Numa conferência intitulada “O futuro do trabalho visto pelos jovens”, organizada pelo ISCTE, Marcelo Rebelo de Sousa começou por afirmar que, antes de assumir o cargo, nos seus “últimos anos de professor ativo”, apercebeu-se das “angústias dos jovens”, numa altura em que o debate “já não era naturalmente sobre a qualificação de primeiro grau, era de segundo, de terceiro grau, e depois já se estava ao nível da sofisticação”.

Segundo o chefe de Estado, “ao ritmo a que se processam” essas qualificações, os jovens interrogam-se “onde é que cabem nos sistemas existentes” e considerou que, tanto o “sistema empresarial, como o social ou administrativo”, não têm “conseguido responder às expectativas” da geração mais nova, “porque eles próprios estão largamente desestruturados”.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que a União Europeia, ao implementar o plano de recuperação económica NextGenerationEU, “optou pelas qualificações” e apelou a que, numa altura em que haverá “um escrutínio muito atento da Comissão Europeia quanto aos fundos utilizados”, “a sociedade e a economia mudem à medida das qualificações”.

“Senão o que acontece é que aceleramos nas qualificações e não há capacidade de enquadramento dessas qualificações. Eu não falo apenas de Portugal, falo do quadro europeu: é um duplo desafio”, frisou.

O Presidente da República defendeu que é “importante” olhar para a Europa “não apenas como recuperação, mas como reconstrução”, e pediu que “essa reconstrução do tecido económico e social” seja feita “senão à mesma velocidade, a uma velocidade que não seja muito diferente da velocidade da aposta das qualificações”.

“Tem de ser: os parceiros económicos e sociais têm de perceber isso, as grandes confederações patronais e sindicais, o tecido empresarial, social, as instituições sociais, a administração pública, têm que mudar, para corresponder às expectativas”, indicou.

Marcelo Rebelo de Sousa alertou que, caso não o façam, “uma parte da sociedade”, referindo-se aos mais jovens, “vai projetando exponencialmente as expectativas em função das qualificações que vai adquirindo e que vão subindo no tempo, e outra parte da sociedade vai ter dificuldade em fazer o enquadramento”.

“Não é possível, há um momento em que há um choque, há uma rutura comportamental. E, portanto, mais vale prevê-la, antecipá-la, a ter que ir a reboque dela para a enfrentar em perda”, destacou.

Dirigindo-se especificamente aos jovens, o chefe de Estado apelou a que estes “forcem a porta”.

“É aí que está o vosso papel: o papel dos mais jovens é forçarem a porta. Forçarem fazendo, elevando, lançando, discutindo, criticando, com a maior amplitude possível de vistas, porque numa sociedade que, tendencialmente, é conservadora porque mais envelhecida, há que fazer uma grande força para os fatores de inovação poderem ser sustentáveis”, alegou.

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