À margem de uma reunião sobre o próximo quadro de fundos comunitários, no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, questionado sobre a estratégia proposta um grupo de economistas para o Orçamento do Estado para 2018, António Costa disse que "qualquer estudo é sempre bem-vindo, oportuno, é sempre um contributo interessante".
Depois, interrogado se admite aliviar o processo de ajustamento orçamental, respondeu: "A nossa trajetória de ajustamento está definida, consta do nosso Programa de Estabilidade, que estamos a cumprir. E, felizmente, quer a economia, quer a execução orçamental demonstram que estamos no caminho certo".
"E, quando se está no caminho certo, há uma boa coisa a fazer: é não mudar de caminho, e dar-lhe continuidade", defendeu, acrescentando que "mais importante do que tudo é dar-lhe sustentabilidade duradoura".
Ainda sobre o Orçamento do Estado para 2018, questionado se teme contestação sindical relacionada com o descongelamento de carreiras na Administração Pública, António Costa retorquiu que "as negociações sindicais com os diferentes e com os diferentes parceiros sociais fazem-se no local próprio, e esse local próprio não é através da comunicação social - é frente a frente, cara a cara".
"É assim que temos trabalhado, de uma forma construtiva, na generalidade das vezes chegando a acordo, outras vezes não chegando a acordo", completou.
Nestas declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro comentou os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que reviu em alta o crescimento económico do segundo trimestre deste ano, de 2,9% para 3%, e avaliou em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) o défice orçamental do primeiro semestre.
No que respeita ao défice, António Costa afirmou que os dados do INE indicam que o Governo irá cumprir o objetivo traçado para este ano. Quanto à evolução da economia, apontou como "um bom sinal a continuidade da trajetória de crescimento, que felizmente foi retomada em 2016 e que tem de ser prosseguida".
"Estamos hoje a crescer de uma forma mais sólida, felizmente, do que aquilo que eram as nossas expectativas. Mas isso demonstra também a forma prudente como temos elaborado os exercícios orçamentais: conservadores na perspetiva quanto ao crescimento, rigorosos na fase de execução", acrescentou.
Segundo o primeiro-ministro, é importante preparar o próximo quadro de fundos europeus "precisamente para assegurar que este bom momento da economia portuguesa não tenha uma descontinuidade", pelo contrário, seja o início de "uma década de convergência com a União Europeia".
"Nós não podemos ter estes últimos trimestres como exceção, mas como a regra", reforçou.
Sobre o estudo apresentado por um grupo de economistas - entre os quais se inclui o deputado independente eleito pelo PS Paulo Trigo Pereira - propondo uma estratégia alternativa para o Orçamento do Estado para 2018, António Costa considerou que "é importante que esse debate se faça, e de uma forma plural".
Contudo, observou: "É bom é que toda a gente leia o estudo, porque ouvi os comentários mais desencontrados - uns porque confiaram numa declaração de um dos autores, outros porque leram efetivamente o estudo que ia, aliás, no sentido contrário dessa declaração".
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