Devido ao excesso de concorrentes para a posição de poste, o português, quinto da hierarquia, raramente foi opção para o treinador Alvin Gentry e nunca conseguiu entrar na rotação, sendo apenas utilizado em jogos em que a equipa teve muitas baixas, por covid-19 ou lesões, ou em finais de encontros resolvidos.
‘Tapado’ por Richaun Holmes, Damian Jones e Alex Len, toda a época, e ainda por Tristan Thompson (até ao início de fevereiro) e Domantas Sabonis (depois), Neemias apenas participou em 15 dos 82 jogos da época regular, num total de 119.34 minutos.
Em média, o poste luso, de 2,13 metros, cumpriu oito minutos por encontro, mas só esteve mais de uma dezena de minutos em campo em cinco jogos, quatro deles na parte final da temporada, com os Kings há muito arredados da luta pelos ‘play-offs’, na qual, verdadeiramente, nunca estiveram.
Com tão pouca utilização, os seus números não podiam ser impactantes, como não foram: para a história da época de estreia, ficam 45 pontos (média de 3,0 por jogo), 31 ressaltos (2,1), oito desarmes de lançamento (0,5) e seis assistências (0,4).
Quanto aos lançamentos, acabou com médias de 44,7% nos ‘tiros’ de campo (17 em 38), sem ter tentado um único ‘triplo’, e 64,7 nos lances livres (11 em 17).
Em termos coletivos, os Kings voltaram a falhar os ‘play-offs’, o que acontece pela 16.ª época consecutiva — estiveram a última vez em 2005/06 -, ao ficarem no 12.º posto da Conferência Oeste, com 30 vitórias e 52 derrotas, imediatamente atrás dos dececionantes Los Angeles Lakers, de LeBron James.
A troca a meio da época, que trouxe Domantas Sabonis, Justin Holiday e Jeremy Lamb e levou Buddy Hield, Tyrese Haliburton e Tristan Thompson, não trouxe melhorias, numa equipa que aparenta não estar preparada para voltar em breve a jogar ‘play-offs’.
Para Neemias, a troca também não foi benéfica, já que se manteve como a quinta opção no que respeita a postes, com Sabonis a disputar muito mais minutos do que Thompson.
Apesar de todas as dificuldades, o ‘gigante’ luso fez história, desde logo em 17 de dezembro de 2021, quando foi utilizado no reduto dos Memphis Grizzlies, num desaire por 124-105, para se tornar o primeiro português a atuar na NBA.
Este momento era muito aguardado desde 29 de julho, quando foi eleito pelos Sacramento Kings no 39.º lugar do ‘draft’, realizado em Nova Iorque.
Na estreia, o ex-jogador de Barreirense, Benfica e da Universidade de Utah State teve direito a 7.44 minutos, nos quais falhou os quatro ‘tiros’ de campo tentados, mas conseguiu cinco ressaltos, uma assistência e um desarme de lançamento.
Depois de duas passagens episódicas pelo campo nos jogos seguintes em que participou, voltou a fazer história ao seu quarto encontro, em 10 de janeiro, ao jogar 24.05 minutos na receção aos Cleveland Cavaliers, num embate amargo em termos coletivos, com um desaire por um ponto (108-109).
Individualmente, Neemias esteve em excelente plano, ao conseguir 11 pontos, os seus primeiros na NBA, com quatro em sete nos ‘tiros’ de campo e três em quatro nos lances livres, mais cinco ressaltos, uma assistência e uma bola roubada. Com o português em campo, os Kings somaram mais oito pontos do que os ‘Cavs’.
Esse encontro trouxe um grande entusiasmo, como que a fazer prever uma outra utilização a partir daí, mas a realidade é que esse jogo foi uma exceção, que jamais se repetiu.
Dois dias depois, o português logrou, finalmente, o primeiro triunfo, e logo na receção aos Lakers (125-116), mas só esteve em campo 48 segundos.
Nos dois meses seguintes, também pouco foi utilizado, merecendo apenas realce os 8.15 minutos que disputou no reduto dos Boston Celtics – ainda que os últimos de um jogo há muito perdido (128-75) –, onde somou seis pontos.
Com a época regular a terminar, e vários jogadores já em ‘férias’, Neemias Queta teve a sua fase mais ativa, com quatro jogos com mais de 10 minutos de utilização, nos quais acrescentou em todos pontos e ressaltos.
Em paralelo com a utilização pelos Sacramento Kings, o poste luso foi também atuando na ‘G-League’, liga de desenvolvimento, face ao contrato de duas vias que assinou, sendo que, pelos Stockton Kings, que também falharam os ‘play-offs’, conseguiu médias de 16,4 pontos e 7,9 ressaltos, em 14 jogos.
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