A última audição da comissão de inquérito ao Banif deu-se hoje com o regresso do ministro das Finanças ao parlamento, numa reunião em que o ambiente aqueceu na reta final, particularmente entre PS e PSD.
A terceira audição de Mário Centeno na comissão parlamentar de inquérito foi a mais curta de todas as do governante: durante três horas o titular da pasta das Finanças apresentou a sua visão dos acontecimentos em torno da venda em resolução do Banif, reiterando o pouco tempo que o Governo teve para resolver um problema que, diz, se arrastava desde o anterior executivo PSD/CDS-PP.
Na reta final da audição, o coordenador do PSD na comissão, Carlos Abreu Amorim, questionou se Centeno podia assegurar que o documento que terá estado na base das notícias da TVI sobre o Banif - na noite de 13 de dezembro - não teria saído do Governo para a estação de Queluz de Baixo.
"Não sei como é que o doutor Sérgio Figueiredo [diretor de informação da TVI] teve acesso a qualquer informação", vincou o governante, acrescentando que os três primeiros rodapés noticiosos da TVI24 nessa noite "não correspondiam à verdade".
"O seu percurso na comissão parlamentar de inquérito tem sido de contradições, indecisões e constantes desmentidos das suas próprias afirmações", disse depois Carlos Abreu Amorim, dirigindo-se a Centeno, a quem acusou de cometer como "pecado principal" a "sonegação de informação" aos deputados.
O ambiente aqueceu nessa altura, em que se abordavam documentos que foram ou não endereçados à comissão parlamentar, com Centeno a declarar que o coordenador do PSD falava de "opiniões" suas ao invés de se reportar a factos.
Depois, Abreu Amorim dirigiu-se ao deputado socialista Eurico Brilhante Dias, após um aparte do socialista - que tem em mãos agora o relatório final da comissão de inquérito.
"Fica mal a um relator prescindir à partida de documentação", disse Amorim, sendo que posteriormente o presidente da comissão em exercício - o deputado do PS Filipe Neto Brandão - apelou a menos apartes entre os parlamentares.
Em 20 de dezembro, domingo ao final da noite, Banco de Portugal e Governo anunciaram a resolução do Banif, a venda de alguns ativos ao Santander Totta e a transferência de outros (muitos deles 'tóxicos') para a sociedade-veículo Oitante.
A operação surpreendeu pela dimensão do dinheiro estatal envolvido, que no imediato foi de 2.255 milhões de euros, o que obrigou a um Orçamento retificativo.
A este valor há ainda que somar a prestação de garantias de 746 milhões de euros e a perda dos cerca de 800 milhões de euros que o Estado tinha emprestado em 2012 e que não tinham sido devolvidos.
No total, e retirando os 150 milhões de euros pagos pelo Totta, os custos para contribuintes podem chegar até 3.600 milhões de euros.
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