Fonte do executivo português adiantou à agência Lusa que nesta reunião de trabalho, que encerra um programa de dois dias de visita a Portugal de Angela Merkel (na sequência de um convite formulado por António Costa), será ainda abordado como tema central a questão dos refugiados.

"A chanceler Angela Merkel está empenhada numa agenda positiva para a União Europeia e vê no primeiro-ministro português um interlocutor importante para a construção de novos consensos entre os diferentes Estados-membros. Angela Merkel, em sucessivas intervenções públicas, tem salientado que só com união a Europa pode vencer os desafios internos e externos que enfrenta", referiu a mesma fonte.

Depois de um primeiro dia, na quarta-feira, em que a chanceler germânica terá no Porto e em Braga um programa mais virado para os domínios económico-empresariais e científico, na quinta-feira, em Lisboa, Angela Merkel é recebida ao início da manhã pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

Pelas 10:45, está prevista a chegada da chefe do executivo alemão ao Palácio Foz, iniciando-se, depois, uma reunião a sós com António Costa.

Ainda de acordo com o programa oficial, pelas 11:20, terá início uma reunião alargada às comitivas dos dois governos e, a terminar, o primeiro-ministro português e a chanceler alemã farão declarações à imprensa.

Fonte do Governo português referiu à agência Lusa que, no plano europeu, "há um entendimento conceptual" entre Portugal e a Alemanha ao nível dos principais pontos em discussão.

Desde que assumiu funções como primeiro-ministro, em novembro de 2015, António Costa definiu como uma das suas principais prioridades na frente europeia a reforma da zona euro, defendendo que só com mudanças profundas a UEM poderá ser um espaço de convergência e não de crescentes assimetrias entre os diferentes Estados-membros.

Uma linha que tem enfrentado a oposição de países como a Holanda, entre outros da Europa do Norte, assim como de correntes económico-financeiras alemãs classificadas como mais "ortodoxas" e das quais a chanceler germânica se tem demarcado.

No encontro com Angela Merkel, o primeiro-ministro português vai também preconizar a necessidade de avanços ao nível da união bancária e reiterará a sua posição de distância face à última proposta da Comissão Europeia para o próximo quadro plurianual financeiro.

António Costa considera que a União Europeia terá de possuir mais meios financeiros para responder aos desafios que enfrenta, não enfraquecendo nem a Política Agrícola Comum, nem as políticas de coesão.

No Governo português considera-se que a "moderação e o espírito construtivo" de Angela Merkel poderão a curto prazo constituir um fator importante para desmobilizar os países defensores de um orçamento europeu mais restritivo e, desta forma, para que surja uma proposta mais equilibrada ao longo do processo negocial.

No que respeita ao tema dos refugiados, Angela Merkel e António Costa, segundo o executivo português, deverão chegar ao próximo Conselho Europeu, em 28 e 29 de junho, em "sintonia sobre a estratégia a seguir", designadamente em matéria de estratégias para a recolocação.

"Angela Merkel e António Costa são dois chefes de Governo que se conhecem bem. E já nos foi transmitido que a chanceler alemã reconhece o papel construtivo que tem sido desempenhado pelo primeiro-ministro português nas mais importantes questões europeias", acrescentou o mesmo responsável do executivo de Lisboa.