O primeiro quarto da época não está a correr de feição ao Everton, o Boxing Day está já ao virar da esquina e, para Marco Silva, treinador português dos Toffees, muito começa a estar em causa. Com três derrotas em seis jornadas (sem ter ainda defrontado nenhuma equipa do top 6 do ano anterior), a equipa de Liverpool começa a poder estar em maus lençóis. Não porque não consiga recuperar, uma vez que já o provou que consegue, inclusivamente na época anterior, mas porque o projeto do Everton, espelhado não só no investimento na equipa como na aposta do técnico que passou por Estoril e Sporting CP, visam um rendimento que permita aos azuis de Liverpool começar a ‘morder os calcanhares’ do sexto e quinto classificados.
Contudo, mesmo que este início de época não seja muito diferente do da temporada passada - uma vitória, três empates e duas derrotas também nas primeiras seis jornadas -, o responsável máximo do clube, Ardavan Farhad Moshiri, poderá começar a ficar preocupado.
Numa liga em que os despedimentos impulsivos começam a ser cada vez mais frequentes, nenhum treinador está fora de perigo. Tanto assim é que, aquando do despedimento de Javi Gracia do Watford, Marco Silva era o quinto treinador com mais probabilidades de ser despedido. Hoje, passadas duas semanas e duas derrotas, as ‘odds’ mudaram radicalmente e o português passou a ser o treinador da Premier League com mais probabilidades, segundo os corretores de apostas, de deixar o assento de treinador.
O peso histórico
Em Liverpool há gosto em ganhar aos campeões: em vitórias acumuladas frente a equipas detentoras do troféu de campeãs, à frente do Everton, com 10, só mesmo o Liverpool, com 13 no total. As estatísticas têm um peso relativo mas se tivermos em conta a urgência da equipa de Marco Silva em começar a amealhar pontos e a irregularidade do Manchester City, poder-se-á dizer que tudo aponta para que a estatística tenha a sua razão de ser.
O peso histórico poderá ser a última coisa na qual os jogadores estarão a pensar antes de entrar para o jogo - e o mais provável é nem terem conhecimento do frente-a-frente entre os emblemas -, mas para quem gosta de números este é um jogo muito importante. Com uma vitória, o Manchester City poderá finalmente alcançar o Everton em número de vitórias em confrontos diretos. Os Citizens somos 17 vitórias (quatro consecutivas) frente ao clube de Marco Silva, ao passo que os Toffees somam 18 no "sentido inverso", pelo que esta é, apesar de tudo, mais uma razão para aguçar o apetite para o jogo deste sábado.
Forma e calendário
Tendo a seu favor o seu poderio actual, contra si este Manchester City tem não só a sua pouco consistente forma atual, mas também a fraca forma do Everton. Confuso? Poderá parecer um contra-senso dizer que a fraca forma do Everton não joga a favor do City, mas não só uma equipa com as costas contra a parede poderá ser dos adversários mais perigosos de enfrentar, como este Everton é mais talhado para jogar contra equipas que queiram dominar os encontros e tomar a iniciativa de jogo, como é o caso dos Blues de Guardiola.
Mas se a forma é sempre uma incógnita, uma vez que pode mudar de um momento para o outro, o calendário, esse, não vai mudar. Após o jogo contra o Manchester City, vem uma série de jogos muito importantes para o Everton, com sete partidas a serem disputadas nos próximos dois meses e cinco num mês de dezembro absolutamente infernal. Não sei quantas equipas na Europa terão um calendário pré-natal mais complicado que o conjunto de Marco Silva. Posto isto, ou o Everton entra em breve num ritmo de vitórias e sobe na tabela, permitindo-lhe lidar com o mês natalício de uma forma mais tranquila, ou teremos um mês de pressão extrema, quer para os jogadores, quer para o treinador português.
De relembrar que, da nossa lista das melhores contratações da época (extra-grandes) na Premier League, das cinco escolhidas, três foram efetuadas pelo Everton: Moise Keane, Alex Iwobi e ainda o pouco afortunado Jean-Philippe Gbamin (tem estado parado devido a lesão). Estes juntam-se a outros nomes fortes adquiridos pelos Toffees nas duas últimas janelas de transferências (André Gomes, Bernard, Yerry Mina, Lucas Digne, entre outros), num investimento que os responsáveis do clube deverão querer ver dar frutos o mais rapidamente possível, numa tarefa que cabe sobretudo a Marco Silva e à sua equipa técnica mas que, neste início de época, tem sido difícil de alcançar.
Esta semana na Premier League
Com a oportunidade de rodar jogadores durante a semana, em jogos a contar para a Taça da Liga, as equipas da Premier League têm agora um fim-de-semana cheio de pressão. Oito dos dez jogos da jornada realizam-se no sábado, dia 28, sendo que o destaque vai obviamente para a receção do Everton ao Manchester City em Goodison Park, a partir das 17h30. Ainda assim, e como estamos a falar da Premier League, não poderia faltar um clássico: um escaldante Manchester United vs. Arsenal está marcado para as 20h de segunda-feira, dia 30.
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