No discurso de encerramento da ‘rentrée' bloquista, Catarina Martins não poupou nos avisos e críticas a António Costa e ao Governo do PS para o último ano de legislatura, que o BE sabe que será "duro".

"Há demasiados anos que falta investimento. E é a esta insatisfação que temos de responder com coragem. É este o teste da esquerda e é na timidez do PS que as direitas apostam", declarou.

Para a coordenadora do BE, "continuar o caminho de recuperação do país não põe as contas públicas em risco, não é irresponsável e muito menos eleitoralista", numa resposta indireta aos avisos do primeiro-ministro, António Costa, aos seus parceiros de geringonça na ‘rentrée’ do PS do fim de semana passado.

Mas Catarina Martins também falou diretamente sobre (e para) António Costa, referindo-se a medidas que o primeiro-ministro considerou irresponsáveis ou impossíveis de concretizar quando o BE as propôs e que foram depois implementadas.

"Em 2015 António Costa e Mário Centeno achavam que era irresponsável avançar com uma reforma de IRS que fosse além de um pequeno crédito fiscal. Alguém hoje critica o aumento dos escalões do IRS? Alguém acha que foi irresponsável? Ainda bem que o fizemos. Por causa disso o primeiro-ministro pode agora anunciar a poupança em impostos das famílias. Não tem de quê, senhor primeiro-ministro", ironizou.

Para Catarina Martins, a "força do BE nestes três anos foi a força de quem nunca se resignou às inevitabilidades", recordando que Costa e Centeno "consideravam inevitável manter o congelamento das pensões e prestações sociais".

A coordenadora bloquista deu ainda o exemplo da subida do subsídio de desemprego ou do aumento extraordinário para as pensões mais baixas, esta última uma "medida que não estava no programa do Governo".

"Alguém hoje é capaz de dizer que o aumento de pensões ou do subsídio de desemprego foi errado? Que foi irresponsável? Não. Ninguém. Nem o Governo. Ainda bem que o fizemos", destacou.

Mas a direita também não foi esquecida pela líder do BE, que acusou PSD e CDS de "cinismo" na postura que têm assumido, por exemplo, em relação à ferrovia.

"Uma direita desesperada, sem programa e que se alimenta de casos", acusou.

"Para o BE, contas certas são essenciais"

A coordenadora do BE defendeu hoje também que "contas certas não é um défice zero" para lançar o PS nas eleições e o ministro das Finanças "nas suas ambições europeias", acusando o Governo de irresponsabilidade quando recuou em investimentos necessários.

Catarina Martins garantiu que, "para o BE, contas certas são essenciais", mas não podem passar por "um défice zero, para Bruxelas ver, quando falta o essencial na CP ou no Serviço Nacional de Saúde".

A líder do BE considerou que o Governo "nem sempre esteve à altura da sua responsabilidade" e chegou mesmo a ser "irresponsável de cada vez que virou as costas a uma emergência social", "deixou na gaveta uma despesa necessária" ou "deixou que o investimento público caísse para mínimos históricos".

"E o mais grave é que a razão para esses recuos não foi a limitação de recursos. Sabem porque recuou o PS? Para poder garantir um ‘outdoor’ de campanha eleitoral que diga, para dentro e para fora, ‘conseguimos o défice zero'. Um outdoor que lance o PS nas eleições nacionais e Mário Centeno nas suas ambições europeias", criticou.

Catarina Martins recusa assim "o endeusamento do défice zero", que diz ser "a validação da retórica da direita ‘austeritária’ que não foi nem será solução para o país".

"Disfarçar o défice das contas aumentando o défice social e depauperando serviços públicos, destruindo a capacidade do Estado de responder às populações, é irresponsável", criticou.

Responsabilidade, na opinião da líder bloquista, teve o BE ao "apresentar soluções para problemas, responder às urgências das pessoas e ir até ao fim".

"Ao contributo decisivo do Bloco de Esquerda se devem muitas das medidas que fazem hoje parte da nossa vida e que o Governo, em boa hora, assumiu e adotou", sublinhou.

(Notícia atualizada às 21h04)

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