Estas posições foram assumidas pela ex-ministra das Finanças no segundo e último dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2017.
Maria Luís Albuquerque caracterizou como dramática a evolução da economia portuguesa desde 2016, frisando que "todas as devoluções, reposições e reversões" feitas por este Governo "custam dinheiro".
"E sem crescimento só se pode ir buscar o dinheiro ao sítio do costume: Ao aumento de impostos. Agora com manifesta preferência pelos impostos indiretos, que as famílias notam menos e sempre se lhe podem associar intenções piedosas, como pretensas preocupações com a saúde ou a sustentabilidade da segurança social", disse, numa intervenção que recebeu muitas palmas na bancada do PSD e também de alguns deputados do CDS-PP.
Maria Luís Albuquerque atacou também o atual Governo socialista (suportado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda no Parlamento) por proteger determinados grupos sociais do país, colocando em causa uma lógica de primazia ao mérito.
"Este Governo e esta maioria não têm nada para oferecer aos que não estão instalados, aos que não se resignam a um país que consome o que tem e o que não tem para perpetuar dependências e assistencialismo. Não se promove o mérito e a exigência, não se combatem as desigualdades e não se promove a mobilidade social com as medidas deste Governo e desta maioria", declarou.
Mas Maria Luís Albuquerque deixou também avisos sobre a evolução da economia portuguesa, defendendo que a dívida pública "continua a crescer - e até se considera boa notícia o ‘rating’ não descer, quando há um ano a expectativa era de que subisse".
Já na parte de resposta a perguntas dos deputados, Maria Luís Albuquerque deixou um recado algo enigmático dirigido ao ministro das Finanças, Mário Centeno, que em silêncio acompanhava o debate.
A vice-presidente do PSD disse que a diferença dos juros entre Portugal e Espanha, no final de 2015, se limitava a 50 pontos base - diferença que cresceu significativamente ao longo deste ano, apesar da política do Banco Central Europeu.
"Começa a ser difícil ir buscar dinheiro ao mercado. O senhor ministro [Mário Centeno] sabe do que falo", referiu.
No período de debate, a dirigente do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua acusou o anterior Governo de ter optado por desagravar os impostos do IRC, beneficiando as grandes empresas, enquanto penalizou os rendimentos do trabalho.
O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, acusou a ex-ministra das Finanças de "desfaçatez", acusando-se de agora procurar esconder o seu modelo "de empobrecimento e de exploração para enriquecimento de alguns".
Já a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, acusou Maria Luís Albuquerque de ter sido ministra de um Governo que apresentou todos os anos orçamentos retificativos, que agravou a pobreza em Portugal e que procedeu ao maior aumento de impostos.
Maria Luís Albuquerque reconheceu que, na realidade, os seus governos apresentaram vários orçamentos retificativos. E apresentou uma explicação para isso: "Os orçamentos retificativos resultaram de um exercício de transparência quando a realidade evolui de forma diferente face ao previsto".
"Ora, transparência e verdade são coisas que não são para todos e, certamente, para essas bancadas da maioria de esquerda", contrapôs.
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