Numa conferência realizada na Universidade Europeia, sob o tema “O caso de sucesso do andebol português”, acompanhado pelo internacional e jogador do Benfica Belone Moreira e pelo dirigente da Federação Portuguesa de Andebol Ricardo Andorinho, Paulo Pereira colocou a defesa portuguesa como “uma das melhores do mundo”.
“Sempre acreditei que era possível este resultado. Queríamos melhorar o sétimo lugar e, enquanto não o conseguíssemos, ninguém arredava pé. Se não dermos seguimento, foi só uma ilusão. Queremos que digam que vamos aos Jogos Olímpicos”, sublinhou, acrescentando que “só o coronavírus poderá impedir Portugal” de ir a Tóquio.
Portugal vai defrontar, no grupo de apuramento olímpico, a França, a Croácia e a Tunísia, entre 17 e 19 de abril, em solo gaulês, com os dois primeiros classificados a garantirem um lugar na competição olímpica.
“Vamos jogar com a França, que vencemos duas vezes em três nos últimos 10 meses, e contra a Croácia, uma das mais tituladas do planeta, e só passam duas. Podemos ganhar à Croácia, por que não?”, questionou, mas lembrou que é preciso “gerir as expectativas” e realçou que Portugal não tem “o estatuto que outras seleções têm”, sendo preciso “saber lidar com isso”.
Paulo Pereira, que também é mestre em treino de alto rendimento desportivo, considerou que, em Portugal, “as pessoas questionam como é que é possível um ‘staff’ português no andebol fazer bons resultados” e lamentou o pouco investimento do Governo no desporto.
“Gostava que algum político viesse um dia trabalhar connosco o dia inteiro e acompanhar-nos. Um político não tem ideia nenhuma do que é preciso para se alcançar um resultado de excelência”, afirmou.
O treinador, de 54 anos, frisou que “se está a trabalhar melhor em Portugal”, com os atletas a chegarem à seleção “bem em termos físicos”, atribuindo mérito ao trabalho dos clubes, e revelou que a comunicação com os jogadores “é muito fácil”.
O andebolista do Benfica Belone Moreira ressalvou que a vitória diante da França deu à equipa “muito alento para a qualificação”, mas também destacou outro momento importante, após as duas derrotas consecutivas com a Islândia e a Eslovénia, já no grupo principal, “em que ninguém atirou a toalha ao chão”.
“A qualidade estava lá e precisávamos apenas de dois ou três pormenores para mostrar o nosso valor. Para nós, não foi uma surpresa, acreditávamos na nossa qualidade”, atirou, acrescentando: “Desde o primeiro dia de estágio que o ambiente criado foi de podermos alcançar os resultados se todos estivessem no mesmo caminho. Criou um grupo muito forte”.
Belone Moreira explicou que a preparação dos jogos passa, não só pela avaliação da equipa técnica, mas também por um trabalho individual de cada jogador: “É visualizar a informação [transmitida pela equipa técnica] e perceber onde podemos ser úteis. Todos os jogadores estavam focados e, em todos os momentos, procuravam melhorar. Fez muita diferença”.
Após 14 anos de ausência, Portugal alcançou, em 25 de janeiro, a sua melhor classificação de sempre em campeonatos continentais e assegurou presença no torneio pré-olímpico, no qual poderá conseguir um inédito apuramento para os Jogos Olímpicos.
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