"Não escondo que a situação europeia é uma situação que está a provocar nos mercados financeiros uma subida das taxas de juro, porque há incertezas, dúvidas políticas com efeitos económicos e financeiros. Isso não depende de nós. Todos esperamos que haja uma estabilização e uma normalização depois destes picos", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado, que falava aos jornalistas, à saída de uma iniciativa na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, reforçou esta mensagem: "Nós dependemos muito da Europa e dependemos muito do mundo. Se a nível mundial e a nível europeu, sobretudo a nível europeu, houver desaceleração económica e problemas nomeadamente nos mercados financeiros, isso é preocupante para todos".

"Vamos acompanhar os próximos meses para ver exatamente como é que os mercados financeiros reagem", acrescentou.

Antes, o Presidente da República relativizou o abrandamento da economia portuguesa no primeiro trimestre – em que o crescimento foi de 2,1% em termos homólogos e 0,4% em cadeia, desacelerando face ao último trimestre de 2017, segundo dados hoje dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "o primeiro trimestre do ano é sempre um trimestre relativamente fraco – não é em Portugal, é fraco de uma maneira em geral, nomeadamente nas economias europeias – e depois, a economia tende a subir".

Interrogado sobre a situação política em Itália, o Presidente da República escusou-se a falar de "outros países", limitando-se a dizer que "há um dado novo destas últimas semanas" que espera que "não se prolongue para o futuro".

Sobre a atuação da União Europeia para evitar uma nova crise das dívidas soberanas em vários países, o chefe de Estado defendeu que "o Banco Central Europeu tem continuado a agir permanentemente, e teve um papel muito importante no passado, e tem no presente, e terá no futuro, como estabilizador da situação financeira".

"É evidente que há fenómenos que são mais difíceis de controlar, se se prolongarem no tempo. Esperamos todos é que se não prolonguem no tempo", afirmou.

Antes, o Presidente da República encerrou um seminário sobre "Transformação Digital e Mulheres" organizado pela Associação de Mulheres Embaixadoras em Portugal, e lamentou que várias diplomatas deste grupo estejam a ser substituídas por homens, considerando que devia ser ao contrário.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou a mais racionalidade e previsibilidade no plano global e sugeriu temas para os seminários dos próximos anos, como "Educação e mulheres", sustentando que "a educação é a chave".

O chefe de Estado referiu que tem mais 2019, 2020 e 2021 para participar nesta iniciativa da Associação de Mulheres Embaixadoras, mas salientou que no último ano o seminário teria de ser até março, quando termina o seu mandato: "Podemos antecipar, para não me forçarem a recandidatar-me só por vossa causa".

[Notícia atualizada às 14:50]