Em 2002, depois de ter representado Portugal no Mundial da Coreia do Sul e Japão, o então médio colocou um ponto final em 13 anos de futebol profissional e quis “fugir” da modalidade. Contudo, as “emoções” de uma vida nos relvados e a “paixão” pelo ‘desporto rei’ indicaram-lhe o próximo passo.
“Era para começar pela primavera [juniores] de uma equipa italiana”, revelou o atual treinador do Bordéus, em entrevista à agência Lusa, lembrando que o caminho acabou por ser ‘atalhado’ com o convite do Queen’s Park Rangers, da II Liga inglesa, onde também orientou o Swansea e o Leicester.
Videoton (Hungria), Maccabi Telavive (Israel), Basileia (Suíça), Fiorentina (Itália) e Tiajin Quanjin (China) foram os passos seguintes, sendo que na Suíça, em 2014/15, ganhou forma uma ambição de carreira.
“A minha evolução permitiu-me pensar que, em cinco anos, seria campeão da Europa por clubes. É um dos meus objetivos de carreira, é algo que acredito que vai acabar por acontecer”, salientou, depois de ter levantado o troféu máximo europeu enquanto jogador, ao serviço de Juventus e Borussia Dortmund, em 1996 e 1997, respetivamente.
Outro dos objetivos de Paulo Sousa passa pelo campeonato português, de onde chegaram algumas abordagens no passado e no qual ambiciona vir a treinar: “Nunca fechei a porta a ninguém e respeito todos os clubes que pensam em mim. Até ao dia de hoje, não existiu essa mesma possibilidade, mas no futuro isso vai acabar por acontecer”, sustentou.
O antigo futebolista gostava de continuar a ver o Sporting de Braga “como um concorrente” dos três ‘grandes’, embora lembrando que existe “uma grande diferença qualitativa de Benfica e FC Porto em relação aos outros”.
Já o “volte-face” no último campeonato, conquistado pelo Benfica, assentou na “qualidade” que existia nos ‘encarnados’, associada à “grandeza do próprio clube”.
“Foi um acréscimo, que lhes permitiu elevar a confiança e a qualidade do jogo, que o Bruno Lage também ofereceu. Acabaram por ser competitivos ao ponto de ganharem o campeonato”, analisou.
O antigo médio, conhecido pela capacidade técnica e inteligência tática que oferecia à posição ‘6’, confessou-se um “romântico” e assumiu que gosta de ter nas suas equipas um centrocampista com as características que ele próprio tinha.
“Sou um romântico, gosto que as minhas equipas sejam muito poéticas. Há dois jogadores determinantes numa primeira fase de construção: o guarda-redes e o médio de construção. Esse médio é realmente um jogador fundamental”, transmitiu à Lusa.
O sueco Sven-Goran Eriksson viu no então jovem ala e ‘número 10′, de 18 anos, capacidades para atuar na posição mais recuada do meio-campo do Benfica, mas Paulo Sousa destacou o “privilégio” de ter atuado à frente de “dois senhores do futebol, [os centrais] Ricardo Gomes e Mozer”, que o “orientaram” e ajudaram a “evoluir para um futebol de qualidade diferente”.
Se no futebol atual Paulo Sousa não encontra uma ‘cópia’ sua, houve, no entanto, um jogador que acentuou o virtuosismo da posição ‘6’.
“[Carlo] Ancelotti teve uma visão extraordinária com o Andrea Pirlo [no AC Milan]. Pirlo foi meu colega no Inter, era um ’10’, com muito pouca capacidade para jogar de costas, pouco determinante no último passe em zonas mais avançadas, com dificuldade explosiva de conduzir com bola. Jogando numa linha mais baixa, protegido pela capacidade de trabalho de Gattuso e Ambrosini, e com a visão que ele tinha, deu muito mais velocidade ao jogo. Foi uma evolução extraordinária para ele”, elogiou.
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