“O Credit Suisse atende aos requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos sistemicamente importantes. Se necessário, o SNB disponibilizará liquidez ao Credit Suisse”, referiram o Banco Nacional da Suíça (BNS) e o regulador financeiro da Suíça (Finma) em comunicado conjunto divulgado ao início da noite de hoje, após o silêncio durante todo o dia.

Este banco viveu hoje o seu dia mais negro na bolsa, perdendo um quarto do seu valor e baixando as suas ações para um nível historicamente baixo, abaixo de 2 francos suíços.

Fundado em 1856, o banco sediado em Zurique perdeu cerca de 30% do seu valor na bolsa de Zurique desde meados da semana passada, numa altura em que a sua própria crise interna, que poderia remontar a 2019, se entrelaçou com a mais generalizada que a banca global está a atravessar nos dias de hoje desencadeada pelo colapso do Silicon Valley Bank (SVB) nos EUA.

Ao início do dia, os dois executivos mais seniores do Credit Suisse tentaram tranquilizar sobre a solidez financeira do gigante bancário, mas não conseguiram convencer os investidores, que infligiram às ações do banco a pior queda da sua história.

Para o SNB e o Finma, “a atual turbulência no mercado bancário norte-americano não sugere que haja risco de contágio direto para os estabelecimentos suíços”.

A preocupação ultrapassa as fronteiras do país alpino e o Departamento do Tesouro norte-americano referiu que está a “monitorizar a situação e em contacto com os seus homólogos internacionais”.

Em França, a primeira-ministra Elisabeth Borne apelou publicamente às autoridades suíças para resolver os problemas do banco e pediu ao seu ministro das Finanças para falar com o homólogo em Berna.

O banco tem vindo a registar perdas milionárias durante dois anos: em 2021 ascenderam a 1.572 milhões de francos suíços (1.600 milhões de euros) e em 2022 quase quintuplicaram para 7.293 milhões de francos (7.400 milhões de euros).

O Credit Suisse também sofreu levantamentos de liquidez no valor de 123.200 milhões de francos suíços (126.000 milhões de euros) no ano passado.

Entre os principais fatores subjacentes às contas sombrias está a sua exposição a empresas de risco que entraram em colapso em anos anteriores, tais como o fundo de cobertura norte-americano Archegos e a empresa de serviços financeiros anglo-australiana Greensill.

Além dos problemas financeiros, existem muitos outros, de reputação no banco, que levaram a uma extensa remodelação do conselho nos últimos anos.

A principal estratégia que o banco lançou para tentar pôr fim — até agora sem êxito — à sua crise é o ambicioso plano de reestruturação lançado em outubro do ano passado, que incluiu um aumento de capital de 4.000 milhões de francos (4.090 milhões de euros), o despedimento de 9.000 trabalhadores em todo o mundo e uma redução de custos de 15%.

O aumento de capital viu o Banco Nacional Saudita tornar-se o maior acionista da empresa, depois de investir 1.500 milhões de francos suíços (1.530 milhões de euros) em ações.

O presidente do banco saudita, Ammar al Khudairy, disse hoje numa entrevista que o banco não iria aumentar este investimento, o que contribuiu para que o Credit Suisse caísse ainda mais na bolsa de valores hoje.

Até ao aumento de capital do ano passado, o maior acionista era o grupo americano Harris Associates, que abandonou o banco após o aumento de capital, e é agora detido em mais de 20% por investidores do Médio Oriente.

O banco estatal saudita é seguido pela Autoridade de Investimento do Qatar (QIA), gestor do fundo soberano do emirado, com 5,03% das ações, e depois pelo grupo saudita Olayan, ligado a uma família saudita rica, com 5% das ações.

Os muitos problemas do banco, que tem feito manchetes nos últimos quatro anos, estão a alimentar rumores de falência e de que se está a tornar uma espécie de “Swiss Lehman Brothers”, embora a imprensa empresarial do país esteja também a considerar a possibilidade de ser assumido pelo seu principal concorrente no país, o UBS.

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