançamento, o "Greek Freak" está a jogar a um nível de MVP - para a maioria das casas de apostas continua à frente de James Harden nesta corrida - e encaixa como uma luva no sistema implementado por Coach Bud.
Os Bucks contam com o 4.º melhor ataque e com a melhor defesa da liga (eficiência ofensiva de 113.0 e eficiência defensiva de 103.5) e, a um ataque excelente, adicionaram Nikola Mirotic no 'trade deadline'. Os ricos ficaram ainda mais ricos. No papel, parecem os favoritos, até porque, nos duelos com Raptors, Celtics e 76es, têm um registo de cinco vitórias e apenas duas derrotas. Mas há algo que estes Bucks não têm: experiência de playoffs, sobretudo em fases avançadas. Será Giannis suficientemente forte, do ponto de vista mental, para liderar a sua equipa ao título da conferência?
Toronto Raptors
Das quatro equipas aqui em causa, os canadianos têm o calendário mais fácil (schedule strength) até ao final da fase regular, mas esperam ter saúde nos 23 jogos que restam, uma vez que o cinco inicial mais utilizado por Nick Nurse (Kyle Lowry, Danny Green, Kawhi Leonard, Pascal Siakam e Serge Ibaka) apenas jogou junto em 28 dos 59 encontros já realizados. Até é possível que este cinco não volte a jogar muitas mais vezes, já que o poste espanhol Marc Gasol, que chegou a Toronto no 'trade deadline', aponta ao grupo titular, mas o grande ponto de interrogação dos Raptors é mesmo o estado mental de Lowry, sobretudo nos playoffs.
É público que o base e o general-manager Masai Ujiri estão de costas voltadas desde a troca de DeMar DeRozan para os San Antonio Spurs e não é segredo que Lowry esteve quase a ser trocado há poucos dias. Com tudo isto, como vai reagir na fase a eliminar da temporada, onde tem vacilado tanto nos anos anteriores?
Boston Celtics
Depois da saída de LeBron James para o Oeste, ouviram-se garrafas de champanhe no balneário dos Celtics. Afinal de contas, a equipa de Brad Stevens levou o "King" e os seus Cleveland Cavaliers ao jogo 7 das finais de conferência e agora, sem LeBron, o Este era dos Celtics.
Mas a época está a revelar problemas que o treinador não tem conseguido resolver, em especial fora do campo. O ataque da equipa está muito mais fluido (9.ª melhor eficiência ofensiva, com 106.6) e a defesa continua de elite (5.ª melhor eficiência defensiva, com 105.7), mas Jaylen Brown, Terry Rozier e Gordon Hayward estão a registar uma época aquém do esperado e, mais importante do que isso, a química da equipa parece definitivamente afetada pela 'free agency' de Kyrie Irving.
Depois de ter dito, no início da época, que ia assinar a extensão de contrato, o base veio recentemente dizer que só toma decisões em julho, depois de criticar a juventude da equipa e lançar a ideia de que alguns colegas são egoístas. Conseguirá o génio de Stevens controlar as emoções de uma equipa que tem tudo para vencer?
Philadelphia 76ers
Com a troca mais badalada do 'trade dealine', os 76ers resolveram os dois problemas que tinham: preencheram o lugar de 'power forward' no cinco inicial com Tobias Harris, um atleta de calibre All-Star, e aumentaram a profundidade do banco de suplentes com Boban Marjanovic, Mike Scott, James Ennis e Jonathon Simmons.
Ficaram com o melhor cinco inicial do Este, mas esse cinco precisa de tempo - que não tem - e de provar essa supremacia dentro de campo, já que, até agora, o conjunto de Philadelphia apenas somou um triunfo nos seis jogos frente a Bucks, Raptors e Celtics.
Os 76ers apostaram tudo no presente, mas podem ficar sem Jimmy Butler, Tobias Harris e J.J. Redick na 'free agency'. Já se percebeu, pelo que aconteceu em Minneapolis, que Butler tem um feitio especial, o que, somado ao feitio igualmente especial de Joel Embiid, pode resultar num cocktail explosivo.
Com os Celtics já talhados para vencer no imediato, os Bucks, os Raptors e os 76ers trabalharam para se tornarem tão ou mais competitivos que a equipa de Boston. No entanto, as quatro equipas têm questões por resolver, sobretudo do foro psicológico. Sigmund Freud, conhecido como o Pai da Psicanálise, aconselharia os treinadores Mike Budenholzer, Nick Nurse, Brad Stevens e Brett Brown a usarem um divã para os ajudar nessa tarefa. Neste caso, deitemo-nos nós no divã e apreciemos a louca corrida pela coroa do Este. Vai ser divertido.
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