A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, entre 19 e 22 de setembro, e surge após os 52,7 milhões de euros e 138,6 milhões de euros disponibilizados à banca nas duas semanas anteriores.
Segundo o documento, consultado hoje pela Lusa, as divisas vendidas – mantêm-se exclusivamente em euros há um ano e meio -, equivalentes a 84,6 milhões de dólares, cobriram as necessidades de vários setores (3,9 milhões de euros), bem como operações do setor das Telecomunicações (8,5 milhões de euros) e de cartas de crédito do BNA para cobertura de operações dos setores da Indústria, Agricultura e Bens Alimentares (39,2 milhões de euros).
Há ainda registo de 2,2 milhões de euros para cobertura de operações de Casas de Câmbio e de 1,3 milhões de euros para as operações das companhias aéreas.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada pelo banco central no final da última semana, manteve-se inalterada nos 166,747 kwanzas por cada dólar e nos 186,301 kwanzas por cada euro, sem mexidas significativas há um ano e meio.
No mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 390 kwanzas.
Angola enfrenta desde finais de 2014 uma crise financeira e económica, com a forte quebra das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
Esta conjuntura levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando nomeadamente as importações.
Além disso, devido à suspensão de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários para compra de dólares desde 2016, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA (euros), como explicou anteriormente o governador do banco central.
“Não poderíamos ter o azar de os bancos correspondentes deixarem de fazer operações em euros. E havia este risco. Já perdemos as operações em dólares. Se perdêssemos as operações em euros era uma catástrofe para Angola, porque Angola deixaria de importar medicamentos, alimentação e todos os outros produtos necessários”, disse Valter Filipe.
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