Questionado sobre o aumento das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Reserva Federal dos Estados Unidos da América por alunos finalistas no concurso Geração Euro, Centeno explicou que “era muito importante responder à inflação”, que se encontra num patamar em que “já é pouco temporária”.
O governador do banco central admitiu que o economista Joseph Stiglitz “se calhar tem razão de poder ser violento”, tendo alertado para as circunstâncias em que o aumento dos preços se verificou.
“Nesta parte, se calhar, tem razão de poder ser violento, que é o facto de termos iniciado todo este processo num período em que tínhamos acumulado um conjunto de almofadas financeiras, de poupanças – quer do lado das empresas, quer do lado das famílias -, durante o período da covid-19 e antes da covid-19, que hoje estamos a utilizar para dar resposta também ao aumento dos preços”, explicou.
Segundo Centeno, esta, a par da solidez do mercado de trabalho que já sublinhou em várias intervenções, é a principal razão para que hoje o consumo não esteja a cair face às taxas de juro mais elevadas.
Ainda assim, advertiu, é preciso “ter muita cautela”.
“Um dia em que ou as almofadas acabem ou o mercado de trabalho tenha uma viragem significativa, isso pode expor-nos bastante”, disse.
Ao mesmo tempo, Mário Centeno registou que a economia “é uma ciência que vive de uma só variável”: o preço.
Nesse sentido, apelou para que os preços relativos não devam ser distorcidos.
“Quando nós alteramos os preços relativos estamos a perturbar as regras de decisão das pessoas. Todos nós tomamos decisões com base em preços relativos. Às vezes é entre hoje e amanhã, outras vezes é entre este bem e aquele, ou este serviço e o outro. É sempre o que rege a nossa ação, são os preços”, lembrou o governador do BdP.
E, quando há uma atuação para a estabilização dos preços, há que “também ter cuidado” para não induzir na economia “uma perturbação nestas decisões que as pessoas tomam”.
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