Mário Centeno referiu hoje na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, onde está a ser ouvido, que a economia portuguesa "terminou o ano de 2016 com um crescimento homólogo de 1,9%", citando os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% no último trimestre do ano passado face ao mesmo período de 2015.
Sublinhando que "este é o primeiro valor que o PIB que reflete a governação desde dezembro de 2015", Centeno reiterou que entre dezembro daquele ano "e dezembro de 2016, a economia portuguesa cresceu 1,9%".
Mas, segundo o PSD, as previsões do Governo "foram falhadas": "Há um ano estava aqui sentado a dizer que a economia ia crescer 1,8% e cresceu 1,4%. As suas perspetivas foram falhadas. O seu crescimento de 2016 foi 1,4%, pior do que o de 2015, ano em que o PIB aumentou 1,6%, disse António Leitão Amaro.
"O seu tempo novo, que ia trazer melhor, trouxe pior crescimento da economia, pior investimento e piores exportações. Queremos um crescimento mais alicerçado em investimento e em exportações, queremos que elas cresçam mais que no ano anterior", defendeu o deputado do PSD, que também considerou que "há escolhas erradas" em matéria orçamental, que põem em causa a credibilidade.
Do lado do PS, o deputado João Galamba afirmou que o PSD "não pode acusar o ministro das Finanças de não ter credibilidade quando este é o ministro que fez o que o seu partido [PSD] jura ser uma impossibilidade", referindo-se tanto ao desempenho económico como à execução orçamental.
"O senhor deputado devia ter a humildade de reconhecer que se enganou e que todos os resultados superaram as expectativas”, disse o deputado socialista João Galamba, deixando uma acusação a Leitão Amaro: "Quem não tem credibilidade é o senhor deputado".
Também o CDS, pela voz da deputada Cecília Meireles, falou em "desespero" e acusou o ministro de ter passado "de uma primeira fase de esconder a realidade para fingir que a realidade não está a acontecer e entrar numa terceira fase em que fala de anualização de dados trimestrais sem levar em conta os outros trimestres".
Mário Centeno explicou que "a taxa de variação homóloga do quarto trimestre de 2016 mostra que em 2016, de dezembro a dezembro, a economia portuguesa cresceu mais do que o que tinha crescido em qualquer trimestre desde o segundo trimestre de 2010".
"Em termos homólogos estamos melhor, em cadeia estamos melhor e estamos a crescer mais do que a área do euro desde o segundo trimestre do ano passado", disse ainda o responsável pelas Finanças, acrescentando que "a economia portuguesa em 2017 está melhor do que estava em dezembro de 2016".
A deputada centrista referiu-se também às projeções do cenário macroeconómico do PS, realizado por um grupo de trabalho que Mário Centeno liderou, e que apontavam para um crescimento de 2,4% em 2016, considerando que "a não ser que tenha havido um grande erro de perceção mútua, os resultados face às expectativas são medíocres".
O ministro justificou que essas projeções "tinham subjacente um crescimento da procura externa de três pontos percentuais superior ao que se efetivou" e acrescentou que "cada ponto a menos tem um impacto na atividade economia próximo de 0,3".
"Faça a gentileza de fazer as contas e de perceber qual é o impacto da envolvente externa" no crescimento económico de 2016, disse ainda Centeno.
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