Sá Pinto foi o primeiro a chegar, em meados de outubro, para um grande desafio no clube mais português entre os grandes brasileiros, o Vasco da Gama. Ainda não venceu, em três jogos no Brasileirão, mas passou à fase seguinte da Taça Sul-Americana. Contra o Caracas, na madrugada desta quarta-feira, conseguiu a qualificação para os oitavos de final com um empate, após a vitória na Venezuela. O treinador tem procurado a melhor formação e ainda encontra dificuldades para aumentar a produção ofensiva da equipa.
Já o seu rival do final de semana, Abel Ferreira, acaba de chegar ao Palmeiras. Terá um outro tipo de missão no comando alviverde, ao encontrar um clube noutro patamar. Antes do confronto com o Vasco, há hoje a estreia contra o Bragantino, para a Copa do Brasil. Provavelmente não terá muito tempo para implementar mudanças, mas tem a boa base deixada pela sequência de resultados positivos obtidos sob o comando do treinador interino, agora novamente adjunto, Andrey Cebola.
Com cinco treinadores estrangeiros em 20 clubes, incluindo os três primeiros da tabela, o Brasil vive uma verdadeira invasão estrangeira num mercado outrora bastante fechado de treinadores. Influenciado pelo desempenho de Jorge Jesus e Sampaoli no último ano, os clubes perceberam que há uma desfasagem entre os treinadores brasileiros, principalmente nos mais experientes, em relação ao futebol que se joga e treina na Europa e Argentina.
E, se atrair estrangeiros era mais fácil para os clubes de elite, o mercado brasileiro tem-se tornado atraente em todos os níveis para treinadores forasteiros. Este ano já tivemos passagens de estrangeiros na segunda e terceira divisões e, agora, Vasco (com Sá Pinto) e Botafogo (que negoceia com treinadores estrangeiros), clubes em situações financeiras pouco atrativas, também seguem a tendência.
Há uma perceção de que o trabalho do treinador potencializa o plantel e minimiza a necessidade de investimento em jogadores caros e tarimbados. Isso é influência direta do trabalho de Sampaoli no Santos, no ano passado. Hoje, Sampaoli e Torrent (Flamengo) tem planteis caros nas mãos, mas o desempenho de Sá Pinto, e outros, pode abrir as portas até de clubes menores para treinadores de fora.
A grande dificuldade, no Brasil, ainda é o tempo para se trabalhar. Jesualdo Ferreira teve míseros 15 jogos, Paulo Bento 18. A pressão por resultados imediatos, ainda mais num ano com calendário mais apertado do que o normal, tende a ser o grande vilão para os estrangeiros. Gareca, hoje treinador do Peru, Osório, ex-México, e Bauza, ex-Argentina, são três exemplos de quem sofreu com tempo, dificuldades financeiras e confusões politicas no Brasil, problemas para os quais os treinadores brasileiros estão mais adaptados.
Moda ou tendência, o brasileiro (adeptos e imprensa) tem começado a descer do pedestal de pentacampeão mundial e aberto a mente para discussões de tática, questionamentos estruturais e olhado o futebol com um olhar menos "resultadista". Entretanto, ainda vivemos num mundo onde se pode passar de "Besta a Bestial" de quarta para domingo.
Voltando ao confronto do fim de semana, seria muito mais interessante se acontecesse daqui a mês, quando os dois teriam mais tempo para implementar ideias e dar as suas caras às equipas que entram em campo. Mas será um confronto interessante de qualquer forma. O Palmeiras é o favorito, pela qualidade do plantel e forma recente. É, hoje, o sétimo classificado e pode assumir a sexta posição em caso de vitória.
O Vasco, por outro lado, vem de uma queda vertiginosa. Ocupou as primeiras posições, de forma surpreendente, é verdade, nas primeiras jornadas e hoje ocupa a décima sexta posição, a primeira acima da "linha da degola". Se vencer, abre três pontos de distância, com um jogo a menos, para o primeiro clube na zona de descenso.
Portanto, domingo, às 19h00 de Portugal Continental, um confronto lusitano em terras brasileiras para ser assistido, em direto, no Canal 11.
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