![Premier League: Brexit, e agora?](/assets/img/blank.png)
Na passada quinta-feira, dia 6 de abril, a Federação abriu hostilidades e declarou que era seu desejo acabar com a vinda de jogadores ’journeyman’ - trabalhador ou desportista que, sendo fiável, não é extraordinário - oriundos da União Europeia.
Com esta afirmação, e correspondente apoio das instâncias governamentais, poderá estar aberta a brecha que dá esperança à Federação de poder ter uma palavra a dizer nas futuras regras do futebol inglês.
O Reino Unido entregou em Bruxelas a carta que formaliza a ativação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa no passado dia 29 de março, dando assim o pontapé de saída para o início das negociações para o Brexit, isto é, para a saída do Reino Unido do clube dos 28.
Cenários dentro das quatro linhas
Brexit ‘suave’ - Onde a movimentação de jogadores permanecerá igual e onde nenhum jogador, oriundo da União Europeia, será impedido de assinar por qualquer clube inglês, como acontece atualmente.
Brexit ‘a meio-gás’ - Os jogadores poderão ser presenteados com o estatuto que é neste momento garantido aos entretainers. O que significaria que lhes seria facilitada a obtenção do visto de trabalho. O que, podendo levar a alguns atrasos e complicações logísticas, não traria reais problemas à movimentação e contratação de jogadores oriundos da União Europeia.
Brexit ‘total’ - As regras para os jogadores europeus seriam as mesmas aplicadas hoje em dia a jogadores não comunitários - oriundos de países fora da União Europeia. Neste cenário, o entrave burocrático poderia impedir um jogador de assinar por determinado clube inglês.
O que a Federação poderá e estará a tentar fazer é puxar pela terceira hipótese, ou seja, tentar dificultar ao máximo a vida aos clubes e da Premier League no que toca à aquisição de jogadores não-ingleses.
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Note-se que, com as mesmas regras impostas aos jogadores não comunitários, N’Golo Kante e Dimitri Payet, agora internacionais franceses e dois dos três melhores jogadores da liga no ano passado, não seriam elegíveis para a aquisição do visto de trabalho em Inglaterra e, consequentemente, não poderiam ter assinado por clubes ingleses. As regras para obter um visto de trabalho são extensas e requerem que o clube demonstre que o jogador em questão está estabelecido, a nível internacional, ao mais alto nível e que terá um contributo significativo no desenvolvimento do futebol inglês.
Obviamente, se isso acontecer, os lugares por ocupar nos planteis começarão a ter que ser preenchidos por jogadores jovens e oriundos da segunda liga inglesa. Isso levaria a um natural decréscimo de qualidade da Premier League e a um consequente impacto negativo nos contratos publicitários e nos direitos televisivos. Mas, o que parece ser um desastre para uns, poderia ser a salvação de outros.
Com estas mudanças, e passadas algumas épocas, os jovens jogadores teriam mais oportunidades, teriam maior capacidade de evoluir tecnicamente, consequentemente, o futebol inglês a nível de seleções poderia renascer.
Neste momento, são muitos os cenários possíveis face ao Brexit, e existirão certamente exceções às regras. Ainda assim, o resultado será sempre fruto de uma luta, sem tréguas, entre a Federação e Premier League, envolvendo os órgãos governativos.
Na liga, depois de mais uma alucinante dupla jornada, a corrida pelo título, se já não estava, ficou arrumada. Com mais um triunfo importantíssimo do Chelsea de Conte que teve que partilhar, esta semana, os holofotes com Marco Silva.
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Após duplo triunfo, o Hull saiu da zona de despromoção e, esperamos, lá se aguentará até ao final da temporada. Com a imprensa inglesa a dar muita atenção ao técnico, o destaque vai para a referência de que com Marco Silva ao comando, tendo em conta a forma da equipa desde a sua chegada, o Hull City estaria a ocupar o quarto lugar da tabela classificativa. Impressionante.
Esta semana, com uma deslocação muito complicada dos Tigres (alcunha do Hull City) ao Etihad para defrontar o City, estaremos então a torcer para que o West Ham United se imponha perante o Swansea City e para que o Crystal Palace não surpreenda o Arsenal de Wenger no Emirates. Se assim for, tudo ficará igual ou melhor na parte de baixo da tabela classificativa para o treinador português.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra e tendo passado por clubes como o MK Dons e o Luton Town, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24.
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