“Não há razão para sermos complacentes com os bons resultados, mas devemos definitivamente construir sobre eles”, disse o governador hoje na conferência ‘online’ Financial Stability, lembrando que a zona euro vai passar pela crise pandémica com uma dívida “muito mais alta” e ainda a precisar de recuperar o emprego e descer os níveis do desemprego.
“Ainda muita coisa tem que ser materializada”, disse o antigo ministro das Finanças.
“Espera-se que a trajetória projetada antes da pandemia seja atingida no final de 2023, o que são excelentes notícias. A materializar-se, será algo que nunca aconteceu”, reiterou ainda o governador, lembrando que a zona euro recuperou mais do que o previsto no segundo trimestre de 2021, esperando que continue a crescer rapidamente, ultrapassando os valores pré-pandemia no último trimestre de ano.
Durante a sua intervenção, Mário Centeno referiu que durante a pandemia, o setor bancário tornou-se mais capitalizado e robusto, reagindo nomeadamente com a aceleração digital, com ganhos não só não sua relação com os clientes mas também com remodelações internas que possibilitaram aos bancos de tornarem-se “mais eficientes”.
“O contexto mais favorável que vivemos atualmente e a recuperação prevista da economia não pode fazer os bancos parar com o seu esforço de monitorização. As instituições de crédito devem continuar com uma avaliação de risco conservadora e prudente”, alertou, no entanto, Centeno.
As alterações climáticas foram também referidas pelo governador do BdP como “efetivos riscos à estabilidade financeira”.
O BdP manteve na semana passada a perspetiva de crescimento económico nos 4,8% para 2021, à semelhança do que tinha feito no Boletim Económico de junho.
De acordo com o Boletim Económico de outubro, “a economia portuguesa cresce 4,8% em 2021, aproximando-se do nível pré-pandemia no final do ano”, considerando que “a recuperação da atividade reflete o controlo da pandemia, através do processo de vacinação — com efeitos positivos na confiança dos agentes económicos — e a manutenção de políticas económicas expansionistas”.
Segundo a instituição liderada por Mário Centeno, “em 2021, a economia portuguesa continua o processo de recuperação iniciado no terceiro trimestre de 2020”, considerando que “o choque pandémico revelou-se temporário, não obstante o impacto mais prolongado em alguns setores e empresas”.
Segundo o Boletim Económico do BdP divulgado hoje, “a inflação situa-se em 0,9% em 2021”, uma subida face aos 0,7% projetados em junho.
Os economistas do banco central antecipam que o consumo privado cresça 4,3% este ano, registando-se também uma subida face aos 3,3% projetados em junho.
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