De acordo com dados tornados públicos na sexta-feira pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), só no primeiro trimestre de 2018, o país já necessitou de importar 560 milhões de dólares (480 milhões de euros) em alimentos.
“Apesar de representar uma queda de 30% comparativamente ao mesmo período de 2017, se guiados pela procura, que se mantém alta, no final do presente ano poderemos não estar muito longe dos cerca de 3,3 mil milhões de dólares [2.800 milhões de euros] de importação de alimentos verificada em 2017″, alertou José de Lima Massano.
Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade, entre finais de 2014 e 2017, das receitas com a exportação de petróleo, devido à baixa da cotação do barril de crude no mercado internacional, que por sua vez reduziu fortemente a entrada de divisas no país.
“A consciencialização das nossas limitações deve ser geral para que, em conjunto, as possamos superar. Temos ainda uma procura por divisas elevada para cobertura de importação de bens que o país tem condições de produzir”, alertou o governador.
José de Lima Massano acrescentou que a procura mensal de divisas para matéria-prima para o setor não petrolífero está ainda acima de 300 milhões de dólares (255 milhões de euros), mas que essa procura “poderia ser atendida com produção interna, particularmente no setor das bebidas”.
“Devemos olhar para as divisas como um dos instrumentos para fomentar o bem-estar coletivo e não como um fim em sim mesmo. E é também com esse sentido que se procura um formato equilibrado e eficiente de acesso ao mercado cambial”, enfatizou o governador do BNA.
A Lusa noticiou no início deste mês que as RIL angolanas aumentaram entre abril e maio cerca de 12,5%, para 14.615 milhões de dólares (12.418 milhões de euros), o valor mais alto em seis meses.
A informação resulta de dados preliminares do BNA sobre estas reservas, necessárias ao pagamento da importação de alimentos e matéria-prima, que no espaço de um mês aumentaram, em valor, 1.637 milhões de dólares (1.390 milhões de euros).
Estas reservas, de moeda estrangeira, equivalem agora às necessidades de cerca de seis meses de importações por Angola, tendo atingido o valor mais alto desde outubro de 2017.
Estas reservas, que o BNA tem vendido aos bancos comerciais para garantir a importação de alimentos, máquinas e matéria-prima para a indústria, estão ainda a menos de metade do valor contabilizado antes da crise da cotação do petróleo.
No início de 2014, antes dos efeitos da crise, as reservas angolanas ascendiam a 31.154 milhões de dólares (26.470 milhões de euros).
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